Brasileiro de 29 anos faz sua primeira luta no octógono no UFC 212
Dizem que crianças devem sonhar alto, mas ninguém poderia prever que Marlon Moraes, então aos nove anos de idade, e Edson Barboza, de 11 anos, um dia seriam lutadores do UFC realizando seus sonhos bem longe de sua cidade natal, Nova Friburgo.
Mas aqui estão eles: Barboza, um dos melhores pesos-leves no plantel e Moraes, peso-galo escalado para fazer sua estreia no octógono contra Raphael Assunção no UFC 212, dia 3 de junho.
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Lá atrás, no entanto, eles eram apenas crianças e mal sabiam o que o dia seguinte traria. Porém, conforme os anos se passaram, ficou claro que lutar seria o caminho de suas vidas. E não foi um caminho fácil.
“Lembro de sentarmos no vestiário quando eu devia ter uns 17 anos e ele 19 e estávamos lutando em outra organização”, lembra Marlon, “E estávamos falando, ‘Cara, o que estamos fazendo? Estamos fazendo o que sonhávamos, mas é difícil’. Mas então falamos, ‘Sim, é difícil, mas um dia com certeza vai dar certo’”.
Eventualmente, Edson saiu do Brasil para buscar a glória nos Estados Unidos, e Marlon foi atrás.
“Quando ele mudou para cá, muitas pessoas ficaram chateadas por ele sair”, contou Marlon, “Ele estava vivendo o sonho, mas muita gente o queria por perto, mas eu soube assim que ele chegou aqui que a porta se abriria. Então ele abriu a porta para mim, e quando estava na Flórida, ele me deu a chance de vir aqui dar aulas”.
Os dois logo começaram a chamar atenção na cena do MMA, e, em 2010, Edson estava no UFC. Marlon, que fez suas seis primeiras lutas no Brasil, teve dificuldades em seus primeiros combates nos Estados Unidos, e ao fim de novembro de 2011, seu cartel era apenas 5-4-1.
O motivo era simples, e foi somente quando ele foi para Nova Jersey treinar com Ricardo Almeida e Mark Henry que Marlon encontrou a solução e se tornou um dos melhores pesos-galo do mundo.
“Eu era apenas um lutador naquela época”, explicou, “Eu tinha o instinto de lutador - queria matar, queria liquidar os caras. Com o tempo, tenho me desenvolvido. Sou muito grato ao Mark Henry, ao Ricardo Almeida, ao Frankie Edgar. Esses caras me ensinaram muito sobre MM, sobre como entrar lá e arriscar na hora certa e aproveitar o que a luta oferece. Sinto que agora sou um artista marcial misto. Antes, eu era um lutador. Diria que um artista marcial misto com um lutador dentro de si é muito perigoso. Alguns são lutadores e alguns são artistas marciais mistos. Eu tenho juntado os dois”.
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Marlon nunca mais foi derrotado desde esse revés em novembro de 2011 contra o veterano do WEC, Deividas Taurosevicius. Após esta luta, ele somou 13 vitórias consecutivas, oito delas por nocaute ou finalização. Então, quando o campeão de longa data do World Series of Fighting ficou sem contrato, os fãs deixaram claro que queriam vê-lo no octógono, e ele terá essa chance no Rio de Janeiro contra o atual terceiro colocado no ranking dos galos, Raphael Assunção.
“É o momento perfeito para tudo - oponente perfeito, evento perfeito, dia perfeito”, disse, “Me sinto ótimo agora e acho que estou pronto para o desafio. Não quero apenas vencer. Quero ir lá e ter a melhor performance da minha vida. Sei que, se fizer isso, a vitória será consequência”.
Aos 29 anos, Marlon chega ao UFC em seu auge e abraçado por nomes como Barboza, Frankie Edgar e Eddie Alvarez, que exigem seu melhor nos treinos. Isso faz com que a ansiedade de lutar pela primeira vez no UFC seja bem menor, mas, de acordo com Moraes, tal coisa nem existe.
“É apenas uma luta, é isso que está na minha cabeça”, disse, “É mais uma luta, mais um dia e um grande oponente. Isso é o que eu queria e isso é o que eu havia pedido. Agora eu recebi, e preciso ir lá e lutar. Quando a porta do octógono fechar, seremos eu ele. Não importa onde estamos lutando, em qual organização, estou pronto para o desafio”.
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Falando, parece fácil.
“Não é fácil, mas quando você está pronto para algo, você não sente medo. Você sabe que pertence lá e sabe do que é capaz. É por isso que estou à vontade. Estou empolgado e mal posso esperar para minha estreia no dia 3 de junho, para mostrar a todos quem é Marlon Moraes e o que sou capaz de fazer dentro do octógono”.
Se continuar no caminho em que está, Marlon será imediatamente um dos principais nomes na divisão peso-galo, e, graças a seu estilo empolgante, terá uma infinidade de confrontos interessantes pela frente. Eu digo que posso pensar em 20 boas lutas para ele e ele ri.
“Tenho 20 boas lutas lá e, se possível, quero fazer as 20”, disse, “É claro, meu objetivo é o cinturão, mas farei o que for preciso para chegar lá. Quero lutar com todo mundo e um dia sentarei, assistirei e direi, ‘Eu lutei com esse cara, com esse cara e com esse cara. Lutei com todos esses caras’. É isso que eu quero fazer”.
E quando tudo acabar, ele terá um compromisso com seu amigo Barboza.
“Acreditamos nesse esporte e estamos fazendo o que amamos”, disse Marlon, “As coisas aconteceram muito rápido para nós, e agora ele é um dos melhores, eu sou um dos melhores e mal posso esperar para que tenhamos cinturões do UFC. Acho que quando ambos tivermos os cinturões, vamos voltar, sentar juntos e dizer ‘Olha o que conquistamos’”.
