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Menos de 10 dias após o nocaute em 32 segundos sobre TJ Dillashaw, o campeão peso-mosca do UFC Henry Cejudo foi às redes sociais… para falar sobre um parceiro de equipe.
Ao lado do treinador Eric Albarracin, Cejudo apareceu orgulhoso no vídeo, anunciando que o peso-galo Bruno “Bulldog” Silva era agora um atleta do UFC. Abraços e tapas nas costas vieram a seguir, testemunhados pelos milhares de seguidores do campeão no Twitter.
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“Cara, foi muito, muito especial”, disse Bruno, Você sabe como funciona, nós treinamos a vida inteira para aquele momento. Foi um grande momento. Fizemos uma festa, mas eu passei o tempo todo pensando em ir direto para a academia. Eu pensava que preciso treinar agora e fazer tudo melhor do que antes”.
É a reação que você espera de qualquer novo membro do plantel do UFC, e o que você espera ouvir, porque tudo o que você fez no circuito regional já não importa mais. O que é importa é agora, e o paulista de 29 anos sabe disso, saber exatamente o que foi preciso para chegar até aqui.
Não foi uma caminhada fácil para o participante do TUF Brasil 4, que entrou com um cartel de 8-2 e teve uma vitória e uma derrota do programa. Mesmo entrar na Team Nogueira, equipe que ele já chama de lar há muitos anos, não foi um processo perfeito.
“Na época foi muito duro”, disse Bruno, “Tinha o Minotauro, Minotouro, Anderson Silva, Junior Cigano, e era uma equipe enorme. Eu fui lá e tentei treinar, tentei falar com alguém sobre entrar na equipe, mas ninguém me deu uma chance porque já tinha muita gente lá. E eu sou um cara pequeno”.
Bruno, que tinha um cartel de 5-2 na época, tentou argumentar para qualquer um que estivesse disposto a ouvir.
“Eu disse, ‘Tenho sete lutas profissionais, sou bom no jiu-jítsu, estou treinando boxe e sou um cara da capoeira’”, ele lembra, “Falei com quatro caras diferentes e eles disseram não. Não me deram uma chance”.
Desapontado, mas não desencorajado, Bruno então viu o futuro membro do Hall da Fama do UFC, Rodrigo Minotauro, se aquecendo em uma pequena sala no fundo da academia. Era sua última chance.
“Eu entrei lá, tirei minha camiseta e comecei a dar uns mortais para trás. Era um espaço pequeno e fiz quatro seguidos. Minotauro disse ‘pare’ e me chamou para entrar. Ele conversou comigo e eu disse que queria treinar lá. Eu iria sair da minha cidade e disse a ele que era meu sonho e que queria ser campeão mundial um dia. Foi em um sábado. E ele disse, ‘Tudo bem, venha treinar na segunda-feira’”.
A afiliação com a Team Nogueira foi uma mudança de rumo, e ele somou mais três vitórias até conquistar uma vaga no TUF Brasil 4. Mas chegar às quartas-de-final não lhe garantiu um lugar no UFC. Mas deu a ele um objetivo.
“Em 2015, eu estava no TUF Brasil 4 e vim aos Estados Unidos pela primeira vez”, disse, “Vi o quão lindo era o país. E vi todo o suporte que os atletas tinham, e vi o wrestling também. Eu soube que precisava ir aos Estados Unidos para treinar wrestling”.
Então ele ligou para Albarracin.
“Ele era um treinador de wrestling, eu precisava de wrestling e ele estava nos Estados Unidos. Eu liguei para ele e pedi para me ajudar a ir aos Estados Unidos. Nessa época eu não tinha muito dinheiro. Tinha uma moto, e precisei vendê-la para ir, treinar e aprender a falar inglês. Eu iria ficar por dois meses. Esse era o plano”.
Bruno vendeu a moto a um amigo, mas ainda havia muitas questões a respeito da viagem: hospedagem, comida, coisas do dia a dia. Albarracin o acalmou.
“Eu tenho um lugar para você ficar”, ele disse a Bruno, cujo novo companheiro de quarto era Henry Cejudo.
“Comecei a treinar com ele (Cejudo) e ele disse, ‘Você pode ficar na minha casa e vou te ajudar. Não precisa se preocupar com comida ou transporte”, lembra Bruno, “Fiquei cinco meses da primeira vez, e tudo começou dali”.
Em 2016, Bruno voltou para ficar. Seu cartel desde o TUF é de 3-1-1, ele recebeu o chamado do Ultimate e agora é lutador da organização, esperando estrear até o final do ano. Foi uma bela caminhada, e ele agradece a Cejudo por tê-lo ajudado durante todo o tempo.
“Há pouco mais de dois anos eu estava no Brasil e não sabia falar inglês”, disse Bruno, “Ele (Cejudo) me ensinou a falar inglês, ele me ensinou tudo. Ele me apoia em tudo, ele se preocupa comigo e faz tudo por mim. Eu reconheço isso e tento fazer o mesmo por ele. Nós treinamos juntos, moramos juntos e ele é como um irmão, amigo, pai. É especial saber que tenho alguém como ele”.
Agora, ele quer se juntar ao seu amigo no topo, e mal pode esperar para que o próximo capítulo de sua vida se inicie.
“Tenho treinado muito e me sinto muito confiante”, disse, “Quero mostrar ao mundo meu jogo e mostrar que sou um lutador talentoso. Sei que todos dizem isso, mas vou provar. Estou empolgado para mostrar ao mundo quem eu sou”.