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Com técnica e inteligência, brasileiro superou o americano no primeiro duelo, em 2014
Em luta de pesos-pesados, é muito comum ter um vencedor no primeiro assalto. Entretanto, engana-se quem pensa que o único plano de jogo para a categoria é entrar no octógono e tentar atingir o adversário antes de ser atingido.
Fabricio Werdum provou isso em abril de 2014, quando superou Travis Browne na decisão dos jurados, naquela que foi uma de suas performances mais impressionantes pelo Ultimate até hoje.
Naquele momento, Browne vinha de três triunfos por nocaute consecutivos sobre Gabriel Napão, Alistair Overeem e Josh Barnett, usando chutes e cotoveladas. O norte-americano se aproximava de uma disputa de cinturão e era considerado dono de uma das trocações mais perigosas da categoria.
Qual seria a melhor estratégia para o brasileiro então? Evitar a trocação e buscar o jogo de chão, usando seu jiu-jítsu de faixa-preta para vencer sem correr riscos? Não exatamente.
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Travis tem uma ótima defesa de quedas, e evitou 81% das tentativas de seus adversários no Ultimate. Poucos meses antes de enfrentar Fabricio, ele havia arrasado Josh Barnett com cotoveladas justamente quando o oponente mergulhou de forma imprudente em suas pernas.
Não é porque é faixa-preta no chão, que Fabricio não tem uma boa trocação. Ele é aluno de Rafael Cordeiro, um dos mais renomados professores de muay thai e MMA do mundo, e, até aquela luta, havia sido nocauteado apenas uma vez em 12 anos de carreira - por Junior Cigano em 2008.
O brasileiro foi cirúrgico durante os dois primeiros assaltos, e misturou combinações em pé e entradas no tempo certo para sair na frente no duelo. Nos primeiros 10 minutos de luta, os mais perigosos, quando os atletas estão com energia de sobra para nocautear, o brasileiro aplicou 84 golpes, contra 39 de Browne, e passou 4m34s em posição de domínio no chão, cansando o norte-americano, e minando seu poder de nocaute.
Com vantagem de 20-18 no placar a seu favor, e em frente a um Travis Browne já desgastado, Werdum passou a administrar a vantagem, fazendo uso de suas boas combinações de muay thai, enquanto o norte-americano, mais lento, ia em busca dos golpes contundentes para virar o combate. Nos 15 minutos finais de luta, Travis acertou Fabricio apenas 41 vezes, menos golpes que os desferidos por Werdum só no primeiro assalto.
Com vitória dominante por 5 rounds a 0, usando o estilo que teoricamente seria de vantagem de seu oponente, Fabricio ganhou o direito de disputar o cinturão que acabaria conquistando meses depois.
Neste sábado (10), os dois se reencontram na luta co-principal do UFC 203, e terão a missão de surpreenderem um ao outro em uma revanche que pode ser definitiva para as aspirações de ambos disputarem o cinturão da categoria.
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