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Entrevistas

Charles do Bronx sabe que é questão de tempo até chegar onde quer

Em busca da sexta vitória seguida no Octógono, brasileiro enfrenta Jared Gordon no UFC São Paulo

Maior finalizador da história do Ultimate, Charles do Bronx vive atualmente seu melhor momento na organização, tendo conquistado cinco vitórias consecutivas - todas por nocaute ou finalização - e voltando a integrar o Top 15 dos pesos-leves, uma das categorias mais repletas de talentos.

Em busca do sexto triunfo seguido, Charles lutará em casa no UFC São Paulo, dia 16 de novembro, quando enfrentará Jared Gordon.

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Em entrevista ao UFC Brasil, Do Bronx admitiu que este não é o oponente que esperava em meio a uma série tão positiva, mas falou sobre a motivação para o duelo, sobre seus quase 10 anos de UFC, os planos para o futuro e mais.

Confira a entrevista na íntegra abaixo.

UFC Brasil: Vou começar com uma pergunta direta. Você acha que está vivendo o melhor momento da carreira?

Charles: "Com certeza. Acho que depois que saí da minha zona de conforto, que minha filha nasceu, realmente me dediquei 100% a ser lutador, a ser campeão, Deus tem me abençoado demais".

Muita gente tem comentado esse casamento de luta entre você e o Jared Gordon, por ele não ser ranqueado, por estar, teoricamente, um nível abaixo dos seus oponentes anteriores, enfim. Por que você resolveu topar essa luta?

"Já vai fazer cinco, seis meses da minha última luta. Todo mundo que acompanha minhas redes sociais sabe que eu quero lutar com um cara ranqueado e um cara que vem de vitórias. Se for um Top 10 que esteja vindo de derrotas eu não quero, quero um cara que esteja mostrando serviço, é isso que estou pedindo. Mas já faz tempo que lutei e ninguém me fala nada, me manda nada. Eu quero lutar, eu tenho que lutar. Se eu não lutar, vou fazer o quê? Eu ganho dinheiro lutando. Estou pedindo demais um cara ranqueado, mas mandaram esse, então tenho que lutar com esse. E não é 'Vai lá, não precisa nem treinar, faz dinheiro e ganha a luta'. Ele é um cara duríssimo, bota mãos pesadas, é bom na parte agarrada. Tenho que treinar 100%. Minha última luta, contra o Nik Lentz, meus professores se preocuparam demais por eu já ter vencido ele duas vezes, todo mundo falava 'Ah, o Charles vai tirar ele para nada'. Cara, eu treinei que nem um louco, porque eu sabia da responsabilidade que eu tinha. Tinha que vencer de qualquer forma. Para esse cara é a mesma coisa, estou treinando que nem louco, aprendendo coisas novas, me dedicando cada vez mais. Vou estar 100% para essa luta e vou vencer. Vou ter seis lutas, seis vitórias, vivendo minha melhor fase, e uma hora ou outra o UFC vai ter que me dar a oportunidade de enfrentar alguém ranqueado".

Desde seu início no UFC há quase 10 anos, você sempre foi casado com caras ranqueados, com ex-campeão, ex-desafiante. Por que você acha que, nesse momento, não tem recebido esse tipo de oponente?

"Eu entrei no UFC pensando, 'Sou um pinscher em meio a um monte de leões'. Eu era um moleque novo no meio de um monte de feras. Nunca me deram um cara ranqueado com tempo para me preparar. Me deram o Ricardo Lamas faltando 15 dias para a luta. Me deram o Anthony Pettis, não tinha nem um mês até a luta. Eu fiz grandes guerras com esses caras. A única luta que eu tive tempo para treinar foi contra o Frankie Edgar, que foi até a decisão dos juízes e foi 'lá e cá'. A galera fala, 'Mas quando deram um cara bom para ele, ele acabou perdendo'. Beleza, mas nunca me deram um cara com tempo. Naquela época, eu era só um moleque; agora sou um homem. Agora eu sei o que é e o que não é. Agora estou pronto para lutar com esses caras. Uma hora vai acontecer. A minha parte eu faço: treino e me dedico. E a hora que me derem um cara ranqueado, vão ver que eu estou pronto".

Falando da luta em si, o que você pensa sobre o Jared Gordon e como imagina esse duelo?

"Ele lutou no mesmo dia que eu quando enfrentou o Netto BJJ e fez uma grande luta com o Netto, andou para frente o tempo todo. Ele tem a mão de trás muito pesada, entra nas pernas às vezes. Acho que é um cara que vai andar sempre para frente, esperando meu erro para colocar uma mão, e todo mundo sabe que o Charles só anda para frente, trabalhando, mão, chute, tentando botar para baixo. Acho que vai ser uma grande luta, vou trabalhando meu jiu-jítsu, mostrando minha evolução em pé e rezando para sair mais uma vitória para mim".

Você entra no evento como um dos, senão o maior favorito de todo o card do UFC São Paulo. Você já lidou com uma situação assim antes? É uma pressão a mais?

"Eu não acredito em favoritismo, isso não existe. Quando fecha aquela grade, já teve luta que eu treinei que nem um louco, tomei um soco e caí, e já teve luta que nem treinei direito e ganhei. Acho que não existe favorito, existe o cara que mais treina, se dedica e faz a estratégia certa para vencer. Já entrei várias vezes como azarão e dei um grande show. Isso nem entra na minha cabeça. Só quero treinar e estar pronto para dar um grande show em São Paulo".

Essa vai ser sua luta de número 25 no UFC. Você ainda consegue lembrar como era aquele Charles de 2010, 25 lutas atrás? Ainda tem algo dele no Charles de hoje?

"Essas últimas cinco lutas, cinco vitórias, minha família toda pediu para ser aquele moleque ousado, que lutava feliz, e acho que eu tinha perdido um pouco essa essência. Ser aquele cara do começo do Ultimate , mas mais maduro, sabendo o que é e o que não é; ser mais ousado, feliz, andando para frente, dando joelhada voadora... acho que está dando muito certo isso. Focado, feliz, ousado, querendo vencer. Sabendo de onde eu vim. No começo, eu era um moleque ousado que tinha coração, mas não tinha técnica. Hoje eu tenho a técnica".

Caso venha a 6ª vitória seguida, qual o próximo passo? Já pensa em pedir alguém?

"Quero muito vencer essa luta e lutar no último card do ano em dezembro. E quero um cara ranqueado. Qualquer um na minha frente, Top 10, Top 5, não importa quem vai ser. Vindo de vitória, pode ser qualquer um deles. No começo do ano, falei para o Macaco (Jorge Patino, treinador), 'Quero fazer quatro lutas no ano'. Essa ainda é a mentalidade, fazer quatro lutas, conquistar quatro vitórias no ano. Se Deus me abençoar, fazer uma luta bem consciente agora em novembro, e, no último card do ano, luto contra qualquer um que esteja vindo de vitória na minha frente".

Isso significa que o plano para o UFC São Paulo é entrar para definir as coisas rapidamente e sair sem lesões do Octógono?

"Não vou falar para você que vou entrar rápido. Vou fazer o que meus professores estão pedindo, que é lutar consciente, sabendo que quero vencer logo, mas sem pressa de nada. Posso fazer três rounds lutando consciente sem me machucar. Esse é o plano".

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