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Brasil x Estados Unidos, Wrestling x Jiu-Jítsu; strikers x grapplers, BTT x Chute Boxe. Não importa se entre nações, modalidades ou equipes, mas as rivalidades sempre tiveram um papel fundamental na popularização do MMA. Curiosamente, no ano em que o UFC completa 26 anos, e vários veteranos já se encaminham para a aposentadoria, um novo clássico tem sido cada vez mais recorrente nos cards do maior evento do mundo: o duelo de gerações, popularmente conhecido como Leões velhos x Leões novos.
Uma equação que cada vez mais aguça o interesse e a curiosidade dos fãs: até quando experiência e técnica, subtraídas as perdas naturais das valências físicas, pode sobrepujar força, velocidade, resistência e explosão dos atletas mais jovens?
O fato é que este duelo de gerações tem proporcionado disputas incríveis e já tem até placar nestas 14 edições do UFC realizadas em 2019. Só nos UFC´s dos dois últimos finais de semana, os fãs puderam ver quatro clássicos, inclusive nas duas lutas principais da noite. Se no último sábado o veterano Donald Cerrone (36 anos, 48 lutas) deu um show sobre Al Iaquinta numa luta de cinco rounds, na semana anterior foi a vez do novato Jack Hermansson surpreender nosso Ronaldo Jacaré (39 anos). Na mesma noite tivemos Augusto Sakai vencendo o quarentão Andrei Arlovski e Glover Teixeira (39 anos) finalizando Ion Cutelaba.
Dos oito confrontos entre grandes nomes do esporte com mais de 35 anos - mais de 15 anos de carreira e mais de 35 lutas - e novatos com menos de 30 anos - menos de 20 lutas ou menos que 6 anos de carreira - cinco foram vencidos pelos veteranos e apenas três pelos novatos. Curiosamente, todas as três vitórias dos novatos foram na decisão dos juízes: Israel Adesanya (29 anos e 16 lutas) sobre Anderson Silva (44 anos, 44 lutas e 17 anos de carreira); Jack Hermansson (30 anos e 24 lutas) sobre Jacaré (39 anos, 34 lutas e 16 anos de carreira) e Augusto Sakai (27 anos e 15 lutas) sobre Andrei Arlovski (40 anos, 47 lutas e 20 anos de carreira).
Já nas cinco vitórias dos veteranos, quatro delas foram por nocaute técnico: Diego Sanchez (37 anos, 40 lutas e 17 anos de carreira) sobre Mickey Gall (27 anos e 7 lutas de MMA); Donald Cerrone (36 anos, 47 lutas) sobre Alexander Hernandez (26 anos, 12 lutas) e Al Iaquinta (32 anos, 19 lutas) e Glover Teixeira (39 anos, 36 lutas e 17 anos de carreira) sobre Ion Cutelaba (25 anos) e Karl Robertson (28 anos, 9 lutas).
Vale lembrar que outros veteranos do esporte tiveram bons resultados este ano, mas não os coloquei no placar pois os oponentes, apesar de menos experientes, não podem ser considerados novatos (pelo menos pela idade cronológica). É o caso da bela vitória por finalização de Demian Maia (41 anos e 18 anos de carreira) sobre Lyman Good (33 anos e 14 anos de carreira) e do nocaute técnico de José Aldo sobre Renato Moicano (apesar de ter 15 anos de carreira, Aldo só tem 32 anos de idade, apenas três a mais que Moicano). Usei o mesmo princípio para não computar a derrota do veteraníssimo Renan Barão (32 anos, 43 lutas e 14 anos de carreira) para Luke Sanders (33 anos, 16 lutas, 8 anos de carreira), assim como a vitória de Thiago Pitbull (35 anos, 36 lutas, 18 anos de carreira) sobre Max Griffin (33 anos, 33 lutas e 10 anos de carreira). Pela diferença mínima de idade e número quase igual de lutas também deixei de fora o nocaute técnico de Francis Ngannou (32 anos e 16 lutas) sobre Cain Velásquez (36 anos e 17 lutas).
Caso você discorde, por considerar a quilometragem (número de lutas, grau de dificuldade das batalhas e tempo de carreira) um fator bem mais importante na definição de um veterano, do que a idade cronológica, neste caso o placar seria ainda mais elástico para os veteranos: 8 x 5.
UFC 237 terá três clássicos
E por falar no cada vez mais acirrado duelo de gerações, o UFC 237, ou UFC Rio 10, no sábado que vem, será recheado de clássicos: Anderson Silva (44 anos e 22 anos de carreira) enfrentará Jared Cannonier, que apesar de já ter 35 anos só tem 15 lutas de MMA. Fortalecendo o time dos veteranos, Rogério Minotouro (42 anos e 31 lutas) pega o perigoso Ryan Spann (27 anos e 20 lutas), enquanto Thiago Pitbull, do alto de seus 18 anos de carreira e 36 lutas, enfrenta o novato argentino Laureano Staropoli (9 lutas e 26 anos).
Chama atenção neste card um clássico de veteranos americanos: Clay Guida (37 anos e 52 lutas) x BJ Penn (40 anos, 31 lutas). Na torcida para que seja uma grande luta, afinal de contas, com o envelhecimento natural dos lutadores da primeira geração do esporte, nada mais justo que atrasar ao máximo a aposentadoria dos grandes ícones da luta proporcionando a eles confrontos em igualdade de condições com outros ídolos de sua geração. Afinal de contas, quanto mais tempo o fã puder ver em ação as grandes lendas, melhor para o crescimento do esporte.