
Eventos
Para que Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Al Pacino em “Era uma vez em… Hollywood” se temos um elenco que junta, em cenas sequenciais, nomes como Kamaru Usman, Amanda Nunes, Marlon Moraes e José Aldo (no UFC 245)? E quem liga para Joaquin Phoenix quando se depara com Markus Maluko no melhor estilo palhaço vilão?
Se a indústria cinematográfica pode se gabar de ter a “Academia”, que escolhe todos os anos as pessoas e as produções que se destacaram no universo do cinema, nós aqui também podemos nos orgulhar. Afinal, temos a nossa própria Academia, composta por jornalistas e comentaristas de luta, que este ano se reuniu para escolher os maiores e melhores do UFC em 2019.
Leia também: Os recordes de Jon Jones | A paixão de Charles do Bronx | A futebolização do torcedor de MMA
A Academia – composta por Diego Ribas (sócio da Ag.Fight), Fernanda Prates (repórter do The Athletic), Guilherme Cruz (repórter do MMA Fighting), Marcelo Alonso (apresentador do Canal Combate) e Vitor Miranda (comentarista do UFC Brasil) – elegeu os vencedores em 11 categorias. Alguns ganhadores foram eleitos por unanimidade; em outras categorias, as disputas foram acirradas. Como, aliás, devem ser as boas eleições.
É com prazer que abaixo orgulhosamente apresentamos… os vencedores do Oscar UFC 2020:
O nigeriano, que enfrentou e venceu Robert Whittaker no evento que aconteceu em 5 outubro de 2019, fez uma entrada triunfal com direito a coreografia, da qual participaram membros de sua equipe, ao som de “Hype 2 Hype”, de Big Rulez.
O franco-camaronês Francis Ngannou deu show de estilo no media day de sua luta contra Cain Velasquez, em 17 de fevereiro, usando uma roupa típica africana. Contra Junior Cigano, no UFC Minneapolis, em 29 de junho, para mostrar que seu bom gosto também se estende aos trajes clássicos, adotou um terno – e provou que elegância é seu nome do meio.
Subindo pela segunda vez ao palco de nosso Oscar, o nigeriano venceu em fevereiro o maior peso-médio da história, seu ídolo Anderson Silva. “Dois meses depois, bateu o duríssimo Kelvin Gastelum numa guerra decidida no quinto round – na minha opinião, a melhor luta do ano”, justifica Marcelo Alonso, um dos membros de nossa Academia. “Para completar, nocauteou o campeão Robert Whittaker, que não perdia desde 2014, conquistando o cinturão dos médios.”
Em 15 de novembro, um dia antes de sua luta contra Wellington Turman, o lutador paulista entrou no Ginásio do Ibirapuera para a pesagem pintado de um Coringa que daria inveja ao de Joaquin Phoenix no filme de mesmo nome.
Em 12 meses, Amanda nocauteou Cris Cyborg (ok, foi no UFC 232, em 30 de dezembro de 2018, mas está sendo mencionado para fins de registro), Holly Holm (no UFC 239, em julho) e Germaine de Randamie (no UFC 245, em 15 de dezembro). “Manteve-se como única campeã de duas divisões e salvadora do MMA nacional, que hoje só conta com os cinturões de Amanda Nunes”, avalia Marcelo Alonso.
O que dizer de um treinador que começou 2019 sem nenhum pupilo campeão e terminou o ano com dois cinturões? O head coach da City Kickboxing ajudou Israel Adesanya e Alexander Volkanovski a levarem os títulos dos pesos-médio e leve, respectivamente – e isso diretamente de Auckland, na Nova Zelândia. Leva nosso Oscar de direção.
* Menção honrosa: Eric Albarracin. Apenas porque esteve diretamente ligado aos títulos de Henry Cejudo (mosca e galo) e participação fundamental na vitória de Paulo Borrachinha sobre Yoel Romero – que fez com que o brasileiro conquistasse o direito ao title shot.
Jorge Masvidal levou apenas 5 segundos para nocautear Ben Askren – ou quase metade do tempo que você gastou para ler até aqui este texto. A façanha foi em 6 de julho, no UFC 239, em Las Vegas, com uma joelhada voadora. Além de ter virado o nocaute mais rápido da história do UFC, ainda levou nosso Oscar de melhor curta.
Não é à toa que Michel Pereira levou a alcunha de “Paraense Voador”: ele tira da cartola saltos, mortais e acrobacias mil, além de golpes plásticos.
No ano passado, Jorge Masvidal subiu três três vezes no Octógono. No UFC Londres, em 16 de março, nocauteou Darren Till no segundo round, acabando com a invencibilidade do inglês na casa do próprio. No UFC 239, nocauteou Ben Askren em 5 segundos (e ganhou o Oscar de melhor curta). E no UFC 244, em 2 de novembro, venceu Nate Diaz por interrupção médica. Ganhou status – merecido – de superestrela.
* Menção honrosa: Kamaru Usman x Colby Covington. Colby falou as maiores barbaridades sobre o Brasil e venceu Demian Maia e Rafael Dos Anjos. Mas o falastrão “recebeu seu pior castigo das mãos de um africano casado com uma brasileira”, como lembra Marcelo Alonso. “Depois de quatro rounds parelhos, Usman definiu a luta por nocaute técnico a menos de um minuto do final, inutilizando o principal instrumento de trabalho de Colby, seu maxilar – que saiu fraturado.”
O combate, que aconteceu em abril, não foi superado pelo resto do ano. Foram cinco rounds de muita trocação, que deixaram evidentes a raça e a técnica dos dois atletas. No fim de um combate repleto de golpes, Adesanya saiu o vencedor por decisão unânime. Com a vitória, levou de brinde o cinturão interino dos médios.
Na história do Oscar de Hollywood, aconteceram até hoje apenas seis empates. Pois o Oscar do UFC pode oficialmente registrar seu primeiro. Na categoria de ator ou atriz coadjuvante – ou seja, o atleta que perdeu a luta, mas saiu como vencedor – Thiago Marreta e José Aldo têm de dividir a estatueta. Quando enfrentou Jon Jones no UFC 239, em julho, Marreta entrou como azarão absoluto. No Octógono, no entanto, o favoritismo do americano não foi lá tão evidente: Marreta perdeu por decisão dividida. Já José Aldo, que foi derrotado por Marlon Moraes em sua estreia nos galos no UFC 245, em 15 de dezembro, continua a ser desafiado pelo campeão da categoria, Henry Cejudo, que disse querer protagonizar a luta principal do UFC 250, em São Paulo, contra o homem que mais tempo reinou na divisão dos penas. Ambos perderem as lutas, mas saíram campeões morais.