Pular para o conteúdo principal
/themes/custom/ufc/assets/img/default-hero.jpg

PREVIEW UFC Vegas: Almeida x Garbrandt, por Alexandre Matos

Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate e fundador do site MMA Brasil. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos.


Muita gente olha torto para o UFC Fight Night 88, que será disputado neste domingo no Mandalay Bay Events Center, em Las Vegas, pela falta de poder de estrela do card. Mas deixa eu ser sincero com vocês: juntar Thomas Almeida, Cody Garbrandt, Renan Barão, Vitor Miranda, Tarec Saffiedine, Jeremy Stephens, Lorenz Larkin, Aljamain Sterling, Jessica Eye, dentre outros, não tem como dar errado.

Três brasileiros fazem combates essenciais para suas carreiras. Na luta principal, Thominhas e Garbrandt lutam pelo posto de prospecto número um da divisão dos galos e o vencedor vai ficar muito bem posicionado na conversa sobre desafiante de Dominick Cruz. Antes deles, Renan Barão sobe de categoria para tentar se reorganizar como peso pena depois das traumáticas derrotas para TJ Dillashaw. Para impedi-lo, foi escalado o artista do nocaute Jeremy Stephens. Fechando a trinca, Vitor Miranda tenta a quarta vitória consecutiva para se aproximar do top 15 dos médios diante de Chris Camozzi.

Vamos então destrinchar o que pode acontecer em três lutas envolvendo brasileiros no UFC Fight Night 88. Vale lembrar que Alberto Uda fará sua estreia no evento, encarando Jake Collier. 

Mais UFC Vegas: Tensão na encarada | Vitor Miranda busca quarto nocaute no UFC | Sterling x Caraway | Barão fala sobre estreia na nova categoria | Treinador de Thominhas prevê nocaute | Em fotos: a trajetória de Renan Barão

Peso Galo: Thomas Almeida vs. Cody Garbrandt

Um dos grandes baratos que os fãs de MMA curtem é dar uma de matchmaker e escalar os próximos confrontos das estrelas. Nessa brincadeira são levadas em consideração duas situações que parecem pétreas: ranqueado enfrenta ranqueado e quem vem de vitória pega quem vem de vitória. Felizmente os casadores de lutas oficiais do UFC nem sempre levam isso a ferro e fogo. Como resultado, o 7º colocado Thominhas pega o não-ranqueado Garbrandt num dos melhores confrontos possíveis nas divisões mais leves.

O brasileiro e o americano são matadores natos, mas com estilos distintos. Thomas é um clássico produto da Chute Boxe, com um muay thai agressivo quase ao extremo e uma capacidade ímpar de produzir potência, enquanto Cody veio do boxe amador, com um jogo mais solto, com menos joelhadas e cotoveladas, mas com combinações fartas de socos e com chutes que pegam os adversários desprevenidos.

A luta agarrada de ambos está em desenvolvimento. Thomas tem vantagem no jiu-jítsu da Barbosa BJJ, uma das mais tradicionais academias de São Paulo, e Garbrandt no wrestling do Team Alpha Male. Enquanto o brasileiro é perigoso da meia guarda por cima, tanto batendo no ground and pound quanto atacando uma finalização no braço ou pescoço, o americano é forte na guilhotina, uma marca registrada de sua academia.

O estilo contragolpeador de Garbrandt encontra bom campo de ação nos buracos defensivos que a mentalidade patologicamente ofensiva de Almeida deixa. Porém, em sua última luta, Thomas mostrou uma abordagem mais cautelosa, menos exposta, mas igualmente matadora. Esse quadro deixa a entender que Cody deverá ter bons momentos nos 10 minutos iniciais, mas a expectativa é que Thomas mapeie a movimentação do rival, pegue o tempo de seus golpes e acabe a luta de modo dramático, fazendo com que Garbrandt acorde com a lanterninha do médico no olho.

