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Alistair Overeem é um sujeito que mete medo. Do tipo que se quiser roubar a vaga pela qual a gente estava esperando fazia 45 minutos no estacionamento do shopping lotado em véspera de Natal, diríamos: “Fique à vontade, estava reservando esse lugar justamente para o senhor”. Com 1,93 metro e 120 quilos de puro músculo, o gigante que ocupa a sétima posição no ranking dos pesos-pesados enfrenta neste fim de semana, em São Petersburgo, na Rússia, o lutador local Aleksei Oleinik, um tanto menor (1,88 metro e 108,8 quilos) e ocupante de duas posições abaixo no ranking. Na bolsa de apostas, Overeem é o favorito. Mas o que carregar consigo tanto peso em músculo acarreta na vida de um lutador? Quais os prós e os contras?
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A resposta, segundo Diego Leite de Barros, fisiologista do esporte do HCor (Hospital do Coração), não é muito simples. Para começar, tudo tem a ver com a compleição física da pessoa, seu biótipo – ou seja, as características do corpo geneticamente herdadas. Há três biótipos padrão: ectomorfo (braços e pernas longos, quadril e cintura estreitos, menos massa muscular, formato retangular), mesomorfo (ombros largos, cintura estreita, tórax largo, em formato de triângulo invertido) e endomorfo (naturalmente pesado, ombros, tórax e cintura largos, formato mais quadrado) – Overeem encaixa-se neste último.
“Ele já lutou em categorias inferiores e subiu provavelmente porque se percebeu com muita dificuldade para se manter por lá, já que sua constituição física é grande. Muitas vezes é difícil para pessoas assim não ter massa muscular proporcional”, diz Diego (que, aliás, é um grande fã de MMA). “Elas começam a desenvolver hipertrofia, com treinos de musculação, e têm que subir de categoria.” Diego diz que Overeem tem sobrepeso, que é a relação entre a altura e quantos quilos a pessoa tem. “Quem tem muita gordura, assim como quem tem muito músculo, tem sobrepeso. No caso dele, o sobrepeso é associado à massa muscular, diferentemente de outros pesos-pesados em que o sobrepeso tem relação com a gordura.”
“Ele já lutou em categorias inferiores e subiu provavelmente porque se percebeu com muita dificuldade para se manter por lá, já que sua constituição física é grande. Muitas vezes é difícil para pessoas assim não ter massa muscular proporcional”, diz Diego (que, aliás, é um grande fã de MMA). “Elas começam a desenvolver hipertrofia, com treinos de musculação, e têm que subir de categoria.” Diego diz que Overeem tem sobrepeso, que é a relação entre a altura e quantos quilos a pessoa tem. “Quem tem muita gordura, assim como quem tem muito músculo, tem sobrepeso. No caso dele, o sobrepeso é associado à massa muscular, diferentemente de outros pesos-pesados em que o sobrepeso tem relação com a gordura.”
O MMA é, de acordo com o fisiologista do esporte, uma modalidade com um número de variáveis grande demais para afirmarmos se a estrutura física de Alistair Overeem é favorável ou não – mesmo que estejamos falando de sua categoria, em que o perfil dele é mais comum. “Quem tem excesso de massa muscular tende a ter a mobilidade prejudicada, por exemplo”, diz Diego. O especialista atenta para não confundirmos mobilidade com flexibilidade. “O mito é dizer que quem tem muito músculo não tem flexibilidade. Estão aí os ginastas, como o Arthur Zanetti, para provar que os treinos de hipertrofia, se associados a treinos de flexibilidade, não deixam ninguém travado. Só é travado quem só treina hipertrofia e força, sem dar atenção à flexibilidade.” Característica, aliás, que é uma capacidade física importante para um lutador, porque gera amplitude de movimentos.
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Mobilidade, diz Diego, é outra coisa: tem a ver com a agilidade do atleta. “Com muita massa muscular para movimentar, a agilidade fica comprometida, porque ela está relacionado ao peso que o lutador carrega. Quem é muito forte e pesado como Overeem tende a ser menos ágil. Não quero dizer com isso que determinado atleta é melhor do que outro por ser ágil, porque, especialmente entre os pesos-pesados, a luta pode acabar a qualquer segundo com uma porrada dada por alguém mais lento. Mas ser ágil ajuda – embora haja na própria categoria de Overeem atletas bem menos ágeis do que ele.”
Mas e a força? Quem tem mais massa muscular é capaz de dar golpes mais potentes? Diego diz que não necessariamente. “A força é uma capacidade funcional”, explica. “Para dar um soco, um conjunto de músculos têm de ser movimentado, e entram aí também a técnica, o jeito do gesto esportivo. Há halterofilistas que são gigantes e que não conseguem, por exemplo, fazer um movimento de ioga em que é preciso sustentar o peso do corpo apenas. Por isso a força, a potência são características funcionais.”
Isso porque há dois tipos de hipetrofia: a sarcoplasmática e a miofibrilar. “A primeira é aquela que aumenta o diâmetro do músculo, que tem a ver com o volume de massa”, diz o fisiologista do HCor. “A segunda é um aumento na função do músculo: ele tem mais tônus, mais definição, é uma musculatura mais eficiente. É isso que explica às vezes um lutador gigantesco não ter o que chamamos de punch, ou mesmo vermos dois atletas com o mesmo perfil em que um tem punch e o outro não.” Pelo sim, pelo não, eu continuaria não pagando para ver – e cederia minha vaga no estacionamento sem contestar.