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Existem diversas situações onde fazemos coisas sem muita pretensão, apenas para não perder a oportunidade. Com André Ricardo Chaves Santos, ou simplesmente Dedé, participar do TUF Brasil 4 foi uma delas. “Eu não ia me inscrever. Fiz a inscrição por fazer, porque era minha categoria, mas não tinha o propósito de entrar”, confessa o lutador do Corinthians MMA.
O destino, porém, mostrou um caminho diferente para o curitibano, que mora em São Paulo há dois anos. “Não me sentia preparado, achava que não era minha hora. Mas meus amigos e treinadores falavam que eu não tinha nada a perder. Todos diziam que eu estava muito bem preparado, que só eu não acreditava nisso. Aí fui passando pelas etapas e agora, graças a Deus, consegui entrar na casa”.
Até chegar à casa do reality, Dedé precisou superar a morte do familiar que o apresentou às artes-marciais. “Eu tinha um primo que treinava muay thai. Ele era meu primo mais velho e ele me chamou para ver um treino dele. Daí eu passei a vê-lo com maior frequência. Ele sempre ia me buscar em casa. Eu tinha uns 12, 13 anos na época. Infelizmente, veio a falecer e parei de treinar”, comenta o lutador, que se lembra com carinho de um episódio envolvendo seu primo. “Certo dia estava sem professor na academia, e ele botou luvas em mim e um rapaz do meu tamanho e nos colocou para sair na porrada. Eu nunca me esqueço disso”.
O destino, porém, fez com que o curitibano voltasse ao universo das lutas, dessa vez para não sair mais. “Eu tinha um amigo que treinava em uma academia e foi mais ou menos a mesma coisa. Assistia os treinos e gostava daquilo. Nunca gostei de brigar, mas eu gostava da luta. Então eu resolvi fazer um treino. Fiz um, dois, três e fui gostando cada vez mais, até que não queria mais parar”. Hoje, no MMA, Dedé se define como um lutador completo, mas com preferência na trocação.
A família, porém, não gostava muito da ideia, especialmente seu pai. “Eles nunca deixaram de me apoiar, mas também não eram muito favoráveis. Ficavam sempre em cima do muro. Meu pai teve uma infância diferente da minha. Ele foi acostumado a trabalhar desde criança, sempre muito duro. Eu estudava normal. Ele pensava no meu futuro, e ficava me indagando o que eu iria fazer quando fosse mais velho. Ele não via a luta como profissão, mas como diversão."
O lutador então começou a treinar duro para provar a seu pai que ele estava errado, e foi em um desses treinos que ele conheceu um de seus maiores ídolos: Anderson Silva. “Conheci o Anderson em uma academia, porque ele é de Curitiba e eu também. Meu amigo me levou para lá, onde ele fazia uns treinos junto com amigos. Daí um dia ele estava lá e eu já o conhecia, já era fã dele. Comecei a treinar em 2008 e ele já tinha uma história. Eu tinha só 16 anos. Foi muito bacana vê-lo ao vivo”.
Dedé, no entanto, foi até São Paulo para treinar no Corinthians MMA, visando melhorar suas habilidades. Apesar da saudade e das dificuldades enfrentadas, o curitibano não desistiu, e se vê como um vencedor por isso. “É um desafio diário superar essas dificuldades. Mas estou ali porque eu quero. Não sou obrigado a estar em São Paulo, então eu me propus a vencer todos os dias esse desafio. Me ajuda como atleta e na vida. Em Curitiba é muito cômodo. Tem seu pai e sua mãe que te dão roupa lavada e comida pronta. No Corinthians é diferente. É você que lava seu prato, você que lava sua roupa, sua cama. Ali é só você”.
A chegada até Vegas também foi complicada, mas os pensamentos positivos ajudaram Dedé a superar os obstáculos. “Tentei ir aos Estados Unidos antes, mas meu visto foi negado. Era uma coisa que fazia muito tempo que eu queria. Me imaginava comprando várias comidas e coisas diferentes no mercado, mas sempre era negado. Na minha quinta tentativa, que era pelo TUF, foi negado também. Conversei com Deus e achava até que era para eu trocar de profissão. Mas o TUF veio com outra solicitação e deu certo, na sexta vez. Na hora que eu cheguei, só faltou ajoelhar e dizer obrigado. Demorou, mas consegui”.
Agora, já estabelecido dentro da casa, não há nada mais que impeça Dedé de alcançar seus objetivos, e ele promete sair do TUF Brasil 4 como vencedor do reality. “Um dia um amigo perguntou o que eu seria se desistisse. Não soube responder. A verdade é que eu me vejo apenas como um lutador. Não me sinto totalmente realizado, sabe? Ainda sou muito novo e estou no começo da carreira apenas. Tenho muito o que aprender na luta e na vida. Já conseguir realizar um sonho, que é chegar. Estou subindo degrau a degrau e vou conseguir atingir todos os meus objetivos.