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SINGAPORE, SINGAPORE - JUNE 12: Joanna Jedrzejczyk of Poland announces her retirement after her TKO loss to Zhang Weili of China in a flyweight fight during the UFC 275 event at Singapore Indoor Stadium on June 12, 2022 in Singapore. (Photo by Jeff Bottari/Zuffa LLC)
Atletas

Ex-campeã Joanna Jedrzejczyk anuncia sua aposentadoria

Joanna Jedrzejczyk decide pendurar as luvas após luta no UFC 275: Teixeira x Prochazka

Por muitos anos, as pessoas que tiveram dificuldade para pronunciar o sobrenome de Joanna Jedrzejczyk se referiram a ela simplesmente como "Joanna Campeã".

E apesar de ela não ter o cinturão peso-palha há mais de quatro anos, ela ainda é a campeã aos olhos de sua família, amigos, colegas e fãs, um fato que ficou claro no último sábado à noite, quando ela anunciou sua aposentadoria após a derrota para Zhang Weili no UFC 275.

Confira todos os resultados do UFC 275

Quando a celebração da carreira de uma década no MMA profissional da ex-campeã peso-palha começou nas redes sociais, foi um lembrete de que nem todos os campeões vestem cinturões, e de que como um lutador performa na noite da luta - ganhando ou perdendo - e como eles fazem você se sentir, geralmente são mais importantes do que recordes e troféus.

Joanna Jedrzejczyk sem as luvas no Octógono do UFC 275 (Yong Teck Lim/Getty Images)

Isso é algo positivo para a atleta de 34 anos, natural de Olsztyn, Polônia, que nunca lutou pelos recordes. Ela simplesmente amava lutar e queria ser a melhor do mundo fazendo isso - e por muito tempo foi a melhor, tendo sido dona do cinturão por mais de dois anos e o defendido cinco vezes após conquistá-lo com vitória sobre Carla Esparza em 2015. Desde que Joanna perdeu o título para Rose Namajunas em novembro de 2017, ele mudou de mãos quatro vezes e nenhuma campeã o defendeu mais de uma vez. Isso mostra o quão dominante foi o reinado de Jedrzejczyk.

Mas de volta ao argumento original de como Joanna lutou por mais do que dinheiro e títulos. Antes da vitória sobre Karolina Kowalkiewicz em novembro de 2016, no primeiro evento do UFC no Madison Square Garden, ela e a desafiante visitaram o consulado polonês em Nova York. Quando conversamos, Joanna me contou sobre seu início no muay thai.

"Eu estava lutando por menos dois mil dólares", disse. "Por exemplo, eu precisava voar para a Tailândia para o mundial de muay thai para representar meu país

Isso não é força de expressão ou falha de tradução. Joanna realmente pagava para poder viajar e lutar. Sua ascensão ao estrelato no MMA poderia ter sido a faísca para ela mudar quem era, de deixar de ser humilde e se tornar soberba.

Mas ela nunca o fez. Jedrzejczyk sempre teve tempo para os fãs, para a imprensa e para quem quer que pedisse uma entrevista naqueles intensos dias finais de um training camp, quando a última coisa que um atleta quer fazer é falar. Mas ela sempre respondeu os emails, concedeu as entrevistas, e se essas conversas levassem a outro assunto que não a próxima luta, ela estava genuinamente interessada no que você tinha a dizer.

Em outras palavras, ela sempre teve classe. É claro, se você era a encarregada de tentar tirar seu cinturão ou socar seu rosto, a guerra psicológica sempre estava lá. Isso fez com que alguns virassem as costas para Joanna, mas conforme os anos se passavam, não havia mais ânimos exaltados entre ela e algumas de suas maiores rivais. Joanna treinou com Kowalkiewicz na Flórida para suas lutas mais recentes. Houve conversas sobre Joanna e Rose Namajunas treinarem juntas, e apesar de terem protagonizado uma das lutas mais violentas da história do UFC, ela e Zhang Weili não compartilharam nada além de respeito antes e depois da revanche.

Confira o perfil de Joanna Jedrzejczyk

Joanna Jedrzejczyk segura suas luvas ao anunciar sua aposentadoria após a derrota para Zhang Weili no UFC 275 (Jeff Bottari/Zuffa LLC)

"Eu me odeio no Octógono porque sou uma pessoa diferente", ela me disse em 2015 antes de sua vitória sobre Valerie Letourneau no UFC 193. "Quando vejo o vídeo ou fotos da luta, não gosto dessa Joanna. Mas esse é meu trabalho, é assim que fazemos e acho que é uma parte boa, porque não tenho medo. Amo competir e é tudo sobre o esporte. Não quero machucar minhas oponentes. E odeio as provocações, mas quando elas se aproximam demais, preciso virar a chave. É só isso".

Essa chave era o que ela precisava para se tornar uma das campeãs mais dominantes da história do UFC. Os números falam por si só, mas foi a maneira como ela venceu que fez dela uma estrela. Os nocautes punitivos em Esparza e Jessica Penne, a reviravolta na raça para vencer Claudia Gadelha na revanche e o domínio na técnica contra Jéssica Andrade.

Mesmo quando perdeu a revanche para Namajunas e as duas lutas com Zhang, ela o fez batalhando até o fim, e ter uma das melhores lutas da história no primeiro encontro com Zhang também deve ser motivo de orgulho.

Então apesar de isso ser um ponto final, Joanna Jedrzejczyk não deve deixar o esporte como uma competidora ativa de cabeça baixa ou qualquer arrependimento. Ela fez o que se propôs a fazer há tantos anos.

Ser a melhor. Ser lembrada. Ser Joanna Campeã.