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Erick da Silva quer provar a força do Amazonas no MMA

 

Erick da Silva está pronto para participar do TUF Brasil 4, mas calma – não estamos falando do capixaba que venceu no último UFC Rio (Erick Silva), mas sim de um amazonense, que tem mais uma semelhança com seu 'quase xará': o apelido de Índio. “A primeira coisa que a galera do norte é chamada no sul é de índio. Foi daí que veio meu apelido”, afirma o lutador.

Natural de Manaus, Erick sempre teve contato com as artes marciais, que o influenciaram a seguir o mesmo caminho de muitos conhecidos. “Manaus sempre foi um celeiro de atletas. A gente tem grandes nomes nas artes marciais e o jiu-jitsu de lá é o mais forte do mundo. Então, desde moleque eu gostava muito de jiu-jitsu. Eu nasci em um bairro onde ferve a parada. Praticamente vizinho do José Aldo”, comentou o atleta, que não chegou a conhecer o campeão dos penas, mas sabia quem era pela fama que Aldo carrega.

O sonho de deixar apenas o jiu-jitsu virar lutador de MMA veio aos 15 anos. Aos 17, surgiu a oportunidade de fazer a primeira luta na carreira, e também a resistência do pai em vê-lo como lutador. “Eu precisava de autorização, então tentei conversar com meu pai. Ele não queria, mas consegui convencê-lo. Ali foi o começo do meu sonho”, disse o amazonense, que recorda do desejo de seu pai. “Ele me chamava de louco, queria que eu estudasse. Ele queria me oferecer o que o pai dele não ofereceu a ele, mas eu parei de estudar com 18 anos. Achava que não conseguiria ser bom em duas coisas, então eu parei e resolvi ser lutador”.

A vontade de se profissionalizar no MMA o levou até Curitiba, junto de Cristiano Marcello, ex-atleta do Ultimate. “Eu lutei um evento de MMA em Manaus e conheci o Cristiano Marcello, que estava montando a CM System e me ofereceu hospedagem e alimentação. Então eu fui conversar com minha mãe, já que meu pai não via isso como profissão na época. Falei que ia passar três meses, só que eu tinha comprado a passagem só de ida. Ainda bem que não falei pra ela. Fiquei três anos no total”, comentou Erick enquanto dava risada ao se lembrar do fato.

A saudade da família, no entanto, era marcante nesse período. “Era bem difícil conversar com minha mãe e com meu pai. Tinha que ter cartão de orelhão, já que eu não tinha notebook, nada disso. Todo dinheiro que eu ganhava em lutas eu pegava e ia pra Manaus. Eu falava pra ela que morava sozinho em um quarto, mas eu ficava com mais 14 pessoas. Isso foi algo que aprendi com meus pais. Como são religiosos, eles sempre me disseram para não falar que estou mal quando me perguntarem algo, senão vão me mostrar coisas más e vou ficar pior. Por isso eu sempre falo que estou bem, para me apresentarem outras coisas boas”.

O pensamento positivo o levou a ter as mais diversas experiências, como quando precisou viajar por quatro dias de barco até um evento no interior do Amazonas. “O cara do evento falou que eram dois dias, e eu achei que seria tranquilo, mas foram quatro dias. E fui de corner ainda, para ajudar um amigo. Mas eu queria mesmo que pintasse uma luta. Eu não reclamava, sabe? Sempre penso de maneira positiva”.

Ver o lado bom das coisas também o ensinou a superar um grande trauma, onde quase perdeu a vida. “Nunca fui um bom nadador, apesar de gostar de tomar banho de rio. O Amazonas é rodeado de rios, e eu pulei em um deles e cai pro lado, onde era mais fundo. Daí eu subia e tentava puxar ar, perna, qualquer coisa. Foi desesperador. Era uma sensação muito ruim. Você não conseguir respirar é a pior coisa do mundo. Você fica pensando que vai morrer. Aprendi muita coisa com isso. A vontade de vencer é maior do que a vontade de respirar. Então eu quero ser campeão mais do que respirar”.

Agora, na casa do TUF Brasil 4, Índio quer colocar toda sua experiência de vida em prática, e só sair de lá como o vencedor do reality. “Estar aqui é a realização de um sonho. Agora eu penso na parte financeira e minha família depende demais de mim. Penso em ser campeão, mas quero ajudar meu pai, porque ele precisa fazer uma cirurgia de hérnia exposta. Só espero tirar um bom proveito dessa situação e ajudar minha família”.