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Entrevistas

Como a natação ajuda a lutadora Marina Rodriguez a melhorar sua performance

Atleta, cujo irmão é da seleção brasileira paralímpica de natação, enfrenta Cynthia Calvillo no UFC Washington

Atividades na água fazem parte da rotina familiar desde que a peso-palha gaúcha Marina Rodriguez é pequena. Por isso, quando seu coach Marcio Malko decidiu incluir treinos na piscina como estratégia para melhorar a performance da atleta, ela não só adorou a ideia como também a tirou de letra.

Marina faz normalmente três treinos por dia, de segunda a sábado. Dois desses treinos semanais costumam ser dedicados à natação. “Sei nadar desde pequena”, conta ela. “Agregamos na técnica de natação o que mais importa para mim, que é o condicionamento físico, de respiração, o endurance dentro da piscina.”

Para a atleta, um dos fatores essenciais para a inclusão da natação no treinamento é o fato de a atividade aeróbica não ter impacto. “Às vezes troco o treino de manopla, especialmente quando estou cansada, pela piscina. Lá temos praticamente o mesmo resultado de endurance, de resistência cardiopulmonar e de respiração do que teria na manopla, mas sem impacto, sem o desgaste que já temos todo dia.”

A natação também é usada em treinos regenerativos, fundamentais para um atleta se recuperar da atividade física. Nadar permite à musculatura também relaxar depois de treinos intensos, já que o atrito com a água ajuda na descontração dos músculos dos membros inferiores.

A história de Marina Rodriguez com as artes marciais começou em 2013. Já formada em design gráfico, ela resolveu procurar pela internet algum local em que pudesse treinar muay thai. Queria melhorar o condicionamento físico porque, trabalhando na área, estava com sobrepeso. “Encontrei a Thai Brasil, que fica nos Ingleses, aqui do lado de casa, e fui fazer uma primeira aula para ver como era”, afirma.

Quando começou a ver os primeiros resultados, ela também percebeu que tomava gosto pela arte marcial. Marina tinha então 25 anos e seu treinador, Marcio Malko, enxergou nela algo de especial. “Ele viu que eu tinha uma pegada diferente nos golpes, tinha vontade, e me perguntou se eu tinha interesse em lutar. Prontamente respondi que sim, porque estava gostando demais das aulas e de todos os benefícios que o muay thai estava me trazendo.”

Ela passou então a treinar com a equipe profissional. “Fui na cara e na coragem e não arreguei, não dei para trás. Aos poucos, fui fazendo várias lutas no muay thai amador, uma após a outra, e o Marcio percebeu que eu realmente tinha um futuro. E me apresentou um plano de carreira na luta. Como confio demais nele, abracei a causa – e até hoje está dando certo.”

Marina custou a perceber, no entanto, que poderia ganhar a vida com o esporte. “Meu treinador sempre dizia que tinha futuro, mas que o futuro não estava no Brasil e nem no muay thai. Por isso que em 2015, mais ou menos, decidimos que eu focaria no MMA. Aí, sim, eu teria um futuro.”

O negócio acabou virando mesmo quando Marina fez a décima luta de sua carreira no Dana White’s Contender Series Brasil. Ela nocauteou a adversária no primeiro round e entrou para o UFC. “Só vi que realmente deu certo quando assinei o contrato com o UFC. Foi o primeiro ‘dar certo’ da minha carreira, porque realmente sabia que podia treinar sem preocupação, ser uma atleta profissional, com remuneração. Foi a concretização do trabalho que a gente vinha fazendo, a sensação de dever cumprido. Tínhamos quase certeza de que, se o UFC nos enxergasse, ia nos contratar. E foi exatamente o que aconteceu.”

No próximo dia 7 de dezembro, Marina enfrenta Cynthia Calvillo no UFC Washington no 14ª combate de uma carreira com 12 vitórias e um empate. “Consegui meio que emendar o treinamento da minha última luta [contra Tecia Torres], as mesmas estratégias, e acrescentar bastante coisa nova”, ela revela. “A evolução da luta anterior para esta vai ser bem grande. O UFC está me dando só menina dura, ranqueada, e é isso que a gente quer, que venham as mais duras para eu fazer uma luta que agrade a todos, intensa, agressiva. Se as duas estiverem dispostas a isso, pode ter certeza de que é luta para bônus.”