Pular para o conteúdo principal
/themes/custom/ufc/assets/img/default-hero.jpg

Leitura de luta: Machida x Weidman, batalha tática (e campal)

 

Um Chris Weidman taticamente consciente, e um Lyoto Machida repleto de técnicas recicladas. Assim foi o lutaço principal do UFC 175: cheio de peculiaridades interessantes. Abaixo, mais uma análise livre sobre alguns fatores técnicos que definiram vencedor e perdedor.

Movimentação

Saber mover-se adequadamente é um dos primeiros itens da lista de sobrevivência quando se tem pela frente um cara tão elusivo quanto Machida. Weidman foi calculista neste sentido desde o início. O primeiro passo foi cercar o brasileiro contra as grades do octógono e pressioná-lo gradativamente.

O carateca foi inteligente em alternar saídas constantes para a esquerda e direita, e assim destruir os ângulos que o adversário buscava para atacá-lo. No geral, vimos Machida mais acuado do que o de costume e buscando 'cortar' espaços no octógono de forma mais confortável, o que configurou novidade técnica interessante. 

Sem tanto espaço para aplicar golpes retos (como diretos e chutes frontais), nem conseguir encadear sequências de cruzados nas trocas mais francas - uma falha técnica na maioria dos caratecas de origem -, Machida foi golpeado para valer em pelo menos três momentos nos cinco assaltos e sofreu com quedas pontuais do campeão a partir da terceira parcial.

Iscas

Quando temos um wrestler de origem no octógono, o esperado é que o golpes em pé sejam executados de forma mais dinâmica, para facilitar e abrir espaços para clinches e tentativas de queda.

Weidman surpreendeu com alguns chutes nos primeiros assaltos. Mesmo sem executar técnicas com a mesma habilidade dos strikers de elite, mostrou novo recurso para cadenciar o combate sufocar o adversário de forma segura.

O campeão seguia com fintas e cercava sucessivamente. Quando Machida estava encurralado e esboçava sair lateralmente, Weidman colocava dois ou três golpes e imediatamente jogava o corpo para trás, escapando raio de ação, e evitando assim dar margem para os famosos contra-ataques do oponente.

Machida só conseguiu ser um contragolpeador incisivo como de costume no quarto assalto, quando pegou o tempo de pelo menos quatro chutes de Weidman, fez a passada 'dentro' dos golpes, e obrigou o adversário engolir diretos de esquerda.

Mão com mão, braço com braço

Como a posição canhoto (Machida) x destro (Weidman) causa o ‘problema’ dos punhos e pernas da frente espelhados entre os lutadores (ficam quase constantemente em contato), é preciso adaptar toda angulação para aplicar os golpes.

Machida é um expert no assunto. O cacoete de tocar repetidamente o punho da frente do adversário para buscar aberturas na guarda é típico do caratê, e mais uma vez foi visto em diversos momentos contra Weidman, mas nem sempre surtiu o efeito desejado. 

Com o cansaço inerente nos dois lados, os lutadores passaram a tocar ambas as mãos simultaneamente diversas vezes, de forma semelhante a que fazem muitos lutadores do muay thai tradicional.

Weidman capitalizou melhor as vantagens nesses momentos. Aproveitou para desenhar clinches e aplicar joelhadas. O lance mais doloroso veio quando deslizou um dos braços e aplicou forte cotovelada de encontro, que explodiu no queixo de Machida e quase o nocauteou.