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Anderson Silva pronto para recomeçar a carreira - e reforçar seu legado

Spider, o melhor de todos os tempos, enfrenta Nick Diaz 'na primeira luta da sua vida'

No momento do impacto - aquele instante horrível quando o osso bate no osso em uma colisão horrível - tudo parou de repente. Uma luta. Uma carreia. Talvez até o futuro.

Anderson Silva deitava no octógono se contorcendo de dor. Isso foi há 13 meses atrás. Certamente, para aqueles que testemunharam, parecia ser o fim.

Silva, com sua perna esquerda quebrada, não podia ficar de pé, mas ele ainda poderia ter deixado tudo para trás. Ele poderia ter se aposentado do UFC, com seu legado intacto, sua marca no esporte intocável. Quem poderia culpa-lo?

Mas teria sido decepcionante. O melhor lutador da história do MMA não vai embora de costas. A carreira de Silva é poética, lírica; nada menos que um retorno triunfal funcionaria.
Anderson Silva e Nick Diaz falam sobre o UFC 183
E assim, tudo aponta para a noite de sábado e o UFC 183, uma forma de renascimento, uma luta de retorno contra Nick Diaz no MGM Grand em Las Vegas que Silva está tratando como sua estréia. De certa forma, é de fato.

“Para mim, essa é minha primeira luta no UFC,” disse ele.

Ele está recomeçando, ou pelo menos tem gosto de um novo começo. Silva está ansioso, não revivendo seu passado - e certamente não a noite em que sua perna esquerda quebrou ao meio ao atingir o joelho de Chris Weidman no UFC 168. “Eu não falo mais sobre isso,” disse ele com firmeza. “Eu estou bem. Eu estou muito bem.”

Ele está? Silva voltou aos treinos há alguns meses, mas descobriu rapidamente que superar seu medo de chutar não seria fácil. Na verdade, sua preocupação era tão grande que procurou um psicólogo para ajudá-lo a afastar seus “fantasmas” - que o medo que o envolvia cada vez que pensava em chutar.

“Eu não sinto nenhuma dor,” disse ele recentemente em entrevista ao Fantástico. “A parte mais difícil é a auto-confiança, para chutar de novo com eu chutava.”

Se ele superou o medo continua sendo uma dúvida. Ele só vai saber ao enfrentar Diaz e comprometer-se a chutar sem se preocupar.

“Minha cabeça está boa,” disse ele na semana passada em Torrance, Califórnia, sede de sua Muay Thai College. “Minha perna está bem.”
Luta Gratuita: Anderson Silva x Rich Franklin

Mas todo irão segurar o fôlego. Silva e Diaz estão propensos a trocar golpes, e as longas pernas de Silva têm sido fundamentais para seu sucesso. A menos que ele possa chutar sem preocupações, seu retorno não estará completo.

“Na minha opinião, é muito difícil voltar de uma lesão como essa,” disse o também lutador brasileiro Lyoto Machida. “O principal efeito é na mente. Às vezes seu corpo pode se recuperar por completo, mas sua mente ainda sente a dor e não tem confiança. Essa é a coisa principal.

“Essa luta vai ser muito importante para o Anderson.”

Esse tipo de lesão não é incomum no esporte. Há trinta anos atrás, o zagueiro do Washington Redskins, Joe Theismann, sofreu uma fratura exposta da perna contra o New York Giants, e nunca retornou. A estrela do Indiana Pacers, Paul George, quebrou a perna direita da mesma forma jogando para a equipe americana em agosto passado. Sua reabilitação tem sido lenta, embora ele espere voltar na próxima temporada.

Conquistando seu medo, e convencendo-se que ele pode chutar sem medo, será o maior desafio de Anderson Silva.

“Há uma barreira mental aí, uma preocupação em sua cabeça de que isso poderia acontecer novamente,” disse Mark Ratner, executivo do UFC. “Primeiramente para lutar você deve ser destemido. Mas superar uma lesão, você deve ser mentalmente forte.”
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Silva claramente é. O presidente do UFC, Dana White, lembrou Silva enquanto na mesa para ter seus ossos alinhados antes da cirurgia, perguntando o quão rápido ele poderia voltar a treinar.

Aposentadoria nunca cruzou sua mente. Mas Kalyl, o filho adolescente de Silva implorou para que ele parasse depois da derrota para Weidman. Ele não via a razão de seu pai continuar a lutar.

“Ele disse, ‘pai, pare. Eu preciso mais de você. Você luta há muito tempo. Por que?’”, lembrou Silva.

“Eu disse, ‘Porque esse sou eu, essa é minha vida. Eu amo lutar. Eu não luto pelo dinheiro. Eu trabalho duro pelo UFC há muito tempo. Eu tenho dinheiro para minha família, eu luto porque eu amo.’”

