Eventos
Em 2008, a mulher mais temida do planeta era Cris Cyborg.
Claro, havia lutadoras de elite ao seu redor, mas com anos e anos no topo, ninguém chegou perto de tocar na brasileira. Literalmente. Invicta desde que perdeu a primeira luta profissional de sua carreira em 2005, Cyborg ficou 21 lutas sem saber o que era perder e, para ser franco, ninguém chegou nem perto de vencê-la.
No caminho, ela derrotou Shayna Baszler, Gina Carano e Marloes Coenen, e quando chegou ao UFC, ela ganhou cinturão peso-pena ao nocautear Tonya Evinger, e em seguida bateu Holly Holm por decisão.
Mas foi depois da luta de Holm que Cyborg foi desafiada por Amanda Nunes, a rainha do peso-galo.
Amanda já havia enfrentado adversidades no UFC, chegando a perder um combate em 2014 para Cat Zingano. Porém, após esse revés, ela conquistou seis vitórias consecutivas, incluindo duas sobre Valentina Shevchenko, Miesha Tate e Ronda Rousey. Se houvesse uma lista de mulheres peso por peso naquela época, Cyborg e Nunes seriam provavelmente primeira e segunda colocadas.
Então, olhando para trás, pareceu ser natural que ambas se enfrentassem. Naquela época, porém, havia a sensação de que Amanda poderia estar tentando morder algo maior do que sua boca, especialmente se ela subisse ao peso-pena.
"Ela me desafiou após a luta de Holly Holm e eu aceitei imediatamente", disse Cyborg na época. "Quando se desafia alguém, não se pode pedir nove meses para treinar. Se alguém for à sua casa agora, tranca a porta e diz: 'Vou te dar uma surra', você vai dizer: 'Ok, espere, tenho que fazer cem flexões, tenho que fazer trabalho de saco, preciso começar a correr'. Não. Você tem que estar pronto para fazer isso".
Amanda não deixou barato e mostrou suas armas, provando que estava pronta para a campeã peso-pena e que era apenas uma questão de assinar o contrato.
Confira o perfil de Amanda Nunes
"Eu fui a primeira mulher a pedir pela Cyborg porque quero e gosto de um desafio", disse Amanda. "Quando a ideia surgiu entre mim, meu treinador e Nina (Nunes), eu decidi imediatamente, 'vamos fazer isso'. Foi algo natural, e eu sei do que sou capaz. Por que não tentar isso? Naquele momento, decidi desafiá-la. Acho que outras garotas não fazem isso porque podem ter medo da Cyborg ou algo parecido, mas eu não tenho. Eu sou uma Leoa".
E em 29 de dezembro de 2018, a super-luta aconteceu no The Forum em Inglewood, Califórnia. Eis como eu a vi naquela noite:
Amanda Nunes fez história de mais de uma forma no The Forum, em Inglewood. Com seu estonteante nocaute de 51 segundos sobre Cris Cyborg na luta co-principal do UFC 232, Amanda se tornou a primeira mulher a ter cinturões do UFC em duas categorias, entra no seleto hall dos lutadores que possuíram dois títulos simultaneamente e é a primeira lutadora a derrotar sua compatriota em mais de 13 anos.
Foi um sábado e tanto para a "Leoa", a campeã peso-galo e peso-pena do UFC. Ela agora tem dois cinturões para colocar em sua caixa de troféus, juntamente com uma lista de vitórias sobre Cyborg, Ronda Rousey, Miesha Tate e Valentina Shevchenko.
Já soa como um currículo do Hall da Fama do UFC, e se houvessem dúvidas, provavelmente foram silenciadas.
Não houve nenhum estudo, com Cyborg e Amanda indo para cima uma da outra de forma imediata no Octógono. Mas no meio das trocas de golpes, Nunes provou ser mais rápida e precisa, acertando diversos golpes antes de vir uma potente direita para acabar com a noite Cyborg. O árbitro Marc Goddard parou a luta 51 segundos depois dela começar.
Em poucas palavras, foi um combate avassalador, e Amanda saiu vencedora. Uma apresentação brilhante da lutadora, e nenhuma vergonha para Cyborg. Este foi um caso de duas grandes lutadoras que ousaram ser grandes uma contra a outra, e tivemos sorte em ver isso.
Tags