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Como é receber um golpe de Anthony Johnson? Lutadores abrem o jogo

Desafiante meio-pesado é dono de alguns dos golpes mais pesados do UFC

Devem existir sensações piores quando se está dentro do octógono. Mas se elas realmente existem, Charlie Brenneman não sabe dizer.

O que ele sabe é que no meio de sua luta contra Anthony Johnson em 2011, ele foi atingido por "Rumble", mas conseguiu se levantar. Suas pernas, no entanto, não obedeciam, então ele precisou de alguns segundos para se estabilizar. Johson, que enfrenta Daniel Cormier em 8 de abril, no UFC 210, não estava interessado em tal plano.

"Quando o meu ombro chegou na grade, lembro de vê-lo se preparando para jogar o chute alto de esquerda, e ver seu pé saindo do chão em direção ao meu rosto, mas eu não tinha nenhuma conexão cérebro-músculo para fazer algo a respeito", reconta Brenneman. "Eu vi tudo, como se fosse um taco de beisebol vindo até mim. É terrível. É como correr em direção a uma parede de tijolos sem poder parar, e bum, você bate na parede".

O chute de Johnson não só encerrou a luta com Brenneman, como também se tornou um dos maiores destaques da carreira do vencedor. Naquela época, o norte-americano da Geórgia já era um dos principais nocauteadores do esporte, vencendo sete de 10 combates via KO/TKO.

Das sete vitórias, seis aconteceram no UFC, onde Johnson era uma promessa do meio-médio que crescia rapidamente. O único homem que havia chegado a uma decisão com ele até então era o britânico Dan Hardy, que vinha de derrota por nocaute para Carlos Condit quando ofereceram um duelo contra Rumble para março de 2011.

"Parte de mim pensava que eu havia irritado alguém do UFC. Não sei o que fiz de errado, mas estou vindo da minha primeira derrota por nocaute, e eles me colocaram contra um cara que nunca deixou de nocautear alguém no meio-médio", riu Hardy. "Depois que você sofre um nocaute, existe um período estranho no qual você se pergunta se algum dia conseguirá absorver outro soco. Minha solução foi assistir várias lutas do Wanderlei Silva, porque via aquele cara receber vários golpes e continuar em frente, e eu sabia que conseguiria também, se precisasse".

Não foram muitos os que trocaram com Johnson, e quem se arriscou pagou o preço. Mas Hardy, que apenas duas lutas antes havia batalhado por cinco rounds contra o então campeão Georges St-Pierre, estava disposto a tentar. Mas quando "The Outlaw" encontrou Johnson, o nocauteador mostrou suas habilidades no wrestling, ganhando por pontos. Mas isso não significa que Hardy não teve uma amostra da força do oponente.

"Ele tem uma força muito incomum. E não parece ser uma força usual, é mais como se fosse um peso. Suas mãos, e certamente sua perna, quando ele me chutou, parecem ser feitas de chumbo. É muito pesado. É a mesma coisa com o gancho de esquerda de Paul Daley, é pesado. É quase como se sua cabeça fosse um ímã que atraísse um enorme pedaço de metal".

Ainda que Johnson não tenha conseguido o nocaute, ele sempre conquistava o respeito de seus oponentes por sua força. E não foram apenas os adversários que a sentiram. Ex-campeão meio-pesado, Rashad Evans tem sido seu amigo e parceiro de treinos há anos. E ao longo do tempo, aconteceram inúmeras sessões de sparring. E elas nem sempre foram agradáveis.

"Você consegue perceber como vai ser pelo jeito que ele chega na academia", ri Evans. "Se ele está realmente muito quieto, ele está de mau humor, então você tem que manter sua atenção porque ele está vindo forte."

Mesmo contra seu amigo?

"Ele tenta ir devagar, mas se sente um soco forte, então todo o inferno se abre e ele vai com tudo. Já o vi nocauteando inúmeras pessoas na academia".

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Isso é assustador, mas o que é mais assustador é que a força de Johnson vem quase sem esforço.

"Ele bate ridiculamente forte. E o que faz de sua força tão única é que ela vem fácil. Ele não está tentando bater forte, ele só joga as mãos, e isso é loucura. Às vezes estamos fazendo tudo leve, e ele joga um soco que me faz dizer 'ei, estamos fazendo de leve'. E ele responde que não está jogando forte, e realmente não estava. Ele tem ossos densos e pesados. Quando ele te bate, não é uma dor. É uma pancada, e você vê as luzes apagando. Ele já me pegou com alguns desses, e eu fiquei tipo 'ei, estamos fazendo sparring agora, certo?'"

Então como Evans, que já provou golpes de Chuck Liddell, "Rampage" Jackson, Thiago Silva, Dan Henderson e Glover Teixeira, classificaria Rumble?

"Ele tem o soco mais forte que eu já levei, com certeza. Não há dúvidas sobre isso".

Impressionante. No entanto, o que é ainda mais notável é que quando Johnson precisou abandonar os meio-médios por problemas com a balança, chegando a se testar no peso-pesado antes de se estabelecer nos meio-pesados, a força se manteve. Suas últimas cinco vitórias foram nocautes sobre Rogério Nogueira, Alexander Gustafsson, Jimi Manuwa, Ryan Bader e Glover Teixeira.

Depois da luta contra Gustafsson, que Johnson encerrou em pouco mais de dois minutos, Hardy - agora comentarista em eventos europeus do UFC - encontrou o antigo oponente.

"Nos vimos no hotel, e eu disse brincando, 'Estou feliz que você não fez aquilo comigo. E ele me agarrou pelo ombro e disse, 'Isso é porque eu gosto de você, cara'".

E isso é a questão principal. Do mesmo jeito que é feroz quando está dentro do octógono, Johnson é humilde e descontraído fora dele. Não existe trash talk, nem sentimentos ruins em relação aos rivias. Mas quando chega a hora, ele busca arrancar a cabeça dos adversários, e eles sabem disso. Brenneman, que vinha de uma de suas melhores vitórias da carreira sobre Rick Story, sabia o que teria pela frente quando aceitou enfrentar Johnson.

"Imediatamente depois de bater o Story, me reuni com a minha equipe e nós objetivamente olhamos tudo e dissemos: 'Qual é o melhor adversário, e quem é o pior?' E Johnson, nós concordamos, era o pior. (Risos) Dito isto, eu estava animado para ele. Não estava nervoso, encarei como mais uma luta e em minha mente, eu pensei que ganharia no wrestling, colocaria pressão e faria que ele se cansasse".

De fato, a luta foi para o chão no início. Mas Brenneman logo sofreu uma lesão, e soube que seria uma noite difícil.

"Eu estava por baixo, e me lembro que pela primeira vez em minha carreira, pensei 'Ai'", disse. "Ele estava vindo de um ângulo estranho, mas me socando. E eu só me lembro de sentir o impacto e pensar, 'Esta não é uma luta normal com um cara normal.' E eu senti isso imediatamente. Eu estava dizendo, "Ai" na minha cabeça, e quem luta sabe que você geralmente não pensa isso ou sente isso. É mais como um baque. Mas quando estava por baixo, eu sabia que aquilo era diferente".

Diferente como? Hardy acha que Johnson pode ser do outro mundo.

"De todo mundo com quem eu já trabalhei, treinei, fiz sparring, segurei aparadores, ninguém bate como Anthony Johnson, de verdade", disse ele. "Eu não gosto de fazer mau uso da palavra sobrenatural, mas não parece ser uma força natural. Vamos dizer que ele poderia facilmente andar por aí com um uniforme de X-Men".