
Eventos
No dia 28 de junho, Charles "do Bronxs" Oliveira estará novamente no centro das atenções durante a International Fight Week, em Las Vegas. Diante do invicto Ilia Topuria, o brasileiro busca reconquistar o cinturão dos leves na luta principal do UFC 317, encerrando um ciclo de reconstrução que começou em 2022. O palco será a T-Mobile Arena, e, embora entre como azarão nas casas de apostas, poucos personagens do MMA têm uma trajetória tão cativante quanto o ex-campeão.
Charles Oliveira venceu Michael Chandler no UFC 262 e conquistou o cinturão peso-leve. (Foto por Carmen Mandatto/Zuffa LLC)
Com 20 vitórias pela via rápida no UFC — um recorde absoluto — e um estilo ofensivo que o tornou ídolo mundial, Charles se consolidou como um dos atletas mais emocionantes da história da organização. Sua carreira no Octógono, iniciada em 2010, passou por altos e baixos antes da consagração em 2021. Desde então, o paulista do Guarujá segue escrevendo capítulos que misturam drama, emoção e redenção.
Após a aposentadoria de Khabib Nurmagomedov, em outubro de 2020, a divisão dos leves ficou sem um lutador no topo da montanha. Em meio a uma elite formada por nomes como Dustin Poirier, Justin Gaethje, Tony Ferguson e o recém-chegado Michael Chandler, poucos apostavam que Charles seria o sucessor. Mas ele foi além.
Entre dezembro de 2020 e maio de 2022, "Do Bronxs" protagonizou uma das sequências mais impressionantes da história da categoria. Venceu Ferguson, nocauteou Chandler para conquistar o cinturão vago, finalizou Poirier e, por fim, superou Gaethje com um estrangulamento relâmpago. O que seria sua segunda defesa de título, no entanto, ficou marcada por uma situação delicada: Charles não bateu o limite da categoria por 200 gramas e foi destituído de seu posto antes mesmo de entrar no Octógono.
Mesmo assim, terminou a noite vitorioso. De microfone em mãos, proclamou: “O campeão tem nome. E seu nome é Charles Oliveira”.
A perda oficial do título levou o brasileiro a uma disputa de cinturão vago contra Islam Makhachev, em outubro de 2022, no UFC 280. A expectativa era de um duelo entre o atual melhor do mundo contra o herdeiro de Khabib.
O desfecho, no entanto, foi rápido: Makhachev dominou o combate e finalizou Charles no 2º round.
Depois da luta, o brasileiro admitiu que não estava mentalmente preparado para aquele confronto. A derrota o tirou momentaneamente do topo, mas não de seus planos de voltar. E se há algo que Charles Oliveira aprendeu com os anos turbulentos de início de carreira, é que quedas não significam o fim — apenas o começo de outra jornada.
Charles "do Bronxs" Oliveira golpeia Michael Chandler no UFC 309. (Foto por Chris Unger/Zuffa LLC)
Enquanto Makhachev defendia seu trono em uma superluta contra Alexander Volkanovski, Charles enfrentava Beneil Dariush, o nome mais quente da divisão na época. Em junho de 2023, no UFC 289, o brasileiro calou os críticos com uma atuação cirúrgica. Após resistir à pressão inicial no chão, voltou em pé e liquidou o rival com uma sequência brutal. O recado estava dado: “Eu sou o próximo”.
E ele realmente seria. Um ano após perder o cinturão, o UFC anunciou a revanche entre Oliveira e Makhachev para o UFC 294, em Abu Dhabi. No entanto, um corte profundo acima do olho, a apenas dez dias do evento, tirou Charles da luta. Volkanovski o substituiu e acabou nocauteado no 1º round.
Mais uma vez, o brasileiro se viu em desvantagem na corrida pelo título. Porém, como em outras ocasiões, ele preferiu agir ao invés lamentar. Aceitou enfrentar Arman Tsarukyan no UFC 300, em uma eliminatória. O jovem armênio vinha de sete vitórias em oito lutas e de um nocaute avassalador sobre o próprio Dariush.
O duelo foi parelho, com Charles quase finalizando Tsarukyan em duas ocasiões. Apesar do esforço, os juízes deram vitória dividida ao armênio — decisão bastante debatida entre fãs e especialistas.
Charles Oliveira nocauteou Beneil Dariush no UFC 289. (Jeff Bottari/Zuffa LLC)
Determinando-se a não deixar sua posição na elite, ele aceitou um novo desafio perigoso: Michael Chandler, com quem já havia feito uma das melhores lutas da carreira. O reencontro aconteceu no UFC 309, em Nova York.
Mesmo com o norte-americano vindo de longo período inativo, o risco era grande. Charles, porém, controlou as ações durante cinco rounds e saiu com uma vitória dominante, recolocando-se como protagonista na corrida pelo ouro.
Com o cinturão vago após a subida de Makhachev para os meio-médios, o UFC anunciou: Charles Oliveira enfrentará Ilia Topuria no UFC 317. Além de toda expectativa gerada pelos nomes envolvidos, a luta terá algo ainda mais especial para o brasileiro — a chance de tornar-se o primeiro bicampeão linear da história dos leves.
Aos 34 anos, Charles entra mais uma vez como franco-atirador. Seu oponente, Topuria, é apontado como favorito após nocautear Volkanovski e Max Holloway em sequência — feitos que nenhum outro lutador realizou em tão curto intervalo. Mas o paulista vive para as grandes noites. E se tem uma coisa que o mundo do MMA aprendeu é que nunca se deve duvidar de "Do Bronxs".
Se vencer, ele consolidará ainda mais seu legado como uma das maiores lendas do esporte. E, mais uma vez, poderá dizer com orgulho que o campeão tem nome. E ele se chama Charles Oliveira.
Não perca o UFC 317: Topuria x Oliveira, dia 28 de junho às 19 horas (horário de Brasília) com exclusividade no UFC Fight Pass.