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Blog do Marcelo Alonso

Brasileiros podem disputar até 7 cinturões em 2019

Após três anos sem muitas razões para celebrar, os fãs brasileiros estão voltando a rir à toa. Não só pelos excelentes resultados (os brasileiros venceram 22 lutas das 38 disputadas nestes nove primeiros eventos do ano), mas principalmente pelo fato de representantes nacionais terem chances reais de títulos, ainda este ano, em sete categorias. Três delas até o meio do ano.

É isso mesmo. Teremos atletas brasileiros disputando cinturão na luta principal de três dos próximos quatro UFC’s numerados.

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Na luta principal do UFC 237, 11 de maio no Rio de Janeiro, Jéssica Bate-Estaca disputará o cinturão peso-palha com Rose Namajunas. No dia 8 de junho em Chicago, no UFC 238, será a vez de Marlon Moraes lutar com o campeão dos moscas Henry Cejudo pelo cinturão dos galos, que ficou vago após TJ Dillashaw ser flagrado no doping. E no dia 6 de julho em Las Vegas, segundo informação dada por Dana White à ESPN e ainda não confirmada oficialmente pelo UFC, será a vez de Thiago Marreta enfrentar Jon Jones na luta principal do UFC 239.

Brasil

O curioso é que não se pode dizer que as chances de título do Brasil se restringem a estas três divisões. Se analisarmos os rankings das 10 divisões do UFC onde brasileiros não têm cinturões, existem lutadores nacionais com chances reais de lutarem pelo título em pelo menos mais quatro delas.

O domínio das meninas do Brasil não é surpresa pra ninguém; a novidade está na recuperação das categorias masculinas. No peso Mosca (até 56.7kg), que ganhou sobrevida quando Henry Cejudo abriu o ano atropelando o campeão dos galos, TJ Dillashaw, a vitória de Jussier Formiga (#1) sobre o invicto Deiveson Figueiredo (#4), no dia 23 de março, pode levar o brasileiro a ser o próximo a disputar o cinturão.

Com a definição de que Cejudo subirá para disputar o cinturão dos galos com Marlon Moraes, é provável que Formiga ainda faça mais uma luta contra Joseph Benavidez (#2), que já o venceu em 2013. Caso vença a revanche, certamente Formiga teria carimbada a chance de lutar pelo cinturão dos moscas. A não ser que o UFC confirme os boatos sobre a extinção da divisão, o que levaria os cinco brasileiros que estão entre os Top 10 (Formiga, Deiveson, Wilson, Pantoja e Bontorin), a subirem imediatamente para o peso-galo. Aguardemos os próximos capítulos.

Entre os Penas (65.8kg), a subida do campeão Max Holloway para os leves deixou o nosso campeão do povo José Aldo na primeira posição do ranking. Depois de duas exibições de gala, nocauteando Jeremy Stephens e Renato Moicano, se vencer Alexander Volkanovski no UFC Rio no dia 11 de maio, faz todo sentido que o maior peso-pena da história faça a última luta de seu contrato lutando pelo cinturão que foi seu entre 2011 e 2015. Não faltariam grandes opções para esta despedida. Quem sabe um duelo de gerações com Brian Ortega? Ou um clássico de campeões com Anthony Pettis? Mas por hora, vale focar na recuperação total da infecção no joelho e na dureza Volkanovski, que acaba de atropelar Chad Mendes completando uma sequência impressionante de 19 vitórias em 20 lutas, sendo 11 por nocaute. O fato é que, treinado, saudável e motivado lutando no Rio, Aldo entra como favorito.

A embolada divisão dos médios pode ter eliminatórias brasileiras

Entre os médios (até 83.9 kg), Ronaldo Jacaré (#3) acaba de voltar ao jogo. Infelizmente, mais uma vez o timing não joga a seu favor. Mesmo que consiga vencer a revanche com Yoel Romero (#1) no dia 27 de abril, tudo indica que Jacaré ainda teria que esperar a luta pela unificação do cinturão entre o vencedor de Adesanya (#5) e Gastelum (#4) e Robert Whittaker. Como a luta pelo cinturão interino vai ocorrer no dia 13 de abril, enquanto o campeão linear Whittaker ainda se recupera de uma cirurgia, tudo indica que a unificação só deva ocorrer depois de agosto. Desta maneira faria sentido que o vencedor de Jacaré x Romero ainda faça mais uma luta, possivelmente contra algum novo talento da parte de baixo do ranking.

Uma eliminatória entre Paulo Borrachinha (#7) e Cara de Sapato (#12) seria uma possibilidade para definir o próximo oponente do vencedor da luta entre Jacaré e Romero. Não podemos esquecer também que Anderson Silva (#15) enfrenta Jared Cannonier (#9) no UFC Rio em maio. Um outro confronto cujo resultado pode impactar nos próximos passos da divisão mais complexa do UFC na atualidade. Se considerarmos as possibilidades de contusões, surpresas com a USADA e etc., o leque de possibilidades ainda aumenta. Mas o fato é que o Brasil continua muito bem representado na divisão e com chances bem reais de disputar o título no final de 2019 ou no primeiro semestre de 2020.

Cigano na cola de Ngannou

Outra grata surpresa para o MMA brasileiro em 2018 foi a volta à cena do nosso ex-campeão Junior Cigano dos Santos. Depois da derrota para Miocic e de ser afastado pela USADA por quase um ano (até conseguir provar que o doping era conseqüência de uma contaminação cruzada), Cigano voltou ao Octógono motivado pelo nascimento do filho Bento, conseguindo uma sequência de três vitórias em oito meses (Blagoy Ivanov, decisão; Tai Tuivasa, TKO; e Derrick Lewis, TKO), voltando a topo da divisão como 3º do ranking dos pesados.

Uma trilogia com Miocic (#1) faria todo sentido, mas como o norte-americano anda afastado e negociando seu futuro com a organização, tudo leva a crer que o brasileiro possa lutar com o número dois do ranking, Francis Ngannou, que acaba de nocautear em apenas 26 segundos o ex-campeão Cain Velasquez. Como o atual campeão Daniel Cormier já disse que pretende adiar sua aposentadoria para tentar a tão sonhada superluta com Brock Lesnar, tudo leva a crer que um confronto entre Ngannou e Cigano poderia definir o próximo contender antes do final do ano.

Uma outra possibilidade seria Lesnar não conseguir liberação da USADA a tempo. Neste caso, o UFC certamente iria preferir colocar Ngannou à frente de Cigano, afinal o enredo já estaria pronto, pois o africano acabou de atropelar o principal parceiro de treinos de Cormier. Uma terceira hipótese seria o UFC convencer Jon Jones a subir para disputar o cinturão dos pesados na luta de aposentadoria de Cormier. Independentemente de qual das três opções seja escolhida pelos matchmakers, o brasileiro estaria a uma luta de voltar a disputar o cinturão que um dia já foi seu.

As 3 divisões onde o Brasil não tem chances a médio prazo

Apesar da boa fase em 9 das 12 divisões do UFC, em 3 delas os lutadores brasileiros não têm nenhuma expectativa: Leve (até 70.3kg), Meio-Médio (77.1kg) e Mosca feminino.

Na divisão de Khabib Nurmagomedov, Tony Ferguson e Conor McGregor, temos Edson Barboza (#6) e Charles do Bronx (#15), mas sejamos realistas, as chances são absolutamente remotas. Pelo menos à médio prazo.

A vitória de Kamaru Usman sobre Tyron Woodley trouxe novos ares para a divisão que um dia pertenceu ao recém aposentado GSP. Mas levando em conta que tanto Rafael dos Anjos (#5) quanto Demian Maia (#9) acabam de ser dominados pelo campeão, também não faz sentido sonhar com disputas de cinturão em 2019.

De qualquer maneira, vale ficar de olho na renovação brasileira nesta divisão. Elizeu Capoeira (#14), acaba de conseguir sua 7ª vitória consecutiva e vem impressionando. Outro novo talento nacional que vem surpreendendo entre os meio-médios é Vicente Luque, que acaba de protagonizar umas das melhores lutas do ano com Bryan Barbarena, emendando quatro vitórias consecutivas.

A categoria mosca, onde reina absoluta Valentina Shevchenko, era a única onde o Brasil não tinha nenhuma representante entre os Top 15. Mas no último final de semana, Jennifer Maia mudou o panorama. Com uma bela vitória sobre Alexis Davis, a representante da Chute Boxe se colocou em 10º lugar no ranking.

Walker e Marreta: três vitórias em cinco meses

Desde março de 2011, quando Maurício Shogun perdeu o cinturão para Jon Jones, que o fã brasileiro não tem grandes esperanças na divisão dos meio-pesados, onde já tivemos três campeões nestes 26 anos de UFC (Vitor Belfort, Lyoto Machida e Shogun). O fato é que a disputa entre dois dos melhores de todos os tempos, Cormier e Jon Jones, transformou esta divisão numa espécie de feudo americano.

Nos últimos cinco meses, porém, dois brasileiros voltaram a trazer esperança à nossa torcida com três nocautes impressionantes. Descoberto na edição brasileira do Contender Series, Johnny Walker atropelou três oponentes em pouco mais de dois minutos, conquistando a 13ª posição do ranking e merecendo elogios do próprio campeão, Jon Jones. Do jeito que vem agradando ao patrão, se conseguir mais duas vitórias convincentes Walker pode ter a chance de lutar pelo cinturão ainda em 2020.

E o maior exemplo de que este sonho pode virar realidade bem rápido é Thiago Marreta. Depois de cinco anos lutando para chegar entre os Top 12 dos médios, Thiago decidiu se arriscar na divisão de cima. E em apenas cinco meses atropelou Eryk Anders, Jimi Manwa (#7) e Jan Blachowicz (#4). Resultado, será o próximo a disputar o cinturão de Jon Jones, segundo entrevista dada por Dana White à ESPN.

Thiago está ciente que, se a luta for confirmada pelo UFC, ele será uma enorme zebra, aliás, como qualquer lutador do planeta que se propuser a entrar no Octógono com Bones. Mas certamente esta falta de obrigação de vencer servirá como combustível para o garoto da Cidade de Deus tentar fazer história. Afinal de contas, o imponderável tem aparecido com uma frequência impressionante nos últimos meses.

Quem apostaria num nocaute de Cormier sobre Miocic no 1º round? Ou numa vitória de Cejudo sobre Dillashaw em 32 segundos? Ou mesmo num atropelo de Amanda Nunes sobre Cris Cyborg em 51 segundos? Independentemente de previsões, o que importa é que depois de anos sem grandes chances de título, finalmente o fã nacional começa 2019 com chances reais de ver até sete brasileiros se juntando a Amanda Nunes no plantel de campeões do maior evento de MMA do mundo.

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