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Atletas

Análise de momento: peso-médio

Israel Adesanya consolidou seu status de estrela conquistando o cinturão em 2019, mas muitos desafios o aguardam nos 84 Kg

Um dos fatos mais estranhos em um esporte cheio deles é que antes de Israel Adesanya defender seu cinturão no UFC 248 contra Yoel Romero, o último peso-médio a manter o título havia sido Michael Bisping quando venceu Dan Henderson mais de três anos antes. Muito disso tem a ver com as lesões de Robert Whittaker, problemas de Romero com a balança e o rápido retorno de Georges St-Pierre à ação, mas mesmo assim, é como se a categoria tivesse uma tração contrária enquanto Adesanya buscava um reinado ativo como campeão. Felizmente para ele, há uma série de opções em um futuro próximo, assim como a longo prazo.

Campeão: Israel Adesanya
(19-0, 14 nocautes)
Israel Adesanya 2 CT

Adesanya sumó su octava victoria al hilo en UFC, una de las rachas ganadoras más largas en la historia del octágono. 


Última luta: vitória por decisão unânime sobre Yoel Romero (7/3/2020)

Próxima luta: a definir

Panorama: desde que entrou no plantel do UFC há pouco mais de dois anos, Adesanya deu conta de cada tarefa que teve e ainda aproveitou os holofotes no caminho. Se não fosse por Jorge Masvidal, ele seria de forma isolada a grande estrela de 2019. Ele emendou uma Luta da Noite com Anderson Silva na Luta do Ano com Kelvin Gastelum, que lhe rendeu o cinturão interino e garantiu o encontro com Robert Whittaker. Então, em frente ao maior público da história da organização, ele nocauteou Whittaker e fez parecer fácil. Apesar de a primeira defesa de título contra Yoel Romero ter deixado mais dúvidas que respostas, o que importa é que o encontro com Paulo Borrachinha permanece intacto. Esteticamente, este duelo grita empolgação. Sim, o arsenal ofensivo de Adesanya é o que ocupa as manchetes, mas o que faz dele tão duro é sua capacidade defensiva. Ele defende 86,5% das tentativas de quedas dos adversários, maior número da história entre pesos-médios. Combine isso com seu QI de luta e sua abordagem meticulosa, e é divertido pensar qual será sua estratégia pelo pedaço de granito brasileiro que é Borrachinha.

1) Robert Whittaker
(21-5, 10 nocautes, 5 finalizações)

Última luta: derrota por nocaute para Israel Adesanya (6/10/2019)

Próxima luta: a definir

Panorama: quando Robert Whittaker subiu aos pesos-médios, ele imediatamente construiu uma sequência de oito vitórias seguidas com sete bônus, incluindo quatro lutas da noite. Problemas médicos interromperam seu ritmo quando ele venceu Yoel Romero (pela primeira vez) e conquistou o cinturão interino dos médios, que mais tarde seria promovido a linear. Ele fez mais cinco rounds com Romero em uma das melhores lutas de 2018, mas novos problemas médicos o impediram de enfrentar Kelvin Gastelum na sequência. Apesar de ter perdido o título para Adesanya, a verdade é que Whittaker tem apenas 29 anos de idade e muito tempo pela frente. Poucos atletas são tão durões e completos como Whittaker. Como um dos atletas mais respeitados do Octógono, tudo o que ele precisa é de um par de lutas para voltar aos trilhos e se reafirmar como o principal desafiante. Para os fãs, no entanto, já basta ver um Whittaker saudável de volta ao Octógono com regularidade.

2) Paulo Costa
(13-0, 11 nocautes, 1 finalização)

Última luta: vitória por decisão unânime sobre Yoel Romero (17/8/2019)

Próxima luta: a definir

Panorama: é incrível ver o quão cru era Paulo Borrachinha quando ele competiu no TUF Brasil em 2014. Quando finalmente chegou ao Ultimate anos depois, ele era um lutador devastador, poderoso e incansável. Dono de uma ética de trabalho que vem desde antes de seus atuais 28 anos de idade, Borrachinha provou que não é capaz somente de conectar bombas, mas também de absorvê-las na vitória por decisão unânime sobre Yoel Romero na Luta da Noite do UFC 241. Essa foi a primeira vez que o brasileiro não liquidou seu adversário antes do fim do combate, e ele terá que repetir o esforço quando eventualmente enfrentar Israel Adesanya pelo título. Praticamente um oposto do nigeriano em termos físicos, Borrachinha terá sua disciplina sendo testada nessa luta, mas ele carrega uma força bruta que pode definir o duelo. Você não ganha um apelido de “Borracha” se não for capaz de apagar os adversários, e é exatamente isso que ele faz.

3) Jared Cannonier
(13-4, 9 nocautes, 2 finalizações)

Última luta: vitória por nocaute técnico sobre Jack Hermansson (28/9/2019)

Próxima luta: a definir

Panorama: a transformação de Jared Cannonier dos seus dias de peso-pesado em peso-médio é impressionante, mas sabendo da dedicação com que o lutador corre atrás de suas convicções, não chega a ser surpreendente. E ele está colhendo os frutos. Em três lutas nos 84 Kg, ele tem três vitórias por nocaute e em nenhuma passou do primeiro minuto do 2º round. Seu absoluto poder de nocaute chamou a atenção de Israel Adesanya, apesar de o campeão dos médios acreditar que Cannonier ainda está a uma vitória dominante de garantir seu title shot. Ele quase teve a chance de conquistá-la contra Robert Whittaker e em seguida Darren Till, após a luta contra Whittaker cair, mas sofreu uma lesão e terá que esperar um pouco mais para seguir na corrida pelo cinturão.

4) Yoel Romero
(13-5, 11 nocautes)

Última luta: derrota por decisão unânime para Israel Adesanya (7/3/2020)

Próxima luta: a definir

Panorama: o pedigree de Romero como um dos atletas mais bizarramente explosivos do plantel já é merecido antes mesmo de considerar que o medalhista de prata nas Olimpíadas tem 42 anos de idade. Apesar disso, o nocauteador cubano vem de uma sequência complicada, tendo perdido quatro de suas últimas cinco lutas, e não batido o peso em duas de suas quatro disputas de título no período. Seu empresário disse que apesar de ser provavelmente um “porteiro” da divisão neste momento, Romero tem capacidade de acumular dois nocautes e voltar imediatamente à briga pelo title shot. É incrível pensar nisso, considerando sua idade, mas, neste momento, enquanto Romero seguir desafiando a lógica, nada está fora de cogitação. Mesmo que sua mais recente disputa de cinturão tenha sido provavelmente a luta mais anticlimática de sua carreira, há de se acreditar que Romero não irá a lugar nenhum tão breve.

5) Darren Till
(18-2, 10 nocautes, 2 finalizações)
NEW YORK, NEW YORK - NOVEMBER 02: (L-R) Darren Till of England punches Kelvin Gastelum in their middleweight bout during the UFC 244 event at Madison Square Garden on November 02, 2019 in New York City. (Photo by Josh Hedges/Zuffa LLC)
NEW YORK, NEW YORK - NOVEMBER 02: (L-R) Darren Till of England punches Kelvin Gastelum in their middleweight bout during the UFC 244 event at Madison Square Garden on November 02, 2019 in New York City. (Photo by Josh Hedges/Zuffa LLC)

Última luta: vitória por decisão dividida sobre Kelvin Gastelum (2/11/2019)

Próxima luta: a definir

Panorama: o mais recente membro da elite dos médios também é muito bem-vindo. Após perder a disputa pelo cinturão dos meio-médios para Tyron Woodley e ser nocauteado por Jorge Masvidal na sequência, Till tirou um tempo para reavaliar as coisas e finalmente fez a aguardada mudança para os 84 Kg. Ele disse que a subida de peso permitiu que ele finalmente trabalhasse em seu físico em termos de força e condicionamento, e em sua estreia na categoria contra Kelvin Gastelum, pareceu forte e saudável. A abordagem de Till no combate foi metódica, comedida e técnica, e após o confronto, ele falou sobre a ansiedade que havia sentido. Till parece estar em um bom lugar e tem constantemente provocado possíveis adversários nas redes sociais - a não ser, com muito humor, Yoel Romero - e parece que a nova divisão é perfeita para ele. Um bom lutador de muay thai, com uma atitude que fez dele uma estrela em ascensão, Till esteve ligado a um possível duelo com Jared Cannonier no UFC 248 antes de uma lesão tirar o norte-americano de combate. Um duelo com Robert Whittaker também foi especulado, e certamente serviria para Till provar se realmente pertence à nata dos 84 Kg.

Ainda no mix:
Jack Hermansson, Kelvin Gastelum, Derek Brunson, Edmen Shahbazyan

Panorama: com uma vitória em menos de um minuto sobre David Branch e um triunfo por decisão contra Ronaldo Jacaré, Jack Hermansson estava em uma campanha que o levava rapidamente ao topo da categoria. Apesar de ela ter sido interrompida por um uppercut de Jared Cannonier, o sueco ainda tem muito a dizer nos 84 Kg. Um dos mais completos atletas da categoria, Hermansson tem capacidade de encerrar combate tanto em pé, quanto no chão. Poucos conseguem esquecer o nocaute de Kelvin Gastelum sobre Michael Bisping, mas em um esporte em que o timing é tão valioso, o de Gastelum não tem estado a seu favor. O que era para ser uma disputa de título linear com Robert Whittaker se transformou em uma luta pelo cinturão interino com Israel Adesanya em que, apesar de ter sido a melhor luta do ano, deixou Gastelum de mãos vazias. Seu duelo com Till terminou de maneira igualmente decepcionante, e Kelvin agora procura um caminho de volta ao topo, embora ninguém fosse reclamar de uma revanche com Adesanya. Derek Brunson segue flutuando logo abaixo do Top 5 alternando sequências de vitórias e derrotas nas últimas oito lutas. Escalado para encarar o promissor Edmen Shahbazyan, Brunson tem nova oportunidade de provar que não é um mero degrau na categoria. Mas não será fácil, já que Shahbazyan é um dos prospectos mais interessantes dos últimos tempos. Com apenas 22 anos de idade, o “Garoto de Ouro” liquidou todos, exceto um de seus oponentes no 1º round. Relevado pela Glendale Fighting Club, Shahbazyan melhora a cada aparição no Octógono. Seu nocaute sobre Brad Tavares no UFC 244 foi uma enfática afirmação de que a divisão tem um jovem e extremamente confiante contender que pode fazer muito barulho antes do que se imagina.

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