O esporte o deixou rico e imensamente popular no Brasil, onde foi escolhido número 27 em uma lista das 100 celebridades mais importantes pela Forber Brasil. Em um país dominado por estrelas do futebol, cantores e personalidades da TV, é uma afirmação da imensa popularidade de Silva.
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“Ele é um caro único,” disse Machida. “Os fãs brasileiros adoram seu estilo.”

Suas lutas tornaram-se grandes eventos no calendário brasileiro, e a luta contra Nick Diaz certamente terá milhões de fãs sintonizados. O lutador brasileiro do UFC, Alan Nuguette, lembrou a primeira luta de Silva contra Chael Sonnen, no UFC 177, quando Sonnen o dominou durante quatro rounds antes de perder por finalização.

Nuguette, que morava em Manaus na época, disse, “Todos ficaram loucos. Era como a final da Copa do Mundo.”

Mas nada ameaçará a popularidade de Silva, apesar que uma derrota para Diaz seria a terceira consecutiva após sucessivas derrotas para Weidman, se isso acontecer, um plano de lutar pelo título dos pesos médios seria estragado.

Mas se Silva vencer Diaz e Weidman defender seu cinturão contra Vitor Belfort no UFC 184 em 28 de fevereiro no Staples Center em Los Angeles, uma revanche Silva-Weidman seria o próximo passo.

“Se ele vencer Diaz, você tira uma coisa do caminho,” disse White. “Como ele se sentiu? Como ele estava? Ele usou aquele chute? Ele estava confortável? Isso lhe daria a confiança para decidir.”

Mas aqui está a questão: Silva, a três meses de completar 40 anos, disse que ele não precisa do cinturão.

Em sua entrevista com o Fantástico, ele disse, “Eu já passei essa coisa de ser campeão, de ter o título. … De certa forma, você vai me ver (lutar novamente), mas não para o cinturão, essa coisa de ser campeão de novo. Eu não tenho paciência para isso. Eu acho que estou mais perto da aposentadoria a cada dia.”

Ele pode ter falado por emoção, sua mente ainda não equilibrada depois da lesão. Na semana passada, ele disse que espera lutar mais cinco anos. Ele tem com um contrato de 10 lutas com o UFC e oito lutas restantes.

Perguntado na semana passada sobre recuperar seu título dos médios, Silva disse, “Eu não sei. Esta é uma boa pergunta. Se Dana me der uma chance pelo cinturão, eu lutarei pelo cinturão.” Apesar de sua inatividade prolongada, ele permaneceu como o desafiante número 1 do UFC.
- Joe Rogan e a importância de Anderson Silva

Até agora, sua preparação tem sido excepcional. Se o tempo parado fez algo, pode ter renovado sua energia e determinação. A sangue de luta está de volta em seus olhos. Ele está sorrindo novamente.

“Estando por perto do Anderson, ele está mentalmente de volta ao que era quando começou,” disse seu empresário de longa data, Ed Soares. “Ele está muito feliz, ele está muito motivado. Ele tem as pessoas certas ao seu redor. Ele termina os treinos com um sorriso no rosto.”

Mas muito depende de seu desempenho contra Diaz, a quem White chama de “um dos mais malvados, desagradáveis adversários no esporte.” Vença de forma impressionante, e Silva com certeza irá sinalizar seu retorno.

Tenha uma luta dura - ou pior, seja derrotado - e seu futuro será incerto.

Ele terá de ser o antigo Anderson Silva - com todos os socos e chutes, sempre na ofensiva, continuamente imprevisível - para convencer seus fãs que está de volta.

“Quem sabe o que ele irá fazer?” disse o analista do UFC, Joe Rogan. “Nós não saberemos o que está acontecendo com Anderson até que ele entre lá. Mas eu vi vídeos dele chutando no treino, eu o vi chutando o saco, eu o vi fazendo sparring, tanto apoiando na perna quando chutando com ela.”

Se for esse o lutador que entrar no octógono, irá marcar um novo dia para o UFC e um novo dia para o Spider. Mas não importa o que aconteça, seu legado não será afetado.

“Já está cimentado,” disse White. “Mas se ele voltar, vencer essa luta, recuperar o título novamente, o leva para outro nível. É mais uma daquelas grandes histórias. Se você estivesse assistindo um filme da vida de Anderson Silva, seria mais uma parte incrível de sua vida.”
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Mais que um orgulhoso, confiante lutador se contorcendo de dor e incapaz de se levantar. Até Silva pode reconhecer isso.

“Para minha carreira, é o melhor,” disse ele. “Anderson está de volta e recupera o cinturão. Perfeito.”