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O cinturão peso-médio estará em jogo neste sábado (17), quando o atual campeão Dricus Du Plessis busca a primeira defesa de título contra Israel Adesanya na luta principal do UFC 305, que será realizado em Perth, na Austrália. Os dois lutadores vêm alimentando uma rivalidade há mais de ano, quando o sul-africano venceu Robert Whittaker no UFC 290, e agora finalmente irão resolver suas diferenças no Octógono em um dos confrontos mais aguardados de 2024.
Por conta de toda tensão existente, o combate ultrapassa o campo de habilidades e táticas de cada um dos atletas, entrando também o fator psicológico na disputa. Vamos explorar os pontos fortes de cada um e o que podemos esperar desse encontro.
Dricus Du Plessis
Pontos chave: Sete vitórias seguidas (1° lugar entre os pesos-médios ativos), 6,49 golpes significativos por minuto (1° lugar na história do peso-médio), 51,6% de precisão de quedas (3° lugar entre os pesos-médios ativos).
Atual campeão peso-médio do UFC, Dricus Du Plessis teve uma ascensão meteórica na organização, saindo vitorioso nos sete confrontos que fez no Octógono até chegar ao topo da categoria. O sul-africano é um lutador que impõe muita pressão em cima de seus rivais, tendo diferenciais de mais de 30 golpes contra Robert Whittaker, Derek Brunson, Darren Till e Brad Tavares.
Apesar de ser o dono do cinturão e não saber o que é perder desde 2019, Dricus ainda é visto com certa desconfiança em alguns meios do MMA por não ser um striker baseado na técnica - mesmo sendo muito bom na luta em pé - e por diminuir sua intensidade com o passar do tempo nas lutas. Prova disso é que ele entrou como azarão em quatro dos sete embates no Ultimate, e mais uma vez é visto com menor favoritismo no confronto deste sábado, segundo as casas de apostas.
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Mas o que faz com que ele perca essa intensidade? Primeiramente, Dricus é muito agressivo e fica em cima de seus adversários o tempo todo, não dando espaço e tempo para que ele mesmo consiga respirar e fazer um jogo mais paciente. Em segundo lugar, ele solta golpes com muita potência - o que lhe garantiu quatro vitórias por nocaute no UFC, mas que também o desgastam bastante. Por fim, o sul-africano utiliza quedas para variar seu jogo, como foi no caso das seis aplicadas em Sean Strickland na luta em que conquistou o cinturão, o que consome bastante energia.
Mesmo com esse fator, Dricus é subestimado - na minha opinião. O dono do cinturão é um lutador completo e compensa essa deficiência em seu jogo mostrando muita raça e não recuando em nenhum momento. Independente de quantas vezes o adversário o acerte, ele estará o tempo todo em cima, pressionando e diminuindo os espaços. Como tem muita potência nos golpes e também boa variação na estratégia, o atual campeão acha uma forma de vencer - seja pela via rápida ou ao impressionar os juízes por sempre estar tomando a dianteira.
Israel Adesanya
Pontos chave: Oito vitórias em lutas pelo cinturão (2° lugar na história do peso-médio), 1070 golpes significativos (4° lugar na história do peso-médio), 13 knockdowns (1° lugar na história do peso-médio).
Israel Adesanya é um dos lutadores mais condecorados na história do peso-médio. O nigeriano conquistou duas vezes o cinturão da categoria e ele pode tornar-se o primeiro lutador a vencer três vezes o título na história da divisão - caso tenha sucesso contra Dricus Du Plessis neste sábado.
Apesar de termos visto o ex-campeão lutando no Octógono por tantos anos, falar de seu estilo de luta ainda é uma tarefa que exige cuidado, justamente pelo nigeriano ser um craque em uma aréa específica do MMA: a luta em pé. Oriundo do kickboxing, Adesanya acertou mais de 90% de seus golpes na distância, e é justamente aí que "Stylebender" brilha.
