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Lutador fala sobre carreira, evolução técnica, expectativas, amigos e rixas que teve no programa
O apelido inusitado foi dado por um companheiro de treinos por causa do queixo avantajado. Mesmo com apenas três lutas profissionais no MMA, Antonio Carlos 'Cara de Sapato' Jr. foi o primeiro escolhido para integrar o time de Wanderlei Silva no TUF Brasil 3.
O peso pesado paraibano radicado na Bahia, companheiro de treinos de Júnior Cigano, fez valer o voto de confiança desde o começo. Impressionou com nocautes fulminantes e um jogo sólido que o levou para a disputa da final do reality show, dia 31 de maio, em São Paulo.
Ainda na espera para saber quem será o adversário (Vitor Miranda enfrentará Rick Monstro no episódio do próximo domingo), ‘Cara de Sapato’ se prepara para a ‘luta da vida’ sob tutela dos treinadores Luiz Dórea (Champion) e André Pederneiras (Nova União).
Com diversos títulos no jiu-jitsu, se dedica ao MMA há menos de dois anos e pode ser um dos atletas mais precoces a assinar contrato com o Ultimate.
Neste bate-papo com o site do UFC, o lutador fala sobre a carreira, evolução técnica, expectativas, amigos e rixas que teve no programa.
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Você tem apenas três lutas profissionais e vai na contramão dos que chegam ao UFC, geralmente com cartel mais cheio. O que vê de positivo e negativo nisso?
O fato de as pessoas não me conhecerem muito no MMA foi um fator-surpresa muito positivo. Quando o cara é mais tarimbado, todos sabem cada movimento que ele pode fazer durante a luta. Comigo foi ao contrário, funcionou perfeitamente e me trouxe até a final. Tenho muita experiência no jiu-jitsu, já encarei uma fila de cascas-grossas nas competições que disputei. Sei bem como dominar adrenalina e nervosismo na hora dos combates.
Você foi o primeiro escolhido para o time do Wanderley Silva. Massageou o ego?
Foi uma grande honra. Estava todo mundo tenso ali, e quando fui escolhido logo de cara minha confiança foi lá para cima. Muita gente fala que nem liga pra isso, que é bobagem. Mas ganhar a chance de um cara como o Wanderley atiçou pra valer meu psicológico. Esse voto de confiança é sagrado e me fará campeão.
Fora a ansiedade pelas lutas, estar em uma casa com mais 15 pessoas resulta em um exercício diário de paciência e convivência. Você reclamou e criou algumas rixas ali. Estão superadas?
Sempre fui um cara muito sincero com tudo. O clima é muito competitivo na casa, e às vezes você perde a estribeira. Fiquei bravo uma vez com o (Joílton) 'Peregrino' por causa de louça acumulada e a questão da higiene, que tinha desandado por desleixo. Qualquer coisa fora do lugar pode te fazer explodir. Depois o Marcos 'Pezão' disse que não gostava de mim, mas fez isso para promover a nossa luta. Foram apenas mal entendidos, coisas de momento, já resolvidas.
Os pesados no MMA têm uma fórmula de ação bem definida, repleta de trabalho de clinch e mão pesada, no qual você se enquadra bem. O que trará como novidade para esta final?
Acho que a ideia é melhorar dentro das minhas próprias características. Tenho trabalhado muitas variações de clinches e meu wrestling amadureceu muito também. Como você disse, essa fórmula é algo mais natural na categoria por causa do biotipo dos atletas. A porrada é muito forte, você tem de saber abafar e acertar golpes nos momentos certos. Isso faz mesmo a diferença pra quem vence.
Você tem trabalhado a parte estratégia na Nova União. Como esse trabalho tem ajudado? Dá mesmo para equilibrar com o seu instinto mais agressivo de lutar?
O Dedé Pederneiras tem uma leitura de luta muito aprimorada. Ele sabe elaborar treinos específicos de acordo com as características de cada um. Como o nível competitivo é cada vez mais alto, sempre a gente tem de saber se comportar taticamente também. Não tem jeito.
O (treinador) Luiz Dórea disse que treina o Cigano como se fosse um meio-pesado pelo grande nível de atleticismo dele. Você também é mais ‘leve’ pra peso pesado. O trabalho é o mesmo?
A planilha é quase a mesma. Ele nos treina como se fôssemos de outra categoria (risos), prioriza volume de golpes e velocidade. Aí começar a ‘polir’ mais as características de cada um. O Cigano tem golpes fortes como os uppercuts, eu aprendido mais a golpear recuando. Poucos pesos pesados fazem isso.
Pretende lutar a final com quantos quilos?
Na casa eu me mantive com 95kg, era muita correria e muitas lutas seguidas. Foi uma desvantagem, só tinha ‘ogro’ na casa (risos). Mas no dia da final devo estar com 97, 98kg. É o peso que me sinto mais confortável.