Palpite: Thomas Almeida por nocaute

Peso Pena: Renan Barão vs. Jeremy Stephens

A pergunta que provavelmente paira na cabeça de todos é: como Barão reagiu às duas traulitadas que levou de Dillashaw? Ele vem de três apresentações abaixo de seu padrão, contando com a vitória magra sobre o limitado Mitch Gagnon, o que nos faz acreditar que a confiança do potiguar está seriamente abalada.

Para sorte do brasileiro, Stephens também não vive seus melhores dias. Depois de finalmente desabrochar seu talento no octógono quando baixou para peso pena, o violento nocauteador viu a série de vitórias ruir quando o nível da competição cresceu. Nas últimas quatro apresentações, Stephens foi não só derrotado, mas dominado por Charles Oliveira, Cub Swanson e Max Holloway. Na única vitória, aproveitou um dos momentos de pane mental de Dennis Bermudez para nocauteá-lo.

Fosse há uns três anos e eu não teria nenhuma dúvida para apostar em Barão. Seu sólido muay thai, com chutes baixos que parecem chicotadas, fruto da Nova União, encontra par no jiu-jítsu desenvolvido por Jair Lourenço, na Kimura de Natal. Por causa da mistura Pederneiras-Lourenço, Barão costuma ser mais variado em seus combates, usando quedas despretensiosas para abrir caminho para finalizações das mais variadas, o que é exatamente o ponto fraco do rival de domingo. Stephens tem capacidade de derrubar búfalo com seus socos, especialmente o uppercut que já vitimou até o campeão dos leves, Rafael dos Anjos, mas é um atleta de pouca movimentação e volume ofensivo. Como Barão deve ficar menos desgastado com o menor corte de peso, provavelmente o brasileiro terá vantagem na velocidade.

Contudo, não é confiável esperar um Barão agressivo, apto para terminar o combate logo. Ele precisa recobrar confiança e nada melhor do que encher as coxas de Stephens de bica para minar sua movimentação e derrubá-lo para buscar uma finalização.

Palpite: Renan Barão por decisão (ou talvez uma finalização no terceiro round).

Peso Médio: Vitor Miranda vs. Chris Camozzi

Vice-campeão do TUF Brasil 3, Vitor finalmente desabrochou como peso médio (e ele um dia achou que jamais conseguiria bater 88 quilos, que dirá 84). A mudança de categoria fez efeito na mudança que ele fez como lutador, primeiro ao partir para a Imperial Athletics, que deu origem a Blackzilians, depois no Team Nogueira, de volta ao Brasil.

Miranda era um kickboxer muito talentoso, vencedor de duas etapas do circuito do K-1, mas um tanto unidimensional. Hoje ele é um lutador mais completo, com um wrestling ofensivo decente e um bom pacote de finalizações. No entanto, o muay thai segue sendo o porto seguro.

Do outro lado, Camozzi é um lutador que virou chacota, especialmente perante a torcida brasileira, depois de ser finalizado por Ronaldo Jacaré duas vezes sem oferecer resistência alguma. Realmente ele não está no nível do superastro do jiu-jítsu, tampouco é um pereba que qualquer um passa por cima. Oriundo do wrestling estudantil, ele desenvolveu um muay thai agressivo e de alta potência, ainda que não tão técnico quanto o do oponente de domingo. Assim como um bom porteiro de divisão, Chris é um lutador que se vira bem em todos os ramos do jogo, embora não seja um virtuose em nenhum.

Camozzi é um bom teste para saber se Vitor, aos 37 anos, ainda tem capacidade de adentrar o top 15 e sonhar com voos mais altos. O catarinense deve buscar a longa ou média distâncias para trabalhar suas combinações de jab-gancho-chute, mantendo o americano longe. Por sua vez, Chris deve avançar para travar Miranda na grade e desgastá-lo em busca de uma queda. Neste confronto de vontades, acredito que Vitor leve vantagem, mas não a ponto de conseguir a terceira interrupção seguida.

Palpite: Vitor Miranda por decisão 

Assine o Combate | Siga o canal do UFC no YouTube | Visite a UFC Store | Baixe o aplicativo do UFC