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Diferente do adversário deste sábado, Israel é muito técnico e um contragolpeador nato - talvez um dos melhores na história do UFC. Sua excelente movimentação, aliada a uma boa envergadura e um ótimo jogo de esquivas, faz com que ele seja um adversário difícil de ser acertado - e letal quando seus rivais se sentem muito confortáveis e baixam a guarda. Prova disso foi o nocaute em cima do brasileiro Alex "Poatan" Pereira, quando recuperou o cinturão peso-médio no UFC 287.
Adesanya também é imprevisível e varia bem a área onde acerta os golpes, com 48% deles sendo na cabeça, 20,4% no corpo e 31,6% na região das pernas, o que dificulta a estratégia defensiva de seus adversários.
E se estiver ruim na troca de golpes em pé, o adversário pode colocá-lo no chão? Bem...poder, pode! Porém, o ex-campeão tem uma taxa de 77% defesa de quedas - e ele vai precisar bastante disso contra Du Plessis.
Mas há uma vantagem quando se enfrenta Adesanya: não espere que ele use o wrestling como alternativa. Além de ter apenas 14% de precisão nas quedas, o nigeriano conseguiu derrubar apenas um oponente em suas 16 lutas Octógono, e foi na derrota contra Alex "Poatan" Pereira, no 3° round do confronto entre ambos no UFC 281.
O que esperar da luta?
De forma resumida: estilos diferentes, inclusive na trocação. Mas calma, que vamos decifrar e detalhar isso...
Du Plessis buscará fazer o que mesmo que fez com Whittaker e Strickland - ir para frente, impor seu ritmo, jogar golpes potentes na cabeça e tentar levar a luta para o chão se surgir a oportunidade. Por outro lado, Adesanya terá que estar com seus contragolpes em dia e também com um bom jogo de wrestling defensivo para evitar todo o caos que o sul-africano causa em seus confrontos.
Isso não é uma missão fácil para o nigeriano. É muito complicado enfrentar um oponente que consegue variar sua estratégia de forma competente. Além disso, também é importante lembrar que os últimos adversários de Adesanya eram muito mais unilaterais do que Dricus - e o que mais se aproxima do estilo de luta do sul-africano é Robert Whittaker, que conseguiu quatro quedas, mas não tem a mesma potência na trocação.
Além disso, como citado acima, o atual campeão é um mestre em pressionar seus adversários e confia em seu condicionamento. Adesanya teve muitas dificuldades em lidar com esse ritmo intenso contra Strickland, inclusive sofrendo um knockdown, e também estava perdendo a luta contra "Poatan" até achar o golpe certeiro que lhe rendeu o nocaute.
A favor do ex-campeão pesa sua experiência - que não é pouca. São mais de 10 lutas seguidas pelo cinturão e ele conseguiu chegar na decisão em diversas delas, enquanto Dricus fez cinco rounds apenas uma vez. Adesanya também é muito rápido na curta distância e tem a capacidade de frustar os rivais por conta de seu jogo imprevisível e paciente.
É verdade que Dricus nunca sofreu um knockdown no UFC, mas seu adversário é o lider nesse quesito na história dos pesos-médios. Além disso, a última derrota do sul-africano foi justamente por nocaute, o que pode ser um caminho para Adesanya.
Outra questão que merece ser levantada é a parte psicológica de "Stylebender". Ele foi, sem dúvidas, um dos campeões mais ativos de seu tempo, o que cobrou sua resistência nos últimos duelos, seja com vitórias sem grande brilho ou com derrotas. Depois de um hiato de um ano, como estará o foco e o corpo de Adesanya? Além disso, há uma pressão seguida de grande expectativa pelo seu retorno depois desse tempo afastado.
E como será que Dricus irá lidar com as provocações que vem sofrendo fora do Octógono e que, com toda certeza, também irá sofrer durante a semana até o dia da luta? O sul-africano confia muito em si e parece tranquilo, mas até que ponto isso irá se manter, sabendo que estará com toda a torcida contra e lutando na casa do rival?
Essas pequenas perguntas levam a mais importante de todas: quem ficará com o cinturão peso-médio? Bem...saberemos no sábado!
Não perca o UFC 305: Du Plessis x Adesanya, dia 17 de agosto, com exclusividade no UFC Fight Pass. O card preliminar começa às 19h30 e o card principal tem início às 23 horas (horários de Brasília).