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Com o passado para trás, Rousimar 'Toquinho' só quer lutar

"Eu não posso dizer se sou um dos melhores da divisão. São os fãs, o evento e a imprensa que devem dizer. Eu me preocupo sem ser um lutador. Evento principal, luta preliminar, não importa, eu só quero lutar". 

  "Eu não posso dizer se sou um dos melhores lutadores da divisão. São os fãs, a imprensa e todo o resto que devem dizer. Eu me preocupo sem ser um lutador. Evento principal, luta preliminar..não importa..eu só quero lutar".     Qual a diferença entre bons e maus? Normalmente isso se define com atitude. O que um cara faz da sua vida e como faz é o que separa os bons dos arrogantes, os trabalhadores dos preguiçosos, os confiáveis dos mentirosos, etc.    Pergunte a qualquer pessoa que conhece Rousimar 'Toquinho' Palhares e eles irão dizer que ele é um dos garotos. Mas tem vezes que uma imagem vale por mil palavras e ficou fácil julgá-lo de forma negativa depois da sua luta pelo UFC 111, em março. Na ocasião, o cara humilde, bom e religioso se transformou ao segurar uma finalização sobre Tomasz Drwal mais do que o tempo necessário, fazendo seu oponente bater várias vezes em agonia.    A atitude lhe custou uma suspensão de três meses, críticas da imprensa e dos fãs e uma imagem negativa que ninguém nunca esperava dele. Com isso, a homenagem que ele tentou fazer para o sogro do seu irmão, que havia falecido antes da sua luta - ele entrou com uma foto estampada na camisa -, passou despercebida. A reação abalou o brasileiro.    "Eu sou a mesma pessoa dentro e fora do Octógono. Eu nunca faria algo cruel daquela forma. As pessoas que me conhecem sabem que eu apenas segurei até que o árbitro me tocasse para parar. Eu estava lutando, da mesma forma que Drwal estava, e não precisamos machucar ninguém para mostrar que somos melhores ou vencedores.    "Se metade do que as pessoas disseram fosse verdade, eu jamais teria alcançado tudo que conquistei até hoje. Ninguém chega até esse lugar com a mentalidade de machucar um colega sem necessidade. Esse é meu emprego e precisamos dele para viver. Eu amo lutar e sei que meus oponentes compartilham desse sentimento".    Na cabeça de Toquinho, rivalidades pessoais nunca são levadas ao ringue, mas então o que poderia justificar o excesso de adrenalina no momento da luta? Seres humanos, às vezes, podem agir fora de controle por milésimos de segundos. Mas ao contrário disso, o modesto lutador garante que assistir o replay do que aconteceu ao seu mentor, Murilo Bustamante, no UFC 38, seria demais para a sua cabeça.    "Eu tento agir da forma mais correta possível nas minhas lutas. Nós seguramos, esperamos pelo árbitro e paramos. As pessoas dizem que o tapa de Drwal foi bem claro; o do Matt Lindland não foi? Um caso como esse destruiria a minha cabeça dentro do octógono e eu não saberia lidar com isso. Nós não sabemos muito sobre a atitude do nosso oponente, mas se alguém estivesse me finalizando e o árbitro não estivesse vendo, eu diria 'eu bati', mas não podemos esperar a mesma reação de todas as pessoas".     Mesmo se explicando, na época e nos dias de hoje, nada apaga o fato que os fãs viram Toquinho como o vilão. E mesmo sem ter muito conhecimento de internet e redes sociais, as más notícias chegaram aos seus ouvidos e sua mente.    "Aquele foi um momento muito triste para mim", ele diz com a cabeça baixa e a voz trêmula. "Mas as pessoas não me conhecem direito. Elas me julgam por algo que pensam que eu fiz e eu não as culpo por isso. A imagem que elas viram mostrou algo que - antes que eu pudesse falar - era a atitude de um cara mau. As pessoas que me conhecem, que sabem da minha história em lutas e na vida, não concordaram com a imagem. Mas eu entendo".     Ao mesmo tempo que espera se desvincular da imagem que foi criada, Palhares também quer voltar ao trabalho contra Nate Marquardt, nesta quarta-feira, na sua primeira luta principal dentro do UFC. Assim como a maioria das suas últimas lutas no octógono, onde ele encarou caras como Ivan Salaverry, Dan Henderson, Jeremy Horn, Lucio Linhares e Drwal, Toquinho sabe da importância de cada embate, então ele tenta manter todas no mesmo nível.    "A vida e a competição me amadureceram de forma natural e eu me mantenho focado nas lutas e em nada mais. Se eu não consegui derrotar Henderson, não seria porque eu estava nervoso, mas sim porque a estratégia dele funcionou. Eu acho que como todos os oponentes, Marquardt vai evitar o chão. E isso não é porque sou melhor que todos os outros, na realidade eu não acho que sou, mas finalizar caras no chão é o que eu gosto de fazer. Marquardt gosta de lutar em pé e a luta vai começar assim, mas se ela for para o chão, é claro que eu vou achar melhor. Mas não dá para saber o que irá acontecer. Às vezes vemos isso ou aquilo e essa é uma das razões pelas quais eu não gosto de falar, pois dentro do octógono tudo pode acontecer. Eu gosto de fazer e não de falar".     E isso fica claro quando Toquinho é perguntado sobre a sua posição dentro do peso médio. Ele é um lutador que quer apenas lutar.    "Eu não posso dizer se sou um dos melhores da divisão. São os fãs, a imprensa e todo o resto que devem dizer. Eu me preocupo em ser um lutador. Evento principal, luta preliminar... não importa, eu só quero lutar".