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Chuck Liddell – Um tributo ao Grande Lutador

Um tributo ao 'The Iceman'    

Quarta-feira à tarde, marcou o fim de uma era no UFC e na história do MMA, quando o ex-campeão meio-pesado e membro do Hall da Fama Chuck 'The Iceman' Liddell anunciou sua aposentadoria do esporte aos 41 anos de idade. Apropriadamente, o fim chegou em Las Vegas, onde ele fez seu nome como um ícone das lutas, um moicano que aterrorizou a divisão até 93kg por anos.        Felizmente, Liddell ainda permanecerá no UFC como Vice-Presidente Executivo de Desenvolvimento Empresarial da organização, mas no momento, é hora de refletir sobre a carreira de lutador do 'The Iceman' com uma série de seus momentos decisivos e o que ele significou para o esporte que ajudou a construir.        ***        A primeira vez que vi Chuck Liddell pessoalmente, foi na reunião de regras, então costumeira em maio de 2001 antes da luta com Kevin Randleman. Não havia equipes de câmeras o seguindo, nem repórteres anotando cada palavra sua - ele era apenas outro lutador em uma sala cheia deles, competindo em um esporte que não estava nem no pay-per-view ainda.        Meu sobrinho, que estava fotografando para mim na época, achou que não havia nada mais legal do que a tatuagem no lado da cabeça de Liddell - os símbolos kanji para "lugar de paz e prosperidade" - e ele não só fotografou isso, como foi teve uma conversa informal com ele sobre tudo, menos luta.        Isso foi há nove anos. No dia após a reunião regras, Liddell nocauteou o ex-campeão dos pesados do UFC Kevin 'The Monster' Randleman em 78 segundos, e foi o início de sua transição de herói da Califórnia para estrela mundial do MMA. Hoje, todo mundo sabe quem é Chuck Liddell, cinegrafistas o seguem, repórteres anotam cada uma de suas palavras, mas incrivelmente, ele continua a ser a mesma pessoa que era em 2001. Claro, a conta bancária está maior, os clubes estão melhores, e as armadilhas da fama mais caras - literal e figurativamente - mas Liddell manteve-se fiel ao que o trouxe até aqui.        "Eu ainda saio com os mesmo amigos de 10-15 anos atrás, e eu acho que eles não me deixariam começar a agir como um idiota", ele disse em 2006. "Eles me conheciam quando eu estava na faculdade e trabalhava atrás de um balcão. Além disso, eu ainda vivo na mesma cidade pequena, e coisas assim (celebridade) não são realmente grandes como aqui. Eu acho que eu sou um cara normal, e eu tento ser o mais normal possível".         Isso é raro em um dia e época que imagem é tudo. Liddell passou por sua carreira de 12 anos com o mesmo moicano, o mesmo treinador (John Hackleman), os mesmos amigos e a mesma atitude. É claro que, dentro do octógono, Liddell teve seus desafios, mas ver o ex-campeão lutando era assistir a essência de nocautear os adversários na forma mais pura. Para ele, ao pisar no octógono, era uma luta - e não uma partida de xadrez, não um choque de estilos ou uma comparação das técnicas. Ele ia bater em você, você estava indo tentar acertá-lo, e frequentemente você ia cair. Era uma luta, pura e simples, e ninguém queria ganhar essa luta mais do que ele.        "Do xadrez ao jogo de damas, quando eu era criança, eu sempre fui competitivo", disse ele em 2003. "Eu odeio perder. Eu odeio perder qualquer coisa. Eu comecei a melhorar na hora dos jogos para me divertir, mas houve uma época em que eu ia ficar chateado com tudo. Se era jogando sinuca ou qualquer coisa, eu odiava perder. Eu tenho o tipo de foco que mudou e tentei mantê-lo na minha vida profissional".         Isso foi uma má notícia para os homens que ele enfrentou no octógono. Depois das derrotas em 2003 para Randy Couture e Quinton Jackson e uma vitória sobre Alistair Overeem, Liddell teve um período de três anos, 2004-2007, perfeito, onde ele não apenas se estabeleceu como estrela, mas como o terrível meio-pesado. Conforme a fama de Liddell crescia, o respeito que ele recebia (e ainda recebe) de seus colegas nunca diminuia. Liddell era um 'lutador é lutador' de verdade, e isso é uma honra que você não pode comprar ou receber de recortes de jornais ou da televisão.        "Acho que as pessoas gostam de mim porque luto contra qualquer um, em qualquer lugar, não falo mal de pessoas que não mereçam e não sou um cara que está tentando falar besteira e fazendo auto-promoção", disse Liddell em 2006. "Eu ganhei o nome que tenho - lutei por isso. Eu não estou tentando fazê-lo sobre ninguém. E eu vou lá, luto duro e luto para ganhar. Acho que os outros lutadores têm respeito por isso porque é isso que eles estão fazendo".         E durante o seu reinado de terror sobre a classe do UFC até 93kg, ele não estava batendo em fracotes, o currículo invicto de suas sete lutas contava com vitórias sobre campeões do mundo como Randy Couture (duas vezes) e Tito Ortiz (duas vezes), bem como contendores respeitados como Renato 'Babalú' Sobral e Jeremy Horn. O que fez essa série ainda mais espetacular foi que venceu todas as lutas por nocaute, pontuando cada uma com o único sinal exterior de emoção, um grito pós-luta que se tornou sua marca registrada.        "Estou animado. Eu não fico muito animado muitas vezes sobre muitas coisas, mas essa é uma das coisas que faço. Me preparar por dois, três meses para um cara, e você acabar rapidamente assim, tendo uma boa luta, vencendo, estou animado".         Infelizmente, os gritos não vieram muitas vezes nos últimos dois anos, mas essa é a vida que um lutador leva, em sua luta final contra o Rich Franklin no UFC 115, em junho, Liddell foi da única maneira que sabia - com 'armas de fogo'. É assim que nós vamos sempre lembra-lo. E, enquanto grandes lutadores vêm e vão, no futuro, nunca haverá outro 'The Iceman'.        E nós o agradecemos por isso.        ***        Definindo 'The Iceman'        Kevin Randleman - 4 de maio de 2001- UFC 31   Resultado - Liddell, KO1  Quando Liddell entrou em sua luta com o ex-campeão dos pesos pesados Kevin Randleman em Atlantic City, ele era visto como um forte concorrente, mas também aquele que esperavam ser um trampolim para 'The Monster' que fazia sua estréia entre os meio-pesados do UFC. Liddell tinha outros planos, e não havia como negar o poder de terminar a luta ou o carisma tranquilo de Liddell, que seria, portanto, conhecido simplesmente como 'The Iceman'(Homem de Gelo). E desta vez não foi apenas um apelido cativante, era um aviso do que Liddell poderia fazer com você se ele te acertasse em cheio - você estava numa fria.        A Trilogia de Randy Couture        6 de junho de 2003 - UFC 43    Resultado - Couture , TKO3    Dois anos depois de se consolidar na cena com sua vitória sobre Randleman, Liddell finalmente teve sua tão esperada oportunidade pelo título contra Randy Couture. Couture era sem dúvida um grande atleta, mas para muitos, a coroação de um novo rei de San Luis Obispo, Califórnia, parecia ser uma mera formalidade. Não foi bem assim, Couture executou com um ground & pound no terceiro assalto. Foi uma lição cara para 'The Iceman'.        16 de abril de 2005 - UFC 52    Resultado - Liddell, KO1  Foi rápido - 2:06 apenas - mas ao vencer o título dos meio-pesados do UFC depois de quase sete anos nas lutas, Liddell finalmente teve a validação que todos os lutadores esperam chegar um dia. Claro que ele insiste em dizer que lutaria do mesmo jeito se não fosse pelo cinturão, mas todo lutador quer ser um campeão, e Liddell finalmente chegou ao topo e por nocaute contra um lutador que o tinha vencido. Isso é redenção.        4 de fevereiro de 2006 - UFC 57    Resultado - Liddell,  KO2  Uma luta ofuscada pela aposentadoria (temporária) do lendário Couture, o nocaute de Liddell sobre o 'The Natural' não só colocou um selo definitivo sobre a primeira grande trilogia do UFC (em favor do 'The Iceman') e fez com que Liddell se tornasse não só o maior astro do MMA, mas também aquele que transcendeu o esporte para a aceitação geral. Em outras palavras, se você é um fã de MMA ou não, quando Liddell estava lutando, você iria encontrar uma maneira de assisti-lo.        Rivalidade em Alta com Tito Ortiz        2 de abril de 2004 - UFC 47    Resultado - Liddell, KO2    Se Chuck Liddell nunca vencesse outra luta de MMA, ele seria sempre lembrado por este combate - uma surra em seu ex-amigo Ortiz - que foi uma das lutas mais esperadas do esporte. Ele não mostrou somente capacidade de resolver as coisas dentro octógono, mas fora dele, se tornando um entrevistado frequente na mídia nas semanas que antecederam a luta, e por anos.        30 de dezembro de 2006 - UFC 66    Resultado - Liddell, TKO3  Apesar do domínio de Liddell na primeira luta. A revanche foi assinada, e o mundo todo estava ansioso para ver se Ortiz poderia inverter o resultado no segundo encontro. Ele não pôde, mas na derrota Ortiz mostrou muito coração e chegou até o terceiro assalto. Mas a capacidade de Liddell acertar golpes impossibilitou Ortiz de implementar suas estratégias.        Vernon 'Tiger' White - 21 de agosto de 2004 - UFC 49   Resultado - Liddell, KO1    Bater alguém que você perseguiu por alguns anos deve ser uma sensação que nós nunca experimentaríamos. Entretanto lutar contra a perda de motivação após um feito desses é dureza. Isso foi o que Liddell enfrentou após sua primeira luta contra Ortiz. O duro Vernon 'Tiger' White, ajudou a motivar o seu adversário com muitas provocações antes do combate. O resultado saiu em quatro minutos e cinco segundos de guerra, com Liddell mostrando não só o seu poder de socos (que resultou em uma vitória por KO), mas um poder de absorção que permitiu-lhe levar bombas de White e continuar atacando. A única coisa que faltava era o título.        Jeremy Horn II - 20 de agosto de 2005 - UFC 54    Resultado - Liddell, TKO4    A maioria dos lutadores vão dizer que é mais difícil manter o cinturão do que ganhar. Bem, Liddell não teve um alvo fácil em sua primeira defesa de título, quando enfrentou o primeiro homem a derrotá-lo, Jeremy Horn. Mas apesar da história de Horn, a luta não foi equilibrada, e Liddell lenta e metodicamente quebrou as defesas de Horn e rechaçou qualquer tentativa do veterano de mais de 100 lutas.        Noites Ásperas com 'Rampage' Jackson        9 de novembro de 2003 - Pride Final Conflict    Resultado - Jackson, TKO2    Enviado para o GP do Pride no Japão, com o objetivo final de enfrentar Wanderlei Silva, Liddell se deparou com um muro de tijolos no compatriota Quinton Jackson, que recebeu alguns dos melhores golpes de Liddell e continuou indo para cima, levando Liddell para baixo no segundo round e acabando com ele. Foi a segunda derrota de Liddell em duas lutas, mas ele iria ganhar sete seguidas e se tornar o mais dominante campeão até 93kg.      26 de maio de 2007 - UFC 71    Resultado - Jackson, TKO1    O reencontro com Jackson foi um dos mais esperados da história, e ele veio num momento em que Liddell estava maior do que nunca, sendo capa da revista ESPN e aparecendo na série Entourage da HBO. Mas a direita encaixada na mandíbula por Jackson no primeiro round destronou Liddell aos 1:53. Foi um enorme transtorno para a grande massa, mas não para os seguidores de longa data, que entendiam que o talentoso Jackson tinha derrotado Liddell, assim como Liddell tinha feito com Ortiz.        Wanderlei Silva - 29 de dezembro de 2007 - UFC 79    Resultado - Liddell, D3   Após a segunda derrota de Liddell para Jackson, ele iria sofrer uma segunda consecutiva, desta vez por decisão majoritária diante de Keith Jardine no UFC 76 em setembro de 2007. Muitos estavam começando a amortizar 'The Iceman', mas quando ele se encontrou com Wanderlei Silva em uma super luta que os fãs esperaram por anos, ele estava de volta à sua forma e, com o 'The Axe Murderer', proporcionou uma das melhores lutas daquele ano. O que pode ter sido mais impressionante para os fãs de Liddell foi que ele tentou e conseguiu uma queda e pôs em prática algumas técnicas que estavam fora de seu repertório por um longo tempo. Ele mostrou que ainda havia alguns truques na manga do 'The Iceman', e sendo essa sua última vitória no MMA, é a luta perfeita fazer parte de sua cápsula do tempo pessoal.