Dos quatro brasileiros contratados na 4ª temporada do Dana White’s Contender Series, a peso-palha Gloria de Paula foi a mais recente.
Nascida em Campinas, a lutadora de 25 anos venceu Pauline Macias por decisão unânime e agora é mais uma representante da academia Chute Boxe de São Paulo no Ultimate.

E o início nas artes marciais foi completamente por acaso. Em conversa com a reportagem do UFC, Glorinha – como é chamada – contou que nunca havia praticado esportes até esbarrar no muay thai no fim da adolescência. E o que era para ser apenas uma atividade física logo virou a possibilidade de algo mais sério.
“Eu comecei a treinar com 17 anos, busquei o muay thai para condicionamento físico e me apaixonei pela modalidade”, disse. “Foi muito por acaso. Eu nunca tinha assistido luta nem nada, não era algo que fazia parte do meu dia a dia”.
“Logo que eu comecei, um treinador chegou para a minha mãe e falou 'você assistiu ao UFC no fim de semana?', que foi a estreia da Ronda Rousey contra a Liz Carmouche. 'Já imaginou a sua filha fazendo isso?', e ela respondeu 'não, nada a ver'. Mas quando ele falou isso, ele colocou a sementinha na minha cabeça. Eu falei 'ah, eu posso competir, acho que eu levo jeito', então comecei a treinar mais pensando em competição. Mas até então, só no muay thai”.

A jovem fez então sete lutas amadoras no muay thai, e passou a considerar aquilo como uma forma de se sustