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Tim Kennedy se despede do octógono em relato emocionado

Veterano relembrou melhores momentos da carreira como profissional

Em uma publicação na sua página do Facebook, Tim Kennedy explicou suas razões para se afastar do esporte aos 37 anos, e também relembrou os melhores momentos da carreira profissional que começou em 2001. E não é surpresa que o momento favorito aconteceu na noite em que o integrante das Forças Militares dos Estados Unidos dividiu uma vitória com os companheiros soldados.

"Sou profissional há duas décadas, mas não houve momento melhor do que vencer a luta principal do Fight For the Troops 3", escreveu. "Você me fizeram invencível naquela noite".

Era uma noite fria no hangar em Fort Campbell, Kentucky, em novembro de 2013. As tropas na plateia estavam torcendo desde o início do primeiro duelo, mas os gritos ficaram mais altos quando Kennedy fez sua entrada para enfrentar Rafael Natal. E, em menos de um round, o lugar explodiu com o nocaute aplicado pelo norte-americano.

"Foi muito emocionante", me disse Kennedy antes de sua luta seguinte, contra Michael Bisping. "Uma luta é uma luta, e é apenas isso quando você entra no cage. Mas ver um monte de gente que não via há tempos, alguns caras que eu não via desde o Iraque ou Afeganistão, foi surreal e muito legal".

Quando se fala com Kennedy, você fala sobre seus companheiros que também são veteranos de guerra, os que ainda estão em serviço e os que nunca voltaram para casa. O serviço que Kennedy prestou ao seu país não foi por ele, mas sim pelos outros.

É por isso que a ideia de lutar em Nova York no UFC 205 tinha um significado tão grande. Se não fossem os ataques terroristas de 11 de setembro, sua vida poderia ter sido muito diferente.

"Eu entrei para o serviço militar por conta do 11 de setembro", disse Kennedy antes da luta contra Rashad Evans, que havia sido marcada para o evento e posteriormente foi cancelada. "Estava sentado na frente de um computador na Califórnia, respondendo emails, e assisti ao vivo quando o segundo avião atingiu a torre. Me alistei na mesma tarde".

O que seguiu foi uma carreira militar de sucesso, na qual Kennedy se manteve enquanto profissional no MMA. Até mesmo enquanto escalava os rankings na divisão dos médios, o serviço militar sempre veio em primeiro lugar.

Ele nunca reclamou, e apesar da rotina agitada, Kennedy se tornou um lutador admirável. O norte-americano venceu Robbie Lawler no Strikeforce, onde fez seu nome. A luta seguinte foi uma derrota para Luke Rockhold em batalha que valia o título, mas depois de um triunfo sobre Trevor Smith, ele estava no UFC pronto para derrubar quem viesse pelo caminho.

Nos três anos seguintes, venceu Roger Gracie, Rafael Natal e o atual campeão Michael Bisping. As únicas derrotas foram um polêmico nocaute para Yoel Romero em 2014 e um revés para Kelvin Gastelum no UFC 206, deixando seu cartel final de 18-6.

Depois da batalha contra Gastelum, Kennedy decidiu que sua trajetória como lutador profissional estava acabada.

"Muitos de meus treinadores e fãs tentaram me animar, dizendo que o Kelvin tinha as habilidades certas para me vencer e que eu estava sem lutar havia muito tempo", escreveu o lutador no Facebook. "Eu fico grato pelos comentários, e não acho que estão errados. Eu sei que ainda sou um bom lutador, sei que estava afastado. Mas eles não sentiram o que eu senti, e isso é ter 37 anos. Senti que estava em câmera lenta o tempo todo. Me senti cansado pela primeira vez em uma luta. Eu sou o cara que se formou na Ranger School, um lugar que te faz sentir fome e te nega sono por mais de dois meses, e venceu uma luta no IFL seis dias depois da formatura. Eu sou o cara que está sempre em forma, e eu estava bem para a luta. Eu trabalhei mais do que nunca, mas eu não era mais o mesmo. Meu cérebro sabia o que fazer, mas o corpo não respondia. Já vi outros lutadores chegando nesse ponto. Já vi outros lutadores fingirem que não estavam nesse ponto. Eu não serei um deles".

Para um homem que sempre seguiu o caminho da maior resistência, esse foi outro exemplo de quem Tim Kennedy realmente é. O caminho mais fácil é entediante. O caminho mais difícil é o mais satisfatório. E Tim Kennedy é o rei deste caminho.