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Eventos

Especialistas analisam: Amanda Nunes x Felicia Spencer

Jornalistas de alguns dos principais veículos da mídia especializada deram suas opiniões sobre a luta principal do UFC 250

A campeã-dupla Amanda Nunes coloca seu cinturão peso-pena em disputa neste sábado (6), no confronto com a canadense Felicia Spencer na luta principal do UFC 250 em Las Vegas.

Veja também: Números colocam Amanda entre os maiores campeões da história | Como assistir ao UFC 250

Esta será a primeira vez que a brasileira, que já defendeu em cinco oportunidades o título peso-galo, colocará a coroa dos 66 Kg em jogo. E o UFC Brasil perguntou a quatro jornalistas da imprensa especializada em MMA: o que você espera do confronto? Confira o que eles disseram:

"Análises pré-luta geralmente seguem uma estrutura básica, que envolve apontar os pontos fracos e fortes de cada lutador e como eles podem ser explorados.

A questão com a Amanda Nunes é que, no momento, é realmente bem difícil encontrar qualquer ponto fraco pra explorar.

Luta de pé, luta no chão, defesa de queda, inteligência de luta — a campeã tem tudo. E por isso é difícil apontar um caminho tradicional de vitória para uma oponente como a Felicia Spencer, que ainda é um rosto pouco conhecido e simplesmente não teve muitas lutas de altíssimo nível para mostrar exatamente o que ela é capaz de fazer.

O que nós pudemos ver da desafiante, contudo, é que ela tem boas finalizações — metade das suas oito vitórias profissionais foram por mata-leão, incluindo a estreia no UFC contra Megan Anderson. E, embora tenha perdido de forma dominante para a Cris Cyborg, Spencer durou os três rounds e mostrou capacidade não só de absorver golpes duros mas como jogar alguns também. Adicione a isso as condições inusitadas trazidas pela pandemia de COVID-19 — desde a arena sem apoio dos fãs ao fato de que os camps tiveram que ser ajustados — e, se a desafiante estiver disposta a fazer uma luta “feia", a melhor aposta provavelmente seria tentar cansar a campeã para, quem sabe, encontrar algum tipo de brecha e pegá-la de surpresa.

Mas, no fim das contas, o favoritismo enorme da campeã dupla tem razão de ser. Considerando o que Nunes tem mostrado na luta de pé, é difícil imaginá-la sendo nocauteada. A “Leoa" também tem origem no jiu-jitsu e, embora sua última oponente tenha brevemente assustado com uma tentativa de finalização, Nunes escapou e venceu, novamente, forma dominante. Eu vejo a desafiante segurando a avalanche inicial e mostrando sua resistência ao sobreviver por alguns rounds, mas acredito que a campeã vá dominar na luta de pé e vencer por nocaute técnico no terceiro round."

"Indo direto ao ponto? Não vejo como a Felicia pode surpreender a Amanda. Simplesmente não consigo enxergar. Logicamente, quando se ostenta um título por tanto tempo, há de se levar em consideração que as adversárias estão sempre à espreita, à procura de brechas que possam levá-las ao sucesso. E com certeza Felicia e seu time estão focados nisso. Mas a brasileira é melhor do que a americana em tudo. É preciso fazer algo muito mirabolante pra destroná-la.

A Leoa é melhor em pé e no chão. Tem mais potência. Mais timing. Precisão. Versatilidae. E, a meu ver, tem nas mãos o poder de determinar qual rumo a luta vai tomar. Precisamente, é o dia da vida de Spencer, aquele momento pelo qual ela espera há anos, então, sempre vale a máxima de não menosprezar o oponente e manter 100% do foco durante toda a peleja. 

Amanda está mais do que pronta para isso. Derrotou as melhores do mundo. Bateu todas as campeãs - de categorias diferentes, aliás - que cruzaram seu caminho. Experiência e tranquilidade para saber o que tem de ser feito contra Felicia e simplesmente, quase que maquinalmente, ir lá e executar. O desafio é se mantar automotivada apesar da escassez de grandes montanhas para escalar."

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"Não por acaso, a Amanda Nunes carrega o maior favoritismo do ano no UFC para seu duelo contra Felicia Spencer. Acontece que, embora amplamente justificável, essa diferença parece um pouco exagerada caso focarmos no casamento de estilos das atletas. Naturalmente mais pesada, a canadense provou diante de Cris ‘Cyborg’ que aguenta pressão e castigo em pé, além de ter força suficiente para trocar clinche junto à grade por diversos assaltos, o que automaticamente mina o poder de ataque dos envolvidos.

Dito isso, acho que Felicia vai aproveitar do octógono de tamanho reduzido para evitar a troca de golpes franca em pé e partir para o clinche, fazendo do combate uma maratona. E quanto mais longo o desgaste físico, pior para atletas explosivos como é o caso da brasileira. Está desenhada então a estratégia (talvez a única opção) que cai como uma luva para a desafiante tentar colocar em prática e assim anular os pontos fortes da campeã.

Para ter êxito na dura missão, Felicia, que também teria que evitar cair por baixo diante da faixa-preta de judô e jiu-jitsu, teria que acelerar o ritmo a partir do terceiro round para cair por cima, onde seu jogo é mais forte. Com bom ground and pound, posicionamento justo e bom arsenal de finalizações, a canadense poderia assim ver a sorte lhe sorrir caso encontre uma cansada Amanda com esse cenário desenhado. Chances existem, embora eu não esteja disposto a apostar meu dinheiro no triunfo da desafiante, claro." 

"Felicia Spencer vem sendo 'construída' pelo UFC como possível desafiante ao cinturão dos penas desde sua chegada à organização em 2019. Sendo muito justo, seu curto reinado no Invicta FC foi impressionantes, mas, na ponta do lápis, ela conta com apenas uma arma para trazer perigo a Amanda Nunes.

Spencer aguentou muita — muita! — porrada da ex-campeã Cris Cyborg um ano atrás e passou como quis pelas outras rivais que encontrou no octógono. A canadense pode, sim, se tornar um a excelente campeã no futuro, mas sua carreira até aqui não mostra o suficiente para não fazer dela a grande zebra diante da 'Leoa'.

Nunes é melhor em pé, mais agressiva e contundente com seus golpes — tanto chutes quanto socos — e tem defesa de queda e jiu-jitsu bons o bastante para se manter longe do chão da canadense e dominar a luta por cinco rounds, ou conseguir um nocaute ou até mesmo finalização antes disso."