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Resenha UFC Vegas, por Alexandre Matos

Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate e fundador do site MMA Brasil. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos.

O domingo não foi exatamente bom para os fãs brasileiros, mas rendeu uma noite de ótimas lutas. De quebra, o UFC Fight Night 88 mexeu de modo agudo na categoria do peso-galo, colocando ainda mais tempero numa divisão que vai se tornando uma das mais empolgantes do UFC.
O evento foi montado em volta dos dois maiores prospectos da categoria. Ambos perderam. Melhor para Cody Garbrandt, que corria por fora dessa briga e saiu mais fortalecido do que nunca. O americano do Team Alpha Male anotou a mais relevante vitória da carreira ao nocautear o brasileiro Thomas Almeida em cerca de meio round.

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Garbrandt não chegou a ser incomodado pelo matador da Chute Boxe em momento algum. Thomas não conseguiu (ou preteriu, não sei bem) usar os chutes, especialmente os baixos, e acabou envolvido numa batalha de boxe contra um boxeador de maior capacidade. Mostrando alta precisão, desperdiçando raros golpes, o "Sem Amor" foi desmantelando o adversário com combinações bem rápidas e potentes. Numa delas, acertou duas direitas pesadas em sequência e a segunda mandou Thominhas pesadamente a knockdown. O ground and pound que veio na sequência foi até desnecessário e o árbitro logo interrompeu o combate.


Mais cedo, no segundo duelo da noite, Aljamain Sterling, o outro superprospecto dos galos ao lado de Thominhas, passou o carro em Bryan Caraway no primeiro assalto, usando a luta agarrrada, com quedas e incrível facilidade para pegar as costas. Talvez achando que as coisas estivessem fáceis demais, o "Funk Master" passou a tentar mostrar talento em pé, mudando de base o tempo todo. Foi aí que pagou caro. Como ele ainda está em desenvolvimento neste aspecto, muitas vezes foi pego no meio de uma troca de base, desequilibrado. Caraway só precisou avançar para cima dele e derrubá-lo. Uma vez no chão, deu pouco espaço para Sterling trabalhar, venceu os dois rounds seguintes e anotou uma virada improvável.

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Enfim, o UFC Fight Night 88, projetado para alavancar Thomas e Aljamain, viu Cody e Bryan triunfarem. Na atualização do ranking nesta terça-feira, o primeiro deve invadir o top 10 e o segundo pode conquistar uma vaga no top 5, algo impensável até bem pouco tempo atrás.
Renan Barão começa bem, mas comete erros e leva a virada contra Jeremy Stephens
Há dois modos de ver a estreia de Renan Barão no UFC como peso-pena. Na visão do copo meio cheio, ele voltou a lutar bem depois de três apresentações bem abaixo de suas capacidades, ainda como peso-galo. Na do copo meio vazio, caiu de rendimento e mostrou alguns problemas que podem lhe custar a ascensão no ranking da nova categoria. De cara, a impressão que ficou é que o corte para 61 quilos mina sua resistência e, em contrapartida, ele ficou pequeno demais de 66 quilos – em que pese o fato de o oponente ser dos maiores.


Barão iniciou o combate contra o ex-peso leve Jeremy Stephens controlando perfeitamente a distância, mantendo o artista do nocaute distante. O potiguar era bem mais rápido e conseguiu trabalhar socos em linha e chutes baixos com precisão. Vez ou outra, procurava a luta agarrada, com o intuito de levar a luta para o solo, onde sua vantagem cresceria demais.
Contudo, o famoso uppercut de Stephens mudou todo o panorama da luta. A bomba explodiu em Barão, que recebeu o golpe com bastante dignidade, mas ficou com as pernas bambas e viu sua movimentação despencar. Deste modo, o potiguar da Nova União ficou muito tempo dentro do raio de ação do americano, sem conseguir mais ter o controle da distância. Resultado: absorveu bastantes pedradas e não conseguiu retomar o plano inicial.
Meio que no desespero, Barão buscou uma queda a partir da troca de força na grade. E aí ele acabou de se lascar. Muito mais forte fisicamente, Stephens negou a maioria das investidas e só foi cair no terceiro assalto. Mesmo assim nem teve tanto trabalho no chão, já que Barão não estava nas melhores condições e não aplicou uma passagem de guarda, transição, tentativa de finalização ou causou danos no ground and pound.


No fim das contas, Stephens venceu com um triplo 29-28 e deixou Barão numa situação curiosa. Alguns acham que ele lutou bem (em parte da luta, é verdade) e que pode render como pena. Por outro lado, ter sido dominado por um lutador que está bem abaixo do nível de elite do top 5 é preocupante. Restaram dúvidas sobre se Barão conseguirá igualar Frankie Edgar na velocidade e na versatilidade, Chad Mendes na potência, Max Holloway no volume de jogo ou até mesmo deter o wrestling de Ricardo Lamas. Renan é material para disputar cinturão e talvez se contentar com a 5ª posição do ranking pode ser um tanto decepcionante para tão talentoso lutador.
Chris Camozzi tem atuação sólida e para a ascensão de Vitor Miranda
Eu já tinha alertado na prévia deste evento que Chris Camozzi merece respeito, apesar dos balaios que levou de Ronaldo Jacaré. O que eu não esperava é que ele superasse Vitor Miranda até na troca de golpes em pé, especialidade do brasileiro.


O americano foi melhor que o brasileiro em todas as áreas do jogo. Usou bem as combinações e impediu que Miranda usasse seu muay thai com eficiência. No combate corpo a corpo, Camozzi levou vantagem no clinch e no wrestling, quando conseguiu derrubar o brasileiro e trabalhar num ground and pound ostensivo, que encheu o rosto do rival de cortes e sangue. Para completar, Camozzi ainda superou o adversário no jiu-jítsu, passando guarda e ganhando posições no chão. Dali para frente, o trabalho de Chris foi bem facilitado, já que Vitor mostrou muito coração para seguir avançando, mas claramente não tinha mais condições de produzir algo efetivo.
Camozzi agora tem três vitórias seguidas na categoria dos médios, deixando cada vez mais para trás a segunda derrota para Jacaré e se aproximando do ranking da categoria. Já Miranda viu sua trinca de triunfos cair e terá que se reconstruir dando alguns passos para trás.