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Agora ou nunca para Lúcio Linhares

Por Martins Denis   

 

A grande maioria dos lutadores brasileiros possui alguns apelidos bem intimidadores como The Spider, The Phenom, The Dragon, Shogun, The Axe Murderer e Tractor. Há também os apelidos como Morango, Banha, Napão e Toquinho, nomes criados mais para brincar com os lutadores do que para mostrar que eles estão prontos para destruir o oponente dentro do octógono.   

 

E aí temos Lucio Linhares, o brasileiro do peso médio que encara Yushin Okami no UFC Fight Night 21, nesta quarta-feira. Ele se aproveitou de uma situação engraçada e acabou arrumando um apelido intimidador. Originalmente chamado de 'The Spartan' (O Espartano) como forma de piada, ele percebeu que não apenas tinha a barba de Leonidas do filme '300', mas também possuía o jeito de pensar do Rei Espartano.   

 

Retornando ao UFC depois de uma mal sucedida estreia contra o compatriota Rousimar Palhares no UFC 107, Lúcio planeja agora reagrupar seu exercito interno para uma nova batalha.   

 

"A derrota serviu para mostrar meus defeitos e me dar força para a próxima luta. Eu amei lutar, mas acho que senti muito a adrenalina e fiquei sem gás. A estreia é sempre tensa e depois dela a sua confiança cresce".   

 

É surpreendente para alguns que um atleta com experiência em lutas em países como Finlândia, Rússia, Espanha, Brasil e Estados Unidos, antes da sua estreia no UFC, tenha ficado sem fôlego tão rapidamente.      

   

"Eu não acho que cometi nenhum erro nos meus treinos de condicionamento, mas o UFC tem outro nível e eu senti isso. Quando eu voltei ao meu corner no final do primeiro round, meu treinador Jarno Nurine falou para eu descansar em pé, pois o banco ainda não estava pronto. Eu sentei no chão pois estava extremamente cansado (risos) e quando o banco chegou tive que fazer um esforço tremendo para sentar. Depois me senti melhor e voltei para o segundo round com a expectativa de tentar um nocaute, mas meu corpo não respondeu bem".   

 

Os ataques não estavam surtindo o efeito desejado e a única opção dele era o seu Jiu-Jitsu, mas isso não foi o suficiente.   

 

"Se eu tivesse ajustado melhor o triângulo, talvez tivesse conquistado a vitória, mas ele soube se defender muito bem. As pessoas falaram muito sobre o Jiu-Jitsu dele e eu achei que fosse muito melhor que o meu, mas ao longo da luta eu percebi que podia lidar com ele e esse foi meu erro. Me senti confortável, consegui escapar de três tentativas de chaves de calcanhar, mas minha reação na última tentativa foi muito devagar por conta do meu cansaço. Enfim, ele é excepcional".   

 

Mesmo preparado para sua luta contra Okami, Lúcio sabia que ainda eram precisos alguns ajustes no seu treinamento. O primeiro passo foi parar com seminários e aulas de Jiu-Jitsu para se dedicar completamente à luta. Depois, aproveitar de uma coincidência para sugar o máximo dessa temporada no Brasil.   

 

"Eu fico na minha cidade (Vitória, ES) no verão e no inverno, mas dessa vez fiquei um pouco mais porque acredito que minha eficiência está ligado ao meu estado de espírito. Aqui estou perto dos meus amigos e familiares e esse é um tipo de felicidade que me ajuda a treinar. Treino cada aspecto separado, é diferente da Finlândia onde eu treino MMA. Ainda tive a oportunidade de treinar boxe com o técnico cubano Robson Vidal, algo que eu não tive quando lutei contra Palhares pois estava na Finlândia".   

 

Lúcio também estava na expectativa de treinar com o ex-lutador do UFC Fábio Gurgel durante a sua temporada no Brasil, mas isso não foi possível, pois Gurgel estava indo para Europa competir em um torneio de Jiu-Jitsu. De qualquer forma, Lúcio se aproveitou do feito do general da Alliance no torneio (vencendo em duas diferentes classes (senior e adulto) com mais de 40 anos).   

 

"Infelizmente não pude treinar com o mestre, mas o que ele fez me motivou", declarou o orgulhoso pupilo. "Esses exemplos mostram que podemos superar qualquer obstáculo".   

 

Quando Lúcio diz isso é porque ele sabe quão grande é o seu próximo obstáculo, Okami. O talentoso japonês é um dos quatro homens a terem derrotado o campeão do médio no UFC e melhor lutador P4P do mundo, Anderson 'The Spider' Silva, em 2006.   

 

"O UFC não está me dando um adversário qualquer. Okami é bem ranqueado e possui excelentes vitórias, mas eu não deixarei isso me pressionar. Eu venho treinando para vencer a luta, onde quer que ela se desenrole".   

 

Para 'The Spartan' e Okami, essa luta é uma batalha da redenção, pois ambos vêm de derrotas. Mas o brasileiro, lutando por Helsinki, tem muito mais a provar e ele assume que o pensamento é o de agora ou nunca, sem duvidar de que essa luta mudará a sua vida para sempre.