Em algum momento, Ronda Rousey poderá não sentir mais uma corrente avassaladora de emoção quando for celebrada por multidões de fãs. Ela pode não ser levada às lágrimas de gratidão e de alegria, de apreço e admiração pela forma como os seus esforços atléticos e realizações causam um impacto nos outros.
Esta semana - o limiar do UFC 193 e seu público recorde no Etihad Stadium para a defesa do título peso-galo contra a invicta Holly Holm - não é esse momento.
Em uma tarde ensolarada em Melbourne, na bela Federation Square, Rousey exibiu suas habilidades diante de uma multidão no treino aberto do UFC 193.
Enquanto ela pulava corda furiosamente no palco, os fãs respondiam, gritando sua aprovação. A cara de durona de Rousey acabou se rendendo ao seu coração. Ela abriu um sorriso largo, e lágrimas de pura felicidade brotaram em seus olhos.
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"É tanta positividade e apoio ... às vezes penso: 'Cara, eu realmente espero que eu mereça isso! Quer dizer, eu estou tentando o meu melhor para merecer isso, eu realmente, realmente estou, mas às vezes, você se esquece de como tudo isso é incrível", disse Rousey sem fôlego. "Você fica tão focada na luta, e sofre com tanto estresse e ansiedade, que às vezes esquece de como tudo isso é fantástico. Esta luta tem sido uma boa oportunidade de ver isso."
Tem sido também uma boa chance para refletir sobre uma jornada de realizações que fizeram valer a pena os sacrifícios. Durante uma pausa na agitação pré-luta no início desta semana, Rousey se lembrou de ter sentado no tatame usado para os treinamentos e sentido uma conexão esmagadora com seus anos de trabalho duro como um jovem judoca e, posteriormente, medalhista olímpica.
"Eu estava olhando para os pequenos sulcos no tatame, e pensei em todas aquelas noites em que eu dormi no tatame quando eu era uma criança, ou quando estava cansada e meu rosto ficava marcado com os padrões. E eu comecei a chorar ", explicou com uma risada. "Fiquei tipo: 'Eu amo esses tatames!'
"É por isso que eu quero ganhar. É por isso que eu sou melhor do que todas essas garotas. Você acha que a Holly Holm olha para um ringue de boxe e chora? Não! É por isso que eu tenho esses momentos.''
Rousey apontou para a massa de fãs esperando por ela, acenando e sorrindo para eles.
"Todo mundo aqui está gritando meu nome, e eu penso, 'Quem são vocês, e por que gostam de mim?'", disse, caindo na gargalhada enquanto seus olhos se encheram de lágrimas novamente. "É esmagador às vezes. Mas eu estou fazendo o meu melhor para apreciar o momento."
"Vou mostrar o meu apreço por eles ao vencer da maneira mais fantástica possível, e eles ficarão felizes que estavam lá para ver tudo. "
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Rousey admitiu que, há dez anos, ela nunca poderia ter imaginado receber tanto destaque e uma oportunidade tão incrível e grandiosa.
"Dez anos atrás, eu estava chateada que não havia isso", disse Rousey categoricamente. "Eu ainda estava no ponto em que pensava que não poderia fazer nada para mudar. "
"Eu pensava: 'Por que o judô é tão impopular nos EUA? É tão legal! Por que existem programas de pesca na TV, e as pessoas estão sentadas e assistindo alguém pegar um peixe, e ninguém se preocupa com o judô?' Eu sentia que era tão injusto que o que eu fazia e era tão boa era algo tão desvalorizado.
"Isto", disse ela, acenando para a multidão, "é a prova de que tudo mudou!"
O UFC 193, que marcará sétima defesa de seu título, também terá a campeã peso-palha Joanna Jedrzejczyk defendendo seu cinturão contra a canadense Valerie Letourneau. O evento em si vai fazer história como a estreia do UFC no estado australiano de Victoria.
Para aqueles que são novos no esporte, Rousey explica o porquê de o MMA ser tão atraente.
"A luta é algo humano. Não é algo errado. É um instinto dentro de todos nós ", explicou. "Não é apenas para o velho ou jovem, ou homens ou mulheres. Cada um de nós tem um instinto de lutar. Suprimir isso não é seguro. "
"Todos nós precisamos viver em um ambiente seguro e controlado, onde as pessoas podem ver que esse instinto não é algo do que você deve se envergonhar, mas algo que deve ser canalizado da maneira certa. E eu acho que o UFC é assim. "
O empoderamento corria nas veias de Rousey, e o sentimento se intensificou com a visita da jóquei Michelle Payne aos treinos abertos. Payne era a zebra, mas capturou a Melbourne Cup 2015 no início do mês, e foi a primeira mulher a fazer isso em 155 anos de competição.
"Ela foi incrível! Ela realmente deu o tom certo quando pousamos ", disse Rousey sobre Payne, cuja vitória histórica aconteceu em 3 de novembro, o dia em que a campeã chegou a Melbourne. "Ela fez história para as mulheres em Melbourne, eu quero dizer ... foi uma honra conhecê-la."
"Ela disse que está vindo para a luta, então eu estou muito, muito animada para conhecê-la. Da próxima vez, eu vou ter que vir vê-la ".
Com uma recepção tão entusiasmada em sua primeira vez competindo na Austrália, Rousey abraçou seu papel como pioneira, protagonista e embaixadora do MMA e UFC.
Uma das maiores multidões da história do UFC é esperada no Etihad Stadium, e Rousey diz que se sente na obrigação de fornecer um desempenho espetacular.
"Eu fiz tudo que podia para (promover), então tudo o que me resta é vencer", disse. "E, no final, deixar todo mundo feliz, e para dizer aos que não vieram que eles perderam. "
"Isso é tudo o que posso fazer - ter o mais emocionante e fantástico desempenho que eles podem ver."
