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Ngannou prevê uma das lutas "mais fáceis" da carreira contra Miocic

Camaronês desafia norte-americano pelo cinturão dos pesados no UFC 220

A história de Francis Ngannou continua neste sábado quando ele desafia Stipe Miocic pelo cinturão dos pesos-pesados na luta principal do UFC 220 em Boston, mas não há motivos para que ele não possa olhar momentaneamente para trás e pensar no que passou até chegar aqui.
“Quando comecei essa jornada nove anos atrás, ninguém acreditava em mim, ninguém mesmo”, disse, “Todos diziam, ‘Cara, isso é loucura. Você não é capaz de fazer isso. Você não vai ter sucesso’. E eu fiz minhas coisas sozinho porque sempre acreditei. Mesmo quando estava na situação mais difícil que já passei na minha vida, ainda sentia, ainda acreditava que seria campeão mundial. Tem algo em mim que sempre me disse que eu seria, que eu sou especial”.
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Ao longo de 11 vitórias em 12 lutas profissionais, uma campanha que inclui um cartel perfeito de 6-0 no UFC, Ngannou provou ter um talento especial para esse esporte. Mas o engraçado é que os sonhos do camaronês de se tornar campeão mundial não tinham nada a ver com as artes marciais mistas. Na verdade, se ele tivesse seguido os planos de quando foi de Camarões à França, ele estaria discutindo lutas contra Anthony Joshua e Deontay Wilder agora.
“Artes marciais mistas não eram meu objetivo e eu não prestava atenção quando as pessoas diziam que eu havia nascido para isso, que deveria fazer esse esporte, que era feito para ele. Eu dizia ‘Não é meu problema. Quero ser boxeador’”.
O atleta de 31 anos hoje ri disso, porque a vida caminhou em uma direção diferente quando ele chegou em Paris sem um lugar para ficar, amigos ou qualquer coisa além de um sonho de se tornar o próximo Mike Tyson. Por sorte, ele conheceu caras como Didier Carmont, que moldaram seu talento cru e o ajudaram a conseguir seu primeiro apartamento na nova cidade, e, depois, Fernand Lopez. Juntos, os dois convenceram Ngannou de que tão bom quanto ele era com as mãos, se explorasse suas habilidades, poderia se tornar campeão peso-pesado do UFC.
“Eu disse, ‘OK, o que vou fazer com o cinturão do UFC? Não estou interessado nisso”, lembra, “Hoje, estou aqui, trabalhando por esse cinturão”.
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Entre essa época, quando ele decidiu dar uma chance ao MMA e hoje, passaram-se apenas quatro anos, um período extremamente curto para alguém que pode ter o título do UFC na manhã de domingo. Mas como disse Ngannou, ele era especial, e após algumas lutas de MMA e alguns cheques, o esporte cresceu dentro dele.
“Foi interessante, vamos fazer isso. Preciso desse dinheiro”, conta ele, rindo, falando sobre as primeiras lutas. Mas mesmo após um início de carreira com cinco vitórias em seis lutas, quando Lopez lhe entregou o contrato do UFC em 2015, Ngannou não teve a reação que o treinador imaginou que ele teria.
“Você não está empolgado?”, perguntou Lopez.
“Sim, estou empolgado”, respondeu Ngannou, “O MMA me deu a oportunidade, então vamos lá. Se eu trocar de esporte, vou manter meu objetivo de me tornar campeão mundial e ser o melhor”.

Suas seis lutas seguintes no octógono não poderiam ter sido melhores, e ele nocauteou ou finalizou seus seis adversários, quatro no primeiro round. Em suas duas últimas lutas, ele nocauteou o ex-campeão do UFC Andrei Arlovski e o ex-campeão do Strikeforce, DREAM e K-1 Alistair Overeem. O mundo embarcou no “Expresso Ngannou”.
“É algo natural”, disse sobre seu apelo com os fãs, “Apenas faço o que tenho que fazer e isso empolga e diverte as pessoas”.
Isso também dá a todos os pesos-pesados um momento de pausa, porque esse é um lutador que tem um legítimo poder de nocaute. Houve quem duvidasse, mas Ngannou não diminuiu sua crença, e até avisou o veterano Overeem antes da luta de que ele iria dormir.
“Eu sabia que aconteceria”, disse sobre a vitória em dezembro, “Não tinha como ele não dormir. Eu sabia que se conectasse, ele cairia. Vai ser o mesmo com Stipe”.
Palavras ousadas, mas Ngannou está seguro delas, mesmo se preparando para enfrentar um campeão que conquistou o posto de melhor da categoria e que também é um grande nocauteador.
“Stipe é ótimo como campeão peso-pesado, mas isso era antes de mim”, disse Ngannou, “Na França, dizemos que em terra de cego, quem tem um olho é rei. Mas quando as pessoas com dois olhos chegam, aquele cara com um olho só cai”.
“Não será a luta mais difícil da minha carreira”, continuou, “Ele (Miocic) talvez seja uma das mais fáceis da minha carreira e a mais difícil da dele”.

Mas e a sequência de vitórias de Miocic e sua confiança de que defenderá o título neste final de semana?
“Stipe pode acreditar no que quiser”, disse Ngannou, “Alistair também acreditava, mas no fim do dia, teremos o resultado e sabemos quem é o chefe”.
Será Ngannou o novo chefe? Saberemos no sábado. Até lá, Ngannou vai absorver tudo isso e se lembrar de que o destino tem um jeito engraçado de mudar a direção da vida.
“As coisas acontecem muito rápido e às vezes eu não percebo o quão rápido passaram”, disse, “É estranho, porque às vezes ainda me vejo como aquele cara de quatro anos atrás, dizendo que não posso fazer isso ou aquilo. E então, sim, você pode”.
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