Frankie Edgar - Vivendo os sonhos

Se Frankie Edgar não mudou muito - na verdade, não mudou nada - desde a conquista do título dos leves do UFC contra BJ Penn, em abril, não é difícil entender o porquê.       

Recentemente, em meados de 2007, antes de seu terceiro combate no UFC, contra Spencer Fisher, os dias de Edgar não eram preenchidos com o treinamento, entrevistas, fotos e tempo com a família. Eles estavam cheios de treinamento, entrevistas, sessões de fotos, tempo com a família e turnos completos como encanador.      

Necessário, sim. Glamoroso, não.       

"Eu tinha que estar na loja às 7:00 da manhã, deixava o trabalho em torno de 15:30 e eu ainda dava aulas de wrestling no momento, então eu ia dar aulas e depois ia treinar à noite 19:00-21:00," Edgar disse de seus dias pré-cinturão. "Eram dias muito cheios e difíceis".  
    Ele ri.       

"Eu aprecio muito mais o estilo de vida que tenho agora".       

Mas, na época, Edgar, com apenas 2-0 no UFC e 7-0 no geral, era um novato, a perspectiva de Nova Jersey tentava fazer um nome nas grandes ligas. Em casa, era esperado que ele acabasse assumindo a empresa de encanamento do seu pai, mas ele não tinha exatamente nessa idéia. Ele recorda de uma conversa com um de seus colegas mais velhos no trabalho.  
    "Ele disse, 'Volte para a escola, voltar para a escola. Ou o que você realmente quer fazer? ' Eu disse a ele que realmente queria era é lutar para viver. Ele disse vá fazer isso. Mas eu realmente não sabia se isso iria acontecer comigo".     

Pouco antes da luta com Fisher, Edgar tinha finalmente chegado ao cruzamento derradeiro. Ele tinha acabado de ir para o sindicato, e quando isso acontece, o que se segue são aulas à noite para aprender sobre o que envolve negócio. Ele tinha que tomar uma decisão, e todos nós sabemos qual foi.       

"Eu disse ao meu pai que ia me dedicar à luta. Foi quando eu fiquei totalmente comprometido".      Totalmente dedicado ao esporte, Edgar bateu Fisher por decisão diante dos fãs de Nova Jersey no UFC 78, em Newark. Então, a idéia de lutar por uma carreira e se tornar um campeão do mundo começou a se tornar uma realidade.       

"Após o Spencer Fisher, eu meio que dominei aquilo e eu estava tipo, 'eu posso fazer isso'. Então eu lutei com caras como Hermes Franca, e o venci, em seguida, Sean Sherk, que foi o campeão, e o venci. Cada luta era uma preparação para a próxima, a competição ficou ainda melhor e eu comecei a acreditar. Eu disse, se esses caras estão fazendo isso, eu posso também".    
   Com o seu talento, treinamento integral e determinação, Edgar estava então no lugar certo. Mas, voltando à premissa original, a capacidade dele de continuar a mesma pessoa que era quando começou. Quando você tem esse tipo de trabalho de natureza ética e realista, nada muda além do limite bancário. Isso, e o fato de que sua equipe não vai deixá-lo viajar sobre tudo o que se realiza.    
   "Minha equipe me ajuda a ficar focado. Em casa, eu tirei uma semana de folga e depois voltei aos treinos. O meu treinador de boxe (Mark Henry) é louco (risos) - me mandando sms às três da manhã, com coisas que eu preciso treinar e ele esta sempre em cima de mim, isso é provavelmente o maior fator, as pessoas ao meu redor me ajudam permanecer focado e isso só tem melhorado. O título é obviamente uma grande realização, mas é o que você precisa para melhorar como lutador, e então crescer o máximo possível".       

Isso teve que ser difícil, porque em Abu Dhabi em abril, Edgar - um grande azarão - derrotou Penn em uma luta quase perfeita. Quando você consegue um feito como esse, como superar isso na revanche da noite de sábado?       

"É difícil", admite. "Às vezes, nem sempre é o melhor lutador que ganha, é quem se apresenta melhor, eu acho que o melhor Frankie Edgar apareceu naquela noite, então vai ser difícil repetir. Mas o meu maior problema sempre foi conseguir uma melhor articulação entre cada luta e tentar ser um lutador melhor do que fui na última vez. Então não estou preocupado em fazer o mesmo tipo de luta, eu só estou vendo se consigo bater o Frankie Edgar do dia 10 de abril".      
  E não assistir o seu maior momento no MMA repetidas vezes ajuda.       

"Eu não tenho visto muito", disse ele. "Eu recentemente assisti um pouco com o meu treinador de Boxe e os meus parceiros de treinos para ter uma estratégia e material para treinar, mas para auto-satisfação e coisas assim, não é meu negócio".    
  Então nada de intermináveis repetições de Edgar-Penn nos televisores da sua casa?       

"Pode ser na loja do meu pai", ele ri. "Ele pode estar mostrando a todos, mas não para mim".       Esse é Frankie Edgar - de fala fácil, pés no chão e que não tem medo de compartilhar uma gargalhada ou duas. Porém, derrotando Penn e as probabilidades para conquistar o cinturão, esse cara legal chamado Edgar teve pouco tempo para usufruir do feito.       

"Acho que recebi um telefonema do (presidente do UFC), Dana (White), na segunda-feira quando voltei de Abu Dhabi, pedindo para lutar com o BJ, então eu realmente não tive a oportunidade de apreciar o título. Mas é legal, e é muito bom para mim porque me ajudou a ficar focado".  
    E quanto a Penn ter uma revanche imediata tão rápida, Edgar não tem nenhum problema com ele.       "Sabendo da aura que BJ tem e quanto tempo ele está no topo da divisão, não fiquei surpreso - eu esperava", ele disse, antes de ser perguntado se ele se sente como se fosse Frankie Edgar contra o mundo.       

"Eu gosto disso desse tipo de coisa, o mundo contra mim. Isso só me motiva a trabalhar duro e ficar melhor. Por isso, foi legal. Se alguém merece uma luta de título imediata, é BJ. Ele tem dominado essa divisão por anos e é um bocado difícil de dizer 'tudo bem, quem é o próximo?' Porque ele tem feito muito".      
  Depois de sábado à noite, porém, se Edgar mantiver o seu título, provavelmente haverá uma chance para finalmente respirar, desfrutar a costa de Jersey com a esposa e os dois filhos, e estabelecer seu papel como campeão ... pelo menos por um pouco.  
    "Eu acho que vou poder dar um passo atrás e talvez tomar fôlego por um segundo", ele sorri. "Mas veja quantos caras existem nesta classe de peso. Eu não acho que vou ter muito tempo para respirar".