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Papo Técnico: As variantes táticas de Jones contra Glover

Campeão foi dominante na vitória sobre Glover Teixeira

Jon Jones dominou Glover Teixeira no UFC 172 e segue soberano nos meio-pesados. O campeão novamente adotou estratégia baseada no poder de alcance da envergadura de 2,15 m, recurso  peculiar e que ainda é o grande segredo a ser desvendado por qualquer tipo de adversário.

As principais características do norte-americano novamente estiveram em ação: chutes laterais e frontais no plexo, pisões no joelho, cotoveladas brutais, trocas constantes de base, controle total no volume de golpes. Mas algumas variantes técnicas interessantes foram apresentadas neste contexto. A seguir.

Próximo e letal
Grosso modo, o último golpeador truculento que Jones havia enfrentado no octógono foi Rampage Jackson, na edição 135. Na ocasião, o campeão usou e abusou de chutes e manteve-se na longa distância até cansar o adversário e aproveitar uma deixa para finalizá-lo com um mata-leão.

Melhor física e tecnicamente do que Rampage, Glover Teixeira representava perigo muito mais real. Inicialmente, Jones dosou a performance entre a média e longa distância. Os Jabs funcionaram com eficiência neste sentido, aproveitando a postura essencialmente frontal que Glover usava para entrar no raio de ação.  

Jones passou a encaixar melhor o jogo de abafa contra as grades e ‘fatiou’ com as famosas cotoveladas a partir do terceiro assalto, quando o brasileiro começou a perder o controle da movimentação e passou a recuar (fato um tanto raro até então).  

Terror no clinch
Controlar os braços dos oponentes em clinches ou no solo é fórmula mais que característica no estilo de Jones.

A intenção é sempre deter ataques e cansar os oponentes, que têm de fazer força contrária contínua para se livrar, além de abrir espaço para as cotoveladas.
Sabendo do perigo que o boxe de Glover apresentava na curta distância, com uppercuts e cruzados demolidores, duas variações foram usadas pelo campeão nos momentos em que encurralou contra as grades.

1 - Agarrou os pulsos do brasileiro e manteve seus braços baixos, para dificultar a troca de ‘esgrimas’ e também facilitar o deslizar do braço para aplicar cotoveladas em diversos ângulos. 

2 - Travou o braço do adversário na altura do tríceps, recurso comum nas modalidades em pé, como boxe ou kickboxing. No primeiro assalto, Jones ainda torceu fortemente (e dolorosamente) o braço do oponente para dentro, em uma variação livre da técnica rudimentar de jiu-jitsu conhecida como ‘mão de vaca’. Pouco depois, sobrou ainda uma ombrada inusitada que atingiu Glover em cheio.

Mão na testa
Pense rápido. Você devia fazer isso com seu irmão mais novo, certo? Esticar o braço, colocar na testa e assim deixar ele socar o ar repetidamente sem chance de atingir alguma coisa.

No boxe das antigas, isso era considerado a forma mais sacana de exercer superioridade sobre os adversários. Com o misto de irreverência e contundência sempre em dia, Muhammad Ali era dos mestres no quesito.

Em quase todas os combates, Jones costuma esticar o braço da frente (da posição de luta) para cravar distância segura e quebrar investidas mais bruscas do outro lado. Contra Glover, usou mesmo recurso e pousou a mão na testa do adversário várias vezes.

A técnica se torna arriscada por causa das luvas abertas do MMA, e que, por duas vezes, ocasionaram dedos nos olhos (proibidos pelas regras).

A ideia foi usar os braços longos para criar uma barreira momentânea, atrapalhar o timing de avanço e dos jabs de Glover, que pouco angula lateralmente para encadear ataques. Este teve de se preocupar primeiro em tirar a mão de Jones da cabeça para tentar algum soco, o que o deixava mais previsível.