Brasileiro busca a sexta vitória seguida no dia 22 de setembro
Estava tudo certo para que Antônio “Cara de Sapato” encarasse Derek Brunson no UFC 227, no último dia 4 de agosto, até que uma lesão no olho do norte-americano o obrigou a deixar o card - e o brasileiro sem adversário.
Esta é a versão oficial dos fatos, mas Cara de Sapato tem suas dúvidas sobre o que realmente aconteceu.
"Cinco semanas antes do evento, ele disse que tinha uma pequena lesão e já quiseram remarcar para o dia 22 de setembro no Brasil, e eu achei estranho, porque ele disse que tinha sido uma pequena lesão, e achei que daria tempo de se recuperar, mas falei 'Perfeito'”, disse o paraibano em conversa com a reportagem do UFC Brasil, “Da época em que ele se machucou até 22 de setembro seriam três meses, mais do que suficiente para se recuperar e treinar”.
“Pouco tempo depois, falaram que ele não estava apto a treinar por essa lesão no olho, que eu não sei exatamente o que foi, e ele começou a desafiar o Adesanya. Achei tudo muito estranho e fiquei chateado. Ele disse que estava com uma lesão no olho, mas eu acho que não estava querendo me ver”, acusou Antônio, “Ele perdeu três das últimas cinco lutas e está buscando uma luta fácil. Eu quero lutar, então estava aceitando qualquer luta para manter o ritmo porque acho que isso é importante. O Brunson é um frouxo. Fiquei bravo com isso porque achei que é mentira da parte dele".
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Independentemente de quem estiver com a razão, o fato é que “Sapato” e Brunson tomaram caminhos diferentes.
O norte-americano vai mesmo enfrentar Israel Adesanya no UFC 229, dia 3 de novembro, enquanto o brasileiro entrará em ação no UFC São Paulo, em 22 de setembro, contra Elias Theodorou, atual número 14 no ranking dos pesos-médios.
“Todo desafio é importante”, disse Antônio, número 11 na divisão, sobre encarar um oponente menos ranqueado, “Queira ou não, me faz continuar lutando, manter meu ritmo e isso é ótimo para mim. Lembro como era importante no jiu-jítsu e agora a mesma coisa, principalmente porque no MMA se luta bem menos. Em um campeonato de jiu-jítsu, eu fazia 10 lutas, e no MMA você luta uma vez por noite e duas, três ou no máximo quatro vezes por ano. Manter o ritmo, a sequência de vitórias e vitórias convincentes como venho tendo, com quatro finalizações nas últimas cinco, mostra que estou preparado para desafios bem maiores e é isso que eu quero. Qualquer um da categoria que vier pela frente, sei que estou pronto".
As cinco vitórias consecutivas de Cara de Sapato o colocam como o segundo atleta com a maior sequência invicta da divisão atualmente, atrás apenas do campeão Robert Whittaker, com oito.
Elias também vive bom momento no Octógono. O canadense de 30 anos venceu seus últimos dois compromissos, tem quatro triunfos nas últimas cinco lutas e nunca foi nocauteado ou finalizado na carreira - algo que o brasileiro está confiante de que poderá mudar.
“Eu sempre entro para lutar três rounds, mas a gente vai achando as oportunidades e não quero desperdiçar. Tenho tudo para conseguir finalizar essa luta e é isso que eu quero”, disse, “Estou indo para lutar os três rounds, mas é muito provável que fique pelo meio do caminho e que a gente saia com mais uma finalização".
E se não foi possível enfrentar o adversário que queria, na data em que queria, Cara de Sapato, que hoje vive com a esposa na Flórida, pode se “consolar” no fato de voltar ao seu país natal em uma época particularmente especial.
"Sempre gosto de lutar no Brasil. É uma energia diferente. Você vê a galera vibrando, gritando seu nome, aquele 'Uh vai morrer", me sinto muito bem”, disse, “É bom porque consigo rever os amigos, a família. Cinco dias após a luta vai ter o nascimento do meu sobrinho, então vou fazer parte desse momento também. Eu moro aqui (nos Estados Unidos), mas o Brasil é minha casa. Sinto muita falta de tudo que fazia parte da minha vida, então fico muito feliz de ter a torcida ao meu favor e sentir a energia de todos no ginásio. É uma força a mais".
Caso passe mesmo por Theodorou e chegue à sexta vitória seguida no Ultimate, Cara de Sapato acha que conhecerá seu próximo adversário no UFC 230, dia 3 de novembro, quando, além de Brunson e Adesanya, outros quatro pesos-médios ranqueados já estão confirmados: Yoel Romero, contra Paulo Borrachinha, e David Branch, contra Ronaldo Jacaré.
"Quero desafios, quero lutar com quem está lá na frente. O Jacaré, dessa turma, é o único que eu não quero lutar, por estar representando meu país e também a minha arte, que é o jiu-jítsu. Desses caras, é o único que eu realmente respeito e não quero lutar”, disse, "Espero que na minha luta eu não me machuque, que não tenha nenhuma lesão que me impossibilite de lutar em 3 de novembro, porque quero estar pronto para pegar alguma vaga. Não vou só tapar buraco, vou chegar para mostrar que estou pronto para brigar por um cinturão muito em breve".
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