Entrevistas
Como Junior Cigano vai vencer Francis Ngannou
O treinador Luiz Dórea conta que os cinco rounds favorecem seu pupilo, que vai usar a movimentação e a velocidade para sair vitorioso do UFC Minneapolis
O upgrade que ganhou em seu combate contra o camaronês Francis Ngannou beneficiou o peso-pesado Junior Cigano. Essa é a opinião do treinador Luiz Dórea, que afia o boxe do atleta há quase 15 anos e que está agora com ele na Flórida, onde o lutador mora, para a reta final de preparação.
A luta entre os pesados estava marcada inicialmente para acontecer no UFC 239, em 6 de julho em Las Vegas, e teria três rounds. Mas, por causa de uma lesão de Tyron Woodley, que teve que se retirar de seu combate contra Robbie Lawler, Cigano x Ngannou foram promovidos para a luta principal do UFC Minneapolis, no próximo dia 29 de junho. Os dois, portanto, se enfrentam por cinco rounds.
“Essa luta de cinco rounds nos favorece”, diz o técnico. “O Ngannou é muito forte e perigosíssimo nos dois primeiros rounds. Ele busca a luta e vem para a frente, o que é muito bom para a gente, porque Cigano vai recebê-lo com variação de golpes, no corpo e na cabeça, e com muita movimentação.” Segundo Dórea, seu pupilo consegue, ao contrário de seu adversário, manter o ritmo durante a luta toda.
“Sabemos que o Ngannou é um grande atleta e, como geralmente são os pesos-pesados, tem o poder de nocaute na mão. Mas o Cigano é diferente do restante da categoria”, afirma Luiz Dórea. “Sempre digo que ele bate forte como um peso-pesado, mas se move como um leve. Ele é muito rápido para a categoria e tem a condição física privilegiada. Combina golpes com muita velocidade, entra e sai do raio de ação com muita facilidade. Sabemos que Ngannou puxa a luta franca. Mas Cigano é um golpeador nato, se move muito bem. Ele vai neutralizar a potência de Ngannou com movimentação e com velocidade, nos golpes curtos, cruzados, uppers. Acho que a meia distância para a gente é ideal, entrar e sair do raio de ação. Cigano vai surpreender. Sua condição física é privilegiada. Ngannou não vai conseguir acompanhar.”
Os dois estão analisando há algum tempo o camaronês, assistindo a vídeos para tentar anular o jogo dele. “A preparação está muito boa. A cada etapa de treinamento que termina, Cigano evolui muito tanto na parte física quanto na parte técnica. A cabeça está muito boa, ele está muito feliz”, fala, sobre o atleta que vem de três vitórias consecutivas, duas por nocaute.
“Cigano é um atleta completo, mas seu carro-chefe é o boxe. Sempre damos prioridade ao que ele gosta de fazer, que é a trocação. Nganou também gosta da trocação, então a luta deve permanecer em pé 90% do tempo. Mas Cigano está preparado para tudo. A velocidade de Cigano e a movimentação, junto de sua condição física, vão fazer a diferença”, afirma o treinador baiano. E faz sua aposta: “Vai ser uma grande luta, mas acredito que Cigano vença por nocaute. Nosso trabalho está sendo feito em cima disso. Ele é um artista do nocaute. Sem menosprezar Ngannou, que é um grande atleta, vamos mostrar que estamos trabalhando em busca do cinturão. E, para isso, temos que passar por ele.”
