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Brasileiro defende o cinturão peso-leve neste sábado (19) no UFC Orlando
Ao contrário de alguns atuais campeões como Conor McGregor e Daniel Cormier, que após seis ou sete lutas no UFC já haviam se consolidado como grandes estrelas e estavam envolvidos em disputas de cinturão, o brasileiro Rafael dos Anjos precisou percorrer um longo caminho até chegar ao topo da divisão dos leves com a vitória sobre Anthony Pettis no dia 14 de março de 2015.
Antes de atropelar Pettis, vencendo os cinco rounds do duelo, Rafael já havia realizado 17 lutas na organização pela qual compete desde 2008 e, até então, não era unanimidade: eram 12 vitórias e cinco derrotas pelo UFC. Como pôde então um atleta irregular, e tido por muitos como unidimensional (bom apenas no jiu-jitsu), ter evoluído tanto a ponto de dominar, em pé, uma das principais referências em trocação na organização? A resposta começou a ser dada há muitos anos em Belo Horizonte.
Aos 16 anos, quando ainda era um faixa-azul na arte suave, Rafael, natural de Niterói, no Rio, se mudou para Minas Gerais, onde morava seu pai, e começou a treinar com Aldo Caveirinha, que anos mais tarde lhe graduaria à faixa-preta. Mesmo muito jovem e inexperiente, Rafael mostrou com o kimono que tinha talento para a luta, vencendo campeonatos contra adultos muito mais pesados.
O objetivo em sua carreira sempre foi o MMA, e aos 19 anos ele estreou, ainda com pouca experiência na luta em pé. Sabendo que precisava se tornar um atleta mais completo, Rafael passou alguns meses treinando na Alemanha, e depois se mudou para Cingapura, próximo à Tailândia, o berço do muay thai.
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Quando chegou ao UFC, aos 24 anos, Rafael ainda era um atleta cru na trocação, e se deu conta disso da pior maneira possível: foi nocauteado pela primeira vez na carreira, logo em sua estreia, por Jeremy Stephens. Os três primeiros anos na organização foram duros, mas Rafael cavou um espaço na divisão dos pesos-leves, tendo encarado nomes como Clay Guida, George Sotiropoulos e Gleison Tibau, e feito um cartel regular com quatro vitórias e quatro derrotas. Foi aí que o niteroiense tomou uma decisão que mudaria sua carreira para sempre.
Em 2012, Rafael se mudou para os Estados Unidos, onde passou a treinar com Rafael Cordeiro, experiente treinador de muay thai, com alunos consagrados como Maurício Shogun, Wanderlei Silva, Anderson Silva e muitos outros. A parceria deu frutos rapidamente. Com notória evolução na luta em pé, Rafael emplacou, pela primeira vez no UFC, uma sequência de cinco vitórias consecutivas, a última delas justamente sobre Donald Cerrone, um especialista em trocação, contra quem ele realiza sua primeira defesa de cinturão neste sábado (19).
Contra o wrestling do russo Khabib Nurmagomedov, a sequência invicta do brasileiro chegou ao fim, mas a evolução não parou. Após a derrota, dois nocautes consecutivos e uma performance avassaladora contra Nate Diaz lhe deram o direito de desafiar Anthony Pettis - duelo cujo desfecho é bastante conhecido.
Após toda a experiência adquirida em Cingapura, e da parceria certeira com Rafael Cordeiro, já não se sabe se Dos Anjos é um atleta da trocação ou da luta agarrada. Aos 31 anos, o brasileiro vive a melhor fase da carreira, e tem pela frente no UFC Orlando um dos desafios mais perigosos de sua categoria: extremamente técnico no muay thai, Cerrone tem também um enorme arsenal de finalizações, que já fez quinze vítimas ao longo da carreira. Se é verdade o que dizem - que mais difícil do que conquistar um cinturão é mantê-lo -, Rafael tem neste sábado uma enorme chance de comprovar que o título, conquistado a duras penas ao longo de mais de 16 anos de carreira, não está nas mãos erradas.
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