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PREVIEW UFC VANCOUVER, por Alexandre Matos

Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate e fundador do site MMA Brasil. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos.

Para deleite dos fãs, o MMA não para e lá vamos nós para a segunda das nove semanas seguidas com eventos do UFC. Neste sábado é a vez da Rogers Arena, em Vancouver, Canadá, receber o UFC Fight Night: Maia vs. Condit, a 21ª incursão da organização na TV aberta americana.

Como de costume em eventos transmitidos pela FOX nos Estados Unidos, os matchmakers reservaram algumas lutas de alto potencial de entretenimento para este sábado. E dois brasileiros encabeçam o card. Na luta principal, Demian Maia tenta contra Carlos Condit seu último passo antes de ser decretado como próximo desafiante. Antes deles, o ex-campeão Anthony Pettis baixa de categoria para enfrentar o talentoso Charles Oliveira.

Peso Meio-Médio: Demian Maia vs. Carlos Condit

Muitos fãs brasileiros reclamam que o UFC está atrasando a vida de Demian, já que, com cinco vitórias consecutivas, o paulista já seria merecedor de uma chance para desafiar o título. A verdade é que faltava uma vitória de peso na sequência de Maia, uma sobre um top 5, por exemplo. Para resolver esta pendência, Carlos Condit, que disputou o cinturão em janeiro e está na quarta posição, pode ser a ponte necessária.

Demian e Condit são dois lutadores fundamentalmente diferentes e igualmente talentosos, o que faz deste combate um momento interessante. O brasileiro provavelmente é o lutador de MMA que melhor aplica o jiu-jítsu no esporte. Maia chegou a um nível tão elevado na luta agarrada que praticamente virou um grappler numa luta de MMA, já que todos os seus movimentos têm como único intuito chegar ao combate corpo a corpo, situação em que, de um jeito ou de outro, acaba levando a luta para baixo, onde é bastante perigoso.

Já Condit tem no muay thai sua melhor ferramenta. O americano atua com solidez tanto na longa distância, aplicando chutes baixos e socos alongados, tirando proveito de sua envergadura, como também na curta, onde dispara um thai clinch mortal. O “Assassino Por Natureza” também é um demônio mesmo com as costas no chão, graças a um jogo de guarda que não dá refresco a quem está por cima.

O que torna interessante este combate é, além da diferença gritante de estilos, o fato de a maior dificuldade de um ser uma das maiores forças do outro. Condit sempre mostrou muita dificuldade de defender quedas e Maia tem se notabilizado por derrubar seus oponentes. Por outro lado, Demian encontra bastante dificuldade de lidar com strikers habilidosos que consigam controlar a distância – lembre do segundo e terceiro rounds contra Rory MacDonald.

Aqui vai valer o velho chavão que diz: "vence quem impor seu jogo". Posso apostar que Demian leva a luta para o chão pelo menos uma vez. Só que ele terá três problemas para lidar: 1) Condit é bem mais difícil de lidar no solo do que os últimos oponentes do brasileiro; 2) sem dar benefício da dúvida, a estratégia do paulista poderá ser mapeada e evitada pelo americano e 3) Condit tem mais resistência física para uma batalha de cinco rounds.

Palpite: Carlos Condit por nocaute ou decisão.

Peso Pena: Anthony Pettis vs. Charles Oliveira

É comum que lutadores tentem uma mudança de categoria quando entram em uma fase complicada de derrotas. Este é o caso de Pettis, que perdeu o cinturão dos leves emendando uma série de três reveses pela primeira vez em sua carreira. Para tentar dar uma sacodida, ele decidiu tentar a sorte como peso pena. Do outro lado do octógono estará Do Bronx, que venceu cinco de suas seis últimas lutas, quatro delas por finalização.

Diferentemente do combate acima, aqui temos dois lutadores bem mais semelhantes do que Demian e Condit, o que não faz deste duelo menos interessante. Pettis se notabilizou por ser um striker genial, capaz de tirar coelhos inimagináveis da cartola, com um elevado poder de definição e também muito perigoso no jiu-jítsu. Charles também é um striker versátil, destemido, que lança todo tipo de golpe em todo tipo de distância. Se ele não é tão genial quanto Pettis em pé, é ainda mais perigoso e definidor no chão. E nenhum deles tem o wrestling a seu favor.

Muita gente passou a contar com Pettis para nada após as derrotas. Não é bem assim. Quando o venceram, Rafael dos Anjos, Eddie Alvarez e Edson Barboza usaram uma tática de pressão intensa, sem deixar o americano respirar. Ainda que Do Bronx seja capaz de repetir a estratégia, não é essa exatamente sua principal marca. Oliveira ataca e deixa ser atacado com a mesma facilidade. Contra um sujeito com a precisão cirúrgica de Pettis, isso é um convite ao desastre.

Palpite: Pettis por nocaute.

Peso leve: Jim Miller vs. Joe Lauzon

Quando se enfrentaram pela primeira vez, em 2012, Miller e Lauzon fizeram uma das melhores lutas, senão a melhor, daquele ano. A expectativa não é a mesma para 2016, mas seguimos firme aguardando mais uma demonstração de ofensividade extrema de ambos os lados.

Ambos caíram de rendimento desde então e demonstraram sinais de cansaço, ainda que não sejam velhos (32 anos cada). Porém, o UFC 200 foi um sopro de esperança para Miller e Lauzon, que vinham de resultados claudicantes (Miller ainda mais), com as vitórias por nocaute no primeiro round contra Takanori Gomi e Diego Sanchez, respectivamente.

J-Lau tem um apelido lamentável, mas um estilo que agrada em cheio os fãs. Com sua mentalidade patologicamente ofensiva, ele visa a definição o tempo inteiro – só venceu uma luta por decisão. Apesar do biótipo magrinho, Lauzon bate muito forte, o que compensa a falta do wrestling para levar as lutas para o chão através de knockdown. E, no solo, Joe é um azougue, ainda que sua última vitória por finalização date de antes do confronto com Miller.

Igualmente ofensivo, mas sem o amalucado estilo win-or-wall de Lauzon, Miller tem uma mistura muito técnica de muay thai com wrestling e jiu-jítsu. Sua abordagem em pé costuma ser implacável, pelo menos na boa fase, e as transições são muito bem executadas. Como é um wrestler bem superior ao oponente, a expectativa é que Miller sempre caia por cima quando o duelo se direcionar para o chão. Nesta posição, Jim demonstra um jiu-jítsu sufocante, capaz de anular os botes de Lauzon, e um ground and pound recheado de cotoveladas, responsável por definir a parada na primeira luta entre eles.

Palpite: Miller por decisão.