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Bethe se identifica com 'momento duro' de Ronda, e não descarta revanche com rival

Brasileira falou sobre antiga rival, revanches e Miesha Tate

 
2015 foi o ano em que campeões dominantes do UFC caíram. Cain Velasquez, que capturou duas vezes o cinturão dos pesados, foi finalizado por Fabricio Werdum. José Aldo perdeu uma invencibilidade de uma década e a hegemonia dos pesos-penas ao ser nocauteado por Conor McGregor. Por fim, Ronda Rousey, que havia vencido de maneira avassaladora e rápida em suas últimas três lutas, foi completamente dominada e acabou nocauteada por Holly Holm, sofrendo a primeira derrota da carreira.

O revés ainda afeta a ex-campeã peso-galo. Antes considerada uma das maiores estrelas do MMA, e com uma agenda que incluía inúmeras aparições em programas de televisão e sessões de fotos, a norte-americana passou um período reclusa e, aos poucos, está voltando a aparecer na mídia.

Quem entende esse período de "luto" de Rousey é justamente uma de suas últimas desafiantes, Bethe Correia. A brasileira perdeu a invencibilidade pelas mãos de 'Rowdy' em agosto e, desde então, usou seu tempo para se reinventar. Depois de passar dois meses nos Estados Unidos, treinando com a equipe da American Kickboxing Academy, a 'Pitbull' conversou com a reportagem do UFC.com.br e mostrou certa identificação com a situação, mas sem deixar de alfinetar a antiga rival.

"Eu sabia que uma hora a Ronda iria perder. Ela está escondida até hoje, não quer aparecer. Soube que anda chorando bastante. Eu entendo completamente, porque passei por isso. A Ronda é uma atleta que, como eu, fala a verdade, o que pensa, não tem medo de críticas. (...) A Ronda e eu somos similares nisso, e quando você (é assim e) perde, vai ser três vezes mais criticada. Foi o que aconteceu com ela. Acho que é um momento duro para ela por isso. Assim como eu, ela desejava se aposentar invicta. Eu vibrei, porque ela disse que iria tirar a minha invencibilidade e se aposentar invicta, e ela não vai", disse.

Confira a entrevista na íntegra com Bethe Correia:

Você recentemente completou dois anos como atleta do UFC. Pode fazer um balanço de como a sua vida mudou nesses últimos dois anos?

Não foi fácil. Eu comecei numa idade já avançada, onde ninguém mais acreditava em mim. Estava em uma vida muito cheia de tédio, muito triste. Eu não acreditava nada na minha vida profissional, achava que não ia alcançar nada, quando eu me deparei com a luta, com o MMA. Naquela época nem tinha mulheres no UFC. Sabia que tinha que compensar minha idade, em comparação com as minhas adversárias que treinavam desde crianças ou adolescentes, então treinava muito, de forma obsessiva. Só eu sei o que passei para chegar no UFC, por isso dou valor a cada minuto, a cada segundo, a cada contrato que tive assinado.

Eu vejo, por exemplo, a Miesha Tate. Uma atleta do UFC ficar chateada porque não foi atendido seu pedido e sair reclamando, dizendo que iria se aposentar. Achei um absurdo, porque eu suei muito a camisa para entrar no UFC, e dou valor a cada segundo que estou ali dentro. Por isso que acho que ela não tem esse mérito todo de querer ser a desafiante, de querer ser tão alto no ranking dessa forma. Acho que as pessoas que devem estar lá em cima são as pessoas que valorizam seu time, sua posição, que querem ser campeãs. Uma pessoa que sai reclamando de uma decisão que a organização tomou para melhor, e sai falando de aposentadoria, acho que não tem mérito nenhum. Acho que ela nem deveria estar mais no plantel.

Todos os minutos que tenho, vou dar tudo de mim para chegar um dia e ser campeã, ser a número um. Quero representar bem o UFC. Acho que ela não tem nenhum mérito, e além de tudo não sabe o que eu passei para chegar onde cheguei, para ela abrir a boca e falar da minha derrota para a Ronda e me chamar de novata. Todo mundo pode cair, pode ser nocauteado. Quer dizer que só porque o Aldo foi nocauteado em 13 segundos, ele é um novato? Isso é absurdo. Nada apaga o passado. As pessoas têm mania de esquecer o seu passado por causa de uma derrota. Eu vinha invicta em nove lutas, acho que isso não pode se apagar de jeito nenhum. Ainda bem que eu tenho a cabeça boa e hoje estou muito mais forte, até para acertar minhas contas com ela, porque ela vem me provocando desde o início.

Impossível não falar de Ronda Rousey com você. Como você analisa essa derrota para a Holly Holm? Não se identificou com a situação dela, já que você também era uma atleta invicta que perdeu em uma luta muito importante?

Não poso ser hipócrita e dizer que não fiquei feliz. Acho que o que eu vivi com a Ronda foi muito real. Nós implicamos uma com a outra de uma forma que virou uma bola de neve, e ela me magoou muito com as palavras e algumas coisas que ela fez que vi que não eram de boa índole. A gente tem um algo bem pessoal, não é só questão de luta. Demonstrei bastante minha felicidade, não tinha como. Eu sabia que uma hora a Ronda iria perder. Ela está escondida até hoje, não quer aparecer. Soube que anda chorando bastante. Eu entendo completamente, porque passei por isso. A Ronda é uma atleta que, como eu, fala a verdade, o que pensa, não tem medo de críticas. Nesse aspecto ela é bem franca mesmo, diferente da Miesha Tate, que é mais sonsa. (A Miesha) cutuca a onça com a vara curta, e quando a onça vai atacar, ela faz aquela carinha de santa e diz 'que foi que eu fiz?'. A Ronda e eu somos similares nisso, e quando você (é assim e) perde, você vai ser três vezes mais criticada. Foi o que aconteceu com ela. Acho que é um momento duro para ela por isso. Assim como eu, ela desejava se aposentar invicta. Eu vibrei, porque ela disse que iria tirar a minha invencibilidade e se aposentar invicta, e ela não vai.  

Agora que ela não é mais a campeã, ainda tem vontade de enfrentá-la? Qual a prioridade, Ronda ou cinturão?

Eu quero lutar pelo título, quero ser a campeã. Quero demais aquele cinturão na minha vida. Acho que não vou parar até eu conseguir isso. Meu foco sempre será o cinturão. Quero fazer uma luta para mostrar meu desempenho, ganhar uma bonificação, para ano que vem disputar o cinturão. E quero sim também uma revanche com a Ronda. Meu currículo está manchado com uma derrota e só vai limpar quando lutar com ela novamente e vencer, e resolver minha questão pessoal com ela.

Você e a Miesha Tate estão trocando provocações pelas redes sociais. Acha que essa luta vai acontecer?

Acho que o mundo todo que está acompanhando o Twitter quer ver essa luta. Realmente, é uma implicância verdadeira que quem começou foi ela. Eu tenho como provar que quem começou a falar um monte de porcaria foi a Miesha Tate, e eu sempre vou me defender. Às vezes para se defender você tem que atacar também, e é o que está acontecendo. Acho que só vai acabar isso quando a gente se resolver no octógono. Espero que seja logo.