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Demian Maia - Na hora certa

Por Thomas Gerbasi    

    

Momento certo é tudo - pergunte à Demian Maia.           

 

O brasileiro faixa preta de Jiu-Jitsu tinha acabado de finalizar o futuro desafiante número um ao cinturão médio, Chael Sonnen no round inicial em fevereiro de 2009, e depois de um começo com 5-0 no cartel (todas finalizações) no UFC, ele esperava que a próxima chamada que recebesse da organização fosse dizendo que ele estaria lutando contra o compatriota, Anderson Silva pelo título dos médios.      

    

Ela não veio - bem, pelo menos não depois da luta contra Sonnen. Em vez disso, Anderson lutou contra Thales Leites e Forrest Griffin, enquanto Demian enfrentou Nate Marquardt em agosto do ano passado. O resultado foi a primeira derrota da carreira de Demian, por nocaute no primeiro round.  

        

Implacável, Demian voltou aos treinos, tapou alguns buracos no jogo dele, e voltou no dia 6 de fevereiro com uma suada vitória sobre Dan Miller por decisão no UFC 109. Menos de uma semana depois, ele foi chamado pelo UFC.  

       

"Recebi um e-mail do meu empresário na sexta-feira, menos de uma semana depois da minha última luta", lembrou Demian. "Ele estava falando com Joe Silva e ele me perguntou se eu poderia lutar no dia 10 de abril pelo título. Eu disse 'claro, eu tenho treinado toda a minha vida por essa chance'. Fiquei muito feliz, e por uma semana eu fiquei meio que sem acreditar nisso".    

      

Inicialmente, Demian percebeu que após bater Miller, para que essa situação acontecesse, ele precisaria de mais algumas vitorias para retornar a posição que estava antes da luta contra Marquardt. Mas, com a saída de Vitor Belfort da luta contra Anderson no UFC 112, devido a uma lesão, e Sonnen incapaz de competir nesse curto prazo depois de ter sofrido um corte em sua vitória sobre Marquardt, o único competidor capaz disponível era Demian,que aceitou prontamente a luta que acontecerá sábado, em Abu Dhabi.           

 

Para o paulista de 32 anos de idade, é a luta perfeita, no momento perfeito, contra um homem que alguns consideram ser a perfeita máquina de combate. E se Demian não diz que Anderson é perfeito, ele acha que ele é muito bom.      

    

"O que posso dizer, ele é o melhor lutador do mundo, peso por peso", disse Demian de Anderson. "Ele é bom em tudo o que ele faz, e até agora é o maior desafio da minha vida".          

 

Então, se Silva é o melhor, o que Demian vai ganhar se vencer amanhã?        

  

"Eu acho que se eu ganhar no dia 10 de abril, eu estarei no meu caminho para ser o melhor do mundo", ele disse.           

 

É a modéstia típica de Demian, que pode ter o melhor jogo de chão no esporte, independentemente da classe de peso. Anderson, por outro lado, é sem dúvida o melhor striker no MMA hoje, fazendo essa luta um clássico entre dois estilos diferentes. E geralmente quando isso acontece, o vencedor é determinado por quem fica mais confortável fora de sua zona de conforto.           

 

Anderson é um faixa preta de Jiu-Jitsu, que Demian acredita ser subestimado por alguns.           

"Ele é muito bom em evitar o jogo de chão, mas ele pode lutar lá também", Demian disse. "Ele finalizou Travis Lutter no UFC, ele finalizou Dan Henderson, ele é perigoso no chão".    

      

No entanto, ao mesmo tempo, Demian não espera que o 'The Spider' vá para a luta de solo com ele.  

        

"Com certeza ele vai para essa luta para trocar e tentar me nocautear, não para lutar no chão, porque ele não quer me dar a oportunidade de finalizá-lo", ele disse.           

 

Assim, enquanto Anderson pode se virar se luta for para o chão, Demian - um lutador que está longe de ser um striker de nível mundial - pode fazer o mesmo no jogo em pé? A luta contra Miller pode dar uma resposta à isso, ele mostrou que não só podia apenas se virar em pé, mas vencer, mantendo-se trocando por grande parte da luta. Foi um impulso de confiança de proporções épicas, logo após a derrota para Marquardt, e uma estratégia corajosa ao mesmo tempo.        

 

"A luta contra Dan Miller para mim foi uma luta fundamental porque eu provei para mim mesmo que poderia ter segurança em pé, e me senti em casa em pé", Demian disse. "Antes eu só estava tentando levar para baixo o mais rápido que pudesse, mas agora sei que posso ser paciente. Teve um ponto naquela luta, no segundo round, que eu realmente coloquei na minha mente pela primeira vez que eu não o levaria para baixo. Eu só vou ficar em pé e ver como ele se sente. Eu sei que é um risco, mas eu assumi esse risco, foi ótimo para mim e foi uma melhoria na minha carreira de atleta. Essa luta foi muito importante para mim e ela veio no momento certo e agora tenho a chance pelo o título na hora certa".           

 

O que era interessante sobre a estratégia dele na luta, é o desenvolvimento de seus ataques em pé. Ele não se concentrou em lançar golpes ou combinações em particular, mas sobre a distância, um fator importante que muitos ignoram.  

        

"Temos um monte de boxeadores amadores (na academia), não profissionais, e eles jogam muito com a distância", Demian explica. "Profissionais caem mais para dentro, os amadores luta à distância. Isso é o que eu aprendi com eles - eu aprendi a controlar a distância para que não seja atingindo quando eu atinjo. Eu transformei isso em como colocar o cara para baixo e não ser atingido. Isso é o que eu preciso fazer. É claro que eu preciso melhorar, mas isso é algo que eu acho que vou usar por toda a minha carreira".           

E algo que ele terá que fazer contra Anderson. Se ele levar a luta para o chão e tiver a chance de finalizar o campeão, ele vai ter que trocar pelo menos um pouco para forçar uma abertura e tirar vantagem dela. Ele sabe disso e está pronto para ele, e ele também está ciente de que, mesmo que a luta vá para o chão, isso não garante a vitória. Em outras palavras, ele está pronto para qualquer coisa que aconteça ao longo dos 25 minutos ou menos para conseguir a vitória.           

 

"A luta vai para o chão em algum momento", ele insiste. "Mas lá eu preciso conseguir as aberturas que evitem que ele me segure e o árbitro nos coloque em pé novamente. Eu preciso chegar ao solo e fazer o meu trabalho. Essa é a chave. Mas é claro que se a luta permanecer em pé, eu vou lutar com ele lá, não há problema".           

 

Demian Maia sabe o que luta de sábado à noite significa para ele, a maneira como ele a observa é fruto de todo trabalho duro que ele fez durante a sua carreira. Assim sendo surpreendido pelo momento certo da luta não é um problema, combatendo o melhor lutador peso por peso do esporte não é uma preocupação, e ter que lidar possivelmente com uma troca de golpes não o faz perder o sono. Isto é o que ele sempre quis, e ele está consciente que é a hora de alcançar um objetivo e começar outro.           

 

"Eu penso sobre isso (ganhar o título) todos os dias", ele disse. "Eu me vejo chegando ao ponto que eu sempre quis, mas isso será só um novo começo".