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“Começar do zero assusta, mas trabalho todos os dias para me tornar um lutador melhor”

Pentacampeão mundial de jiu-jítsu, o carioca Rodolfo Vieira estreia no UFC este sábado disposto a ter uma carreira vitoriosa também no MMA

O nome dele pode até soar desconhecido para o fã de MMA – mas não para o apaixonado por jiu-jítsu. Quem gosta da arte marcial e não morou em Marte nos últimos anos certamente já ouviu falar em Rodolfo Vieira.

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Pentacampeão mundial da arte suave, o atleta coleciona ainda outros títulos, como pan-americanos e europeus. Carioca de Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, Rodolfo decidiu migrar para o MMA depois de conquistar a última medalha que faltava em sua parede: a de campeão do ADCC, o maior torneio de luta agarrada do mundo, em 2015.

Sua estreia no MMA aconteceu em 2017, com vitória. Rodolfo, aliás, só venceu até hoje. Seu cartel invicto acumula quatro finalizações (alguma dúvida?) e um nocaute (não subestime sua trocação!).

Tranquilo, de fala mansa, Rodolfo está pronto agora para estrear no UFC, neste sábado, em Montevidéu, no Uruguai, contra o polonês Oskar Piechota. Ansioso? “Um pouco, claro”, ele conta, depois de passar a noite em claro para bater os 84,1 quilos. “Não é que eu não dormi nada. Eu dormi uma hora e meia”, brinca ele.

“Minha cabeça está boa. Estou tentando manter a calma, não deixar a ansiedade e o nervosismo tomarem conta. Vou encarar essa luta como faço com as outras. Só quero lá dentro fazer o que treinei. Se eu conseguir, dificilmente não vou sair com a vitória.”

Vitória, aliás, é algo a que Rodolfo se acostumou em sua trajetória como lutador de jiu-jítsu. Mas se chegar no auge da carreira é difícil, manter-se lá exige ainda mais. O carioca sabe bem disso. E credita a seu grande rival na arte suave, Marcus Buchecha, a motivação para continuar treinando duro – os dois protagonizaram as finais dos maiores campeonatos de jiu-jítsu entre 2011 e 2014.

“É difícil manter a motivação quando se está indo bem”, conta ele. “Mas eu tinha um grande adversário que me fez treinar muito, que era o Buchecha. Ele me fez chegar num nível que eu jamais imaginei que alcançaria. E mesmo perdendo para ele nas finais atingi um nível muito alto. Eu queria ser cada vez melhor, treinar para aperfeiçoar meu jiu-jítsu em todos os aspectos.”

Nada mal para o garoto que começou a treinar quando era adolescente sem qualquer pretensão – a não ser a de perder uns quilinhos. “Estava começando a ficar gordinho e quis fazer um esporte. Mas só comecei a treinar muito mesmo depois que ganhei minha primeira competição. Só vi que tinha potencial depois de vencer meu primeiro Campeonato Brasileiro na faixa azul. Eu tinha 17 anos e ganhei na categoria absoluto com uma ótima performance.”

Mesmo com uma carreira tão brilhante, Rodolfo considera que não chegou exatamente onde planejava. “Queria ter ganhado mais de 3 mundiais na categoria absoluto. Desde que ganhei meu primeiro absoluto, minha meta passou a ser ganhar mais três e ir pro MMA. Infelizmente eu não consegui. Mas bola pra frente.”

As artes marciais mistas eram uma paixão de adolescência, ao lado do jiu-jítsu. “Quando eu tinha uns 16 anos e era faixa azul, já via muitos eventos como o Pride e o UFC, e sempre tive dentro de mim essa vontade de lutar MMA. Mas estava no jiu-jítsu e tinha os objetivos que eu queria alcançar.”

Há quatro anos, pouco antes de completar 25, ele viu que o momento chegara. “Só quando ganhei o último título que faltava na minha carreira, o ADCC, decidi que era a hora certa. Ainda era novo, tinha tempo para treinar e me aperfeiçoar, e aí me joguei de cabeça no MMA.” 

Rodolfo conta que já vinha planejando a migração havia algum tempo, mas, mesmo assim, não se sente 100% seguro. “Sem dúvida, sair da zona de conforto assusta qualquer um. Eu estava num nível bem alto no jiu-jítsu e tive que começar algo do zero. Mas senti que precisava disso para continuar minha evolução. Me assustou, ainda me assusta, mas estou aqui trabalhando todos os dias para me tornar um lutador e uma pessoa cada vez melhores.”

Pressão? Não é algo que o assuste. “Carrego ela desde a minha estreia no MMA pelo fato de eu ter conquistado vários títulos no jiu-jítsu. Mas tento sempre manter meus pés no chão. Me sinto como um iniciante. Sei que tenho muita coisa a melhorar, mas tento não ficar pensando muito nessa expectativa que a maioria coloca em cima de mim. Só quero chegar lá e fazer um bom trabalho, uma boa luta e dar tudo de mim.”

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