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"O guerreiro não fala, o guerreiro age". Foi com esse pensamento em mente que Amanda Nunes aguardou pacientemente por sua chance de disputar o cinturão peso-galo feminino do UFC.
Presença constante no top 5 da categoria e vinda de duas vitórias contundentes, a "Leoa dos Ringues" vinha pedindo por uma oportunidade de lutar pelo cinturão, mas não se rendeu ao estilo mais falastrão consagrado por alguns atletas. Foi com paciência e um pouco de sorte, dadas as mudanças na categoria nos últimos meses, que a brasileira finalmente foi nomeada a desafiante, que enfrentará Miesha Tate no UFC 200, em 9 de julho.
"Sabia que a vida ia me ajudar de alguma forma", disse a lutadora ao UFC.com.br. "Aí vieram as derrotas da Ronda e da Holly. Foi muito mais uma questão de paciência da minha parte, ficava na minha porque sabia que mais cedo ou mais tarde ia acontecer. Eu sempre estava entre as cinco melhores. Tem gente que precisa esperar, mas agora está aí. Eu serei campeã".
E para ser a campeã, Amanda sabe que precisará realizar alguns ajustes. Em sua última luta - uma vitória por pontos sobre Valentina Shevchenko - a atleta foi muito criticada por diminuir o ritmo conforme o passar dos rounds. Alguns interpretaram a queda de rendimento como cansaço, já que a baiana não costuma sequer chegar ao segundo round de seus combates.
Amanda, no entanto, garante que o problema não é exatamente relacionado ao seu condicionamento físico, mas sim ao ar extremamente seco de Las Vegas, onde acontecerá a disputa de título. Para contornar isso, a "Leoa" arrumará as malas e partirá para a Meca do MMA com antecedência.
"O ar de Vegas, para mim, é complicado. Eu chego lá e meu nariz começa a sangrar", disse. "Estou indo mais ou menos um mês antes para isso não me afetar na luta. Vou viajar alguns dias antes para me adaptar. Não tinha porque eu cansar no terceiro round! Sou disciplinada, gosto de treinar, de estar bem. Faço mais de cinco rounds na academia. Agora é solucionar. É por isso que a gente volta para a academia e treina: tem que consertar os erros".
Confira a entrevista completa com a desafiante Amanda Nunes.
Já faz algum tempo que você pede a chance de disputar o título. Com as reviravoltas da categoria - vitória da Miesha Tate sobre a Holly Holm e um possível retorno de Ronda Rousey - você ficou com medo de ser "passada para trás"?
Eu já estava vindo de duas vitórias em cima de boas atletas e nada de title-shot, mas sabia que a vida ia me ajudar de alguma forma. Aí vieram as derrotas da Ronda e da Holly. Foi muito mais uma questão de paciência da minha parte, ficava na minha porque sabia que mais cedo ou mais tarde ia acontecer. Eu sempre estava entre as cinco melhores. Tem gente que precisa esperar, mas agora está aí. Eu serei campeã.
Meu mestre sempre me dizia: "o guerreiro não fala, o guerreiro age". Eu levo isso para a vida. Eu queria mostrar o meu potencial, quero ser a melhor do mundo, uma atleta completa. Sabia que em algum momento me dariam o title-shot. A Miesha até me ajudou, dizendo que lutaria comigo e que achava que eu poderia ser a próxima.
Como você analisa a Miesha Tate?
A Miesha é uma pessoa que absorve pancada. Ela realmente aguenta muito, e volta na luta. Esse é o diferencial dela: ela assimila bem as pancadas. Isso é a única coisa que ela tem de forte no meu ponto de vista.
Na sua última luta, você foi criticada por "cansar" no fim do combate, mas você já disse que tem algumas dificuldades com o ar seco de Las Vegas. Foi isso o que te atrapalhou? Pretende fazer algo a respeito?
O ar de Vegas, para mim, é complicado. Eu chego lá e meu nariz começa a sangrar. Tenho que andar com uma garrafa de água o tempo todo e hidratar muito. Minha nutricionista até definiu que eu preciso beber dois galões de água por dia lá. Eu moro na Flórida, e aqui o clima é bem úmido, então quando chego em Vegas o choque é grande, e sinto bastante até nos treinos. No primeiro treino que fiz em Las Vegas eu quase morri! Tive que pedir licença para poder tomar um ar.
Estou indo mais ou menos um mês antes para isso não me afetar na luta. Vou viajar alguns dias antes para me adaptar. Não tinha porque eu cansar no terceiro round! Sou disciplinada, gosto de treinar, de estar bem. Faço mais de cinco rounds na academia. Agora é solucionar. É por isso que a gente volta para a academia e treina: tem que consertar os erros.
Você sentiu isso pela primeira vez na luta contra a Cat Zigano. Ficou surpresa de acontecer de novo na luta contra Shevchenko?
Até falei para o meu treinador que estava com a garganta seca. Na minha cabeça, pensava: "Aconteceu de novo isso. Que droga!". Na luta contra a Cat eu não consegui administrar porque foi a primeira vez que isso aconteceu comigo, não sabia o que fazer. Você fica desesperada. Na segunda, você pensa: "Ok. Já passei por isso. Vou sobreviver". Foi o que eu fiz na última luta. Agora isso não vai acontecer. Eu vou treinar naquele ar, vou me acostumar. Tem gente que não tem problema, mas isso me afeta.
A Miesha é uma excelente wrestler, que está sempre buscando as quedas, e você é conhecida pelo poder de nocaute. Como os seus estilos de luta combinam?
Eu venho do chão, mas aprendi a trocação bem rápido. Eu acabava perdendo no chão porque explodia no striking, mas, quando chegava embaixo, já estava cansada e não conseguia desenvolver meu jogo. Eu sou faixa-preta de jiu-jítsu e treino grappling minha vida toda, mas não estava conseguindo mostrar isso porque queimava meu gás antes. Agora é outra etapa da minha vida. Aprendi a dosar meu gás nos tempos de luta, e hoje já sei o que posso fazer e qual o momento certo. Eu finalizei a McMann, que é uma grappler, foi medalha de prata nas Olimpíadas como wrestler.
Como você visualiza a luta?
Eu vou subir lá e vou disputar aquele cinturão, que é o que eu mais queria. Zebra ou não, aquele dia vai ser nosso. Eu não me importo com isso. O que importa é aquele cinturão na minha cintura. Poderia ser qualquer evento, em qualquer lugar - o que eu mais quero é o cinturão.