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Brendan Schaub - Representando a nova geração no pesado

Por Thomas Gerbasi

Brendan Schaub foi, segundo ele mesmo, infeliz. Depois de dedicar boa parte da sua vida para o football – na Overland High School, pela Universidade do Colorado, com o Utah Blaze na Arena Football League – ele finalmente chegou ao ponto onde não agüentava mais a grade de ferro (parte da proteção do capacete do football).

Essa conclusão surgiu no campo de treino do Buffalo Bills, time da NFL. Mas Schaub não é de abandonar, e mesmo com a idéia de lutar profissionalmente surgindo na sua cabeça, ele ia dar o máximo de si nos campos. Chegar ao time foi um processo longo, algo que ele avisou ao seu pai, mas quando ele torceu o tendão, ele soube que os seus dias de jogador profissional de football estavam encerrados.

“Meu coração não estava naquilo,” disse Schaub, que nunca teve oportunidade de jogar pela NFL. “Eu estava praticando jiu-jitsu e boxe para me manter em forma e sabia que esse era, definitivamente, o caminho que deveria seguir.”

O próximo passo foi informar o seu pai da decisão.

“Mesmo quando eu estava no campo em Buffalo, eu estava infeliz jogando football. Eu sabia que queria lutar. Eu disse para o meu pai ‘eu sou um atleta sem agente, as chances de chegar ao time não são boas, não tenha esperanças demais.’ Obviamente, quando cheguei em casa, meu pai estava com a caneca do Buffalo Bills na mão e a bandeira do time do lado de fora da casa.”

Schaub ri ao lembrar da história, mas na época foi o momento de uma conversa séria, onde ele disse ao seu pai – um faixa preta em karate e tae kwon do – que ele daria uma chance à luta.

“Brendan,” disse seu pai, “existem caras que têm feito isso durante toda a vida. Esses caras são ‘assassinos’.”

“Eu posso fazer isso,” o filho respondeu, e em 2006 ele passou a competir em competições amadoras de jiu-jitsu e venceu o Colorado Golden Gloves de 2007 no boxe, nocauteando todos os seus oponentes.

O pai ficou impressionado.

“Esse garoto pode ser bom,” ele disse

Em 2008, Schaub estreava como profissional nas Artes Marciais Mistas com um TKO em 30 segundos sobre Jay Lester, e agora, um ano e meio depois, ele está a uma vitória de conquistar um contrato com o UFC pelo reality The Ultimate Fighter. Isso é que é uma jornada.

“Eu nasci para lutar e acho que isso é notório. Eu luto com muita paixão e emoção à flor da pele. No caso do football, eu fazia desde criança, mas eu também fazia artes marciais e eu sabia aonde isso iria me levar.”

Se as suas primeiras quatro vitórias como profissional (todas por nocaute em 1:27 ou menos) e suas três primeiras conquistas na casa do TUF servem como alguma indicação, o lutador de 26 anos está com tudo. Isso não foi visto nas primeiras informações sobre o reality, principalmente porque a Kimbo Slice mania ofuscou todos os outros lutadores da casa.

“Depois que os primeiros episódios foram ao ar, eu saía para jantar e as pessoas falavam comigo ‘e ai, cara, você viu o novo Ultimate Fighter com o Kimbo?’” ele sorri. “’Sim, na verdade, eu estou nele.’ Foi isso que aconteceu nas primeiras semanas antes deles começarem a me mostrar mais. E, depois que toda essa história do Kimbo acabou, eu fiquei feliz deles mostrarem outros caras, como eu.”

E quando Schaub passou a ganhar mais tempo no ar, ficou claro que ele se tornaria uma força a ser reconhecida dentro do reality. Schaub e seu oponente nas finais do TUF10 no sábado – companheiro de time Roy Nelson – começaram a dar a impressão que, eventualmente, lutariam para valer.

“Eu e Roy fomos espertos dentro da casa – nós não mostramos tudo que tínhamos no treinamento e evitamos um ao outro. Nós nos ajudaríamos aqui fora, pois somos amigos, mas quando estávamos treinando, éramos meio sacanas um com o outro, pois sabíamos que existia uma boa possibilidade de acabarmos nos enfrentando no final. Quando você mora com um cara por seis semanas e vê o jeito que ele come, treina, e coisas desse tipo, isso se torna como qualquer outra coisa, lutar com um parceiro de treinos.”

Mas enquanto Schaub é abençoado com talento natural e o potencial para grandes conquistas no mundo da luta, Nelson está lá e fez isso no esporte, tendo encarado alguns dos melhores lutadores do mundo na sua carreira. Então, o que vencerá no sábado? Talento cru e potencial ou experiência?

“Roy nunca lutou com um cara como eu, posso garantir. Eu sei que ele já lutou contra caras fortes e eu dou a ele todo o crédito do mundo, mas ele nunca entrou na cage com um cara como eu. Ele, definitivamente, terá suas mãos ocupadas e ele sabe disso. Nós treinamos juntos no The Ultimate Fighter, nós nos conhecemos, mas eu fico com o talento sobre a experiência.”

Além disso, eles são os inatingíveis, com Schaub sobrevivendo a uma situação complicada e conquistar a vitória. No programa, Schaub teve problemas nas lutas com Jon Madsen e Marcus Jones antes de conquistar as vitórias por nocaute. Esse tipo de coisa não se ensina.

“Eu acho que isso vem do fato de ter um irmão mais velho sempre implicando, e ser o mais novo crescendo. Eu aprendi isso, de coração, brincando com crianças mais velhas que eu e isso aparece no cage. Eu me orgulho da minha técnica, mas quando as coisas dão errado, eu sempre posso contar com o meu coração, e uma coisa que eu sei é que na casa muitos caras não podem dizer o mesmo.”

Falando em coisas que deram errado, é bom considerar o fato que Schaub teve de lidar com o peso pesado Shane Carwin todos os dias na academia. Isso não foi fácil e o preparou para um ataque no chão mais aperfeiçoado de Nelson.

“Shane e eu chegamos juntos e ver como ele faz as coisas bem me ajudou muito. Ele é mais um irmão do que um parceiro de treinos. Em pé, essa é a minha área e eu me mexo bem e evito ataques, mas no chão, ele é muito grande e forte. Eu sou colocado nas piores posições. Então, quando Jones montou em mim, eu não entrei em pânico, pois já havia estado naquela situação várias vezes. Muitas pessoas podem me criticar pela minha experiência, mas eu a conquistei através dos meus parceiros de treino. Nate (Marquardt) já teve 40 lutas, além disso tem Keith (Jardine), Rashad (Evans), e Big Shane. Acho que treinar com esses caras já diz muito.”

Diz sim, e com uma vitória neste fim de semana, Schaub se juntará à divisão do pesado, que inclui muitos lutadores jovens, talentosos e atléticos que estão mudando a forma do mundo encarar os grandes caras da MMA. E ele mal pode esperar para entrar nesse meio.

“É como se o jogo tivesse mudado. Agora você tem que ser atlético e tem que ter tudo. Você tem que saber lutar, atacar, o jogo está mudando. Você vê caras como Cain Velásquez e Junior dos Santos, caras do meu tamanho que são lutadores pesados muito atléticos, fazendo nome e sucesso. Eu acho que o dia do cara grande, experiente, que vence por conta da sua força, está acabando.”

Ser forte também não é ruim. Na realidade, é um dos principais motivos para Brendan Schaub estar onde está hoje.