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Corrente do bem

Muitos atletas e ex-lutadores do UFC mantêm projetos sociais para crianças carentes. Conheça aqui três histórias inspiradoras

Uma pessoa pode ter sucesso em seu trabalho, ganhar dinheiro e providenciar uma vida melhor para sua família e para as pessoas que são importantes para ela. Esse é o sonho de quase todo mundo. Mas tem gente que não se contenta com isso. Tem gente que olha para o lado e acredita que as coisas podem melhorar para mais pessoas. Que dedica parte de sua vida de forma voluntária, sem esperar absolutamente nada em troca, para pessoas que sequer conhece.

No esporte isso é bastante comum, mais do que se imagina. Pode ser porque viver dele em um país como o nosso, em que há pouco incentivo tanto por parte do governo quanto da iniciativa privada, é mesmo muito complicado. Pode ser porque muitos esportistas têm origem humilde e sentiram essa dificuldade na pele. Pode ser porque alguns atletas sentem-se na obrigação, quase como se recebessem um chamado, para tentar mudar vidas como as dele foram mudadas.

Para eles, na verdade, não importa o motivo: importa, sim, o resultado. E o resultado é geralmente uma porção de vidas impactadas – e muito melhores, mais felizes e com mais oportunidades. Com essas três histórias de projetos sociais abaixo, quem sabe nos inspiremos para fazer um pouco mais?

Sabia que doando 1kg de alimento, você pode assistir de perto à pesagem do UFC 237? Confira os pontos de troca de ingressos e as instituições que serão beneficiadas.

Instituto Irmãos Nogueira

A iniciativa, que teve início em 2007, partiu dos irmãos Rodrigo e Rogério Nogueira, mais conhecidos como Minotauro e Minotouro, respectivamente. Os dois haviam acabado de voltar de Cuba, para aprimorar o boxe, e perceberam que os jovens que tinham mais sucesso no esporte por lá eram aqueles que começaram a praticar muito cedo a luta – a maioria de origem bem humilde. Os gêmeos resolveram então abrir um projeto que levasse artes marciais para comunidades pobres no Brasil. A primeira a entrar no radar foi a do Terreirão, perto de onde fica a sede da Team Nogueira, no Recreio, no Rio de Janeiro. Hoje outras seis também são atendidas: Nova Iguaçu, Vila Cruzeiro, Alemão, Mangueira, Bangu e Parque Olímpico.

Com o objetivo de “formar faixas pretas na vida”, o Instituto dá, para 1200 crianças e jovens, aulas gratuitas de boxe, jiu-jítsu, MMA, muay thai, judô e luta livre. Mas a ideia não é ser “apenas” um centro de treinamento, e sim um ambiente de educação e transformação, calcado em valores que Minotauro e Minotouro aprenderam, eles próprios, com o esporte, como disciplina, foco, resiliência e superação. Renan Schineider, o diretor executivo da organização, conta que espera fazer com que as atividades do Instituto expandam-se para São Paulo ainda este ano.

Projeto Escola de Lutas José Aldo

Criado pelo ex-campeão dos penas (que luta no UFC Rio no dia 11 de maio) e por seu técnico Dedé Pederneiras, o projeto já funcionava desde 2015 no Complexo da Maré e, no meio do ano passado, ampliou sua abrangência para o Morro Azul, na zona sul do Rio de Janeiro. O objetivo é atender crianças e jovens entre 6 e 16 anos de comunidades de baixa renda, oferecendo aulas gratuitas de sete modalidades de esporte: jiu-jítsu, judô, muay thai, boxe, capoeira, luta olímpica e ginástica olímpica.

Mais de 1000 jovens participam do projeto, coordenado por Daniel Piratiev, que é treinador de luta olímpica da seleção brasileira e de diversos atletas de MMA – como, claro, do próprio José Aldo. Muitos dos garotos participam de competições e já conquistaram até medalhas nacionais, caso de Thamires Machado, campeã brasileira juvenil de luta olímpica. “Sempre foi meu sonho retribuir um pouco do que a vida me deu, porque sou um atleta que vem de projetos sociais. Tive pessoas que acreditaram em mim quando eu não tinha nada e não era ninguém”, disse Aldo, na inauguração da sede do Morro Azul, que funciona dentro do CT em que ele mesmo treina, ViVi Arena (antigo Upper Arena). Inaugurado no bairro do Flamengo em agosto de 2017, o centro de treinamento ocupa hoje uma antiga quadra abandonada do Educandário Romão Duarte, que tem a Santa Casa de Misericórdia como mantenedora.

CT Thiago Marreta

Oriundo de uma infância difícil na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, o lutador Thiago Marreta construiu uma carreira vitoriosa – tanto que, terceiro no ranking dos meio-pesados, vai enfrentar Jon Jones na luta principal do UFC 239, um dos principais eventos do ano, que acontece em 6 de julho em Las Vegas. Ele próprio cria de um projeto social de capoeira, quis retribuir e tentar fazer por outros o que fizeram por ele e, desde 2016, toca um projeto social no mesmo bairro.

Contender Thiago Santos pose for a photo during the Ultimate Media Day at the Matsubara Hotel for the UFC Fight Night Sao Paulo on October 26, 2017 in Sao Paulo, Brazil. (Photo by Alexandre Schneider/Zuffa LLC)

Contender Thiago Santos pose for a photo during the Ultimate Media Day at the Matsubara Hotel for the UFC Fight Night Sao Paulo on October 26, 2017 in Sao Paulo, Brazil. (Photo by Alexandre Schneider/Zuffa LLC)


No CT Thiago Marreta, aulas de judô, jiu-jítsu, muay thai e boxe são dadas para mais de 60 crianças e jovens, de 2 a 14 anos, por atletas graduados do lutador. “O projeto tem como objetivo atender as crianças que moram na CDD e passar para elas que, independentemente do local de onde vêm ou onde moram, se têm um objetivo ou sonho, com muita dedicação, força de vontade, disciplina, garra e persistência conseguem alcançá-lo”, diz Flávia Nunes, a coordenadora do CT. “Ensinamos e cobramos disciplina, educação, comportamento e, acima de tudo, boas notas na escola.”

O primeiro CT foi feito em um espaço dentro da comunidade, com ajuda de amigos e familiares. Conforme foi crescendo, decidiram mudar a sede para outro local maior, em uma das ruas principais do bairro, mas na parte de fora da CDD. “Foi um dos maiores desafios da minha vida”, conta Flávia – que negociou valores de serviços e produtos e carregou, ela mesma, material de construção para a sede nova. Hoje, o projeto se mantém através de recursos próprios de Marreta e de alunos adultos que treinam lá, mas o CT não está tão bem quanto o lutador do UFC. “Um dos maiores desafios é a falta de recursos para manter o projeto”, conta a coordenadora. “Hoje é muito difícil conseguir patrocínios para manter os custos fixos do CT. Por isso, algumas mães e alunos ajudam juntamente comigo na limpeza, mas não é só disso que o CT vive.”

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