“A diferença (entre eu e os outros strikers do MMA) é que eles tentam trocar, e eu, eu sou um trocador”, ele explicou, “Tudo o que eu toco cai como folhas de uma árvore no outono”.
Para a maioria dos lutadores, este seria o momento de largar o microfone, o sinal de que tudo já foi dito. Muitos também estariam exagerando um pouco (ou muito, dependendo do lutador). Mas quando é o estreante no UFC Gokhan Saki falando, uma rápida olhada para seu cartel de 83-12, 1 NC no kickboxing profissional confirma que seu currículo no ringue é um daqueles que poderia ser colocado na pasta de “nada mais a provar”.
Mas aqui está ele, a poucos dias de fazer sua estreia no octógono contra Henrique da Silva no Japão, aos 33 anos e buscando escalar uma nova montanha. Ele se testou no MMA uma vez, perdendo em 2004 para o ex-UFC James Zikic, e, agora, existe uma sensação de negócios inacabados para o “Rebelde”.
“A primeira vez que lutei MMA foi em 2004”, se lembra Saki, “Tinha saído de uma casa noturna e recebi uma ligação do meu treinador de kickboxing. ‘Você quer lutar no Reino Unido?’, respondi que estava cansado e havia acabado de sair da boate, mas ele me convenceu a lutar no mesmo dia. Então, algumas horas depois, peguei um vôo para o Reino Unido. Quando aterrissei, me disseram que era MMA. Eu nunca havia ouvido falar de MMA, isso foi há 13 anos, achei que era uma companhia de seguros”.
Ele dá risadas, e apesar de ninguém gostar de perder, não é como se a luta com Zikic tivesse definido a carreira de Saki. Mas algo em sua cabeça sempre lhe disse para dar uma nova chance para o MMA.
“Eu não estava preparado da primeira vez, apenas arrisquei”, disse, “Agora, estou preparado. Conquistei quase todos os títulos que existem no kickboxing. Fui campeão mundial, lutei em divisões diferentes e não havia mais desafios para mim no kickboxing. A competição é fraca. O UFC é um novo desafio para mim e quero levar aquele cinturão para casa e ser o lutador mais completo do mundo. Sou sempre um curioso - como eu me sairia no boxe, como me sairia no MMA. Às vezes você precisa parar de se perguntar e descobrir a resposta”.
A resposta que o brasileiro Henrique “Frankenstein” quer dar é de que era melhor para o holandês permanecer no ringue. Saki tem uma opinião diferente, apesar de saber que todo lutador que ele encontrará com luvas de quatro onças tentará levá-lo para o chão.
“É um grande elogio”, disse, “Isso significa que estão admitindo que não conseguem vencer trocando comigo; eles sabem que vão perder. Então, com isso na mente deles, já estou vencendo por 1 a 0. Não espero que ninguém na minha divisão queira trocar comigo, é preciso muita coragem para isso, então venho trabalhando na minha defesa de quedas. Mas para tudo existe uma estratégia. Se alguém atacar, haverá consequências. A primeira coisa que verão depois disso é o médico do UFC e seu treinador quando abrirem os olhos”.
Se Saki já soa como seu novo lutador favorito do UFC, isso não é uma surpresa, mas vale voltar e assistir suas lutas de kickboxing contra Badr Hari, Alexey Ignashov, Ray Sefo, Remy Bojansky, Tyrone Spong, Peter Aerts, Melvin Manhoef, Alistair Overeem, Semmy Schilt e Rico Verhoeven para ver que suas declarações são baseadas na realidade, não em mitos. Saki é um striker do mais alto nível, e ele provavelmente dará um show em pé em sua primeira luta desde 2015. Se ficar de pé. Mas Saki investiu tempo para garantir que estará pronto para as regras do MMA na sexta-feira.
“Não luto há anos, então é normal estar um pouco enferrujado”, admite, “O treinamento foi duro e existe uma distância diferente no MMA do que a do kickboxing, então tive muitos ajustes para fazer e coisas novas para aprender. Mas sobretudo serei eu agindo como eu mesmo, e deixarei meus oponentes se ajustarem ao meu estilo e não o contrário”.
Essa mensagem não vai apenas para Henrique, mas para toda a divisão dos meio-pesados. Saki não está citando nomes, contudo, ele está apenas querendo derrubar algumas árvores.
“Não estou aqui para vencer lutas, estou aqui para nocautear as pessoas”, disse, “Quero entreter meus fãs e dar a eles o que eles querem. A única coisa em que posso pensar é no cinturão e realmente não penso muito nos outros. Estou focado em mim mesmo. Quero mostrar as pessoas minha melhor versão e ainda estou melhorando a cada dia. Você consegue imaginar que tipo de monstro estão criando? É como um filme da Marvel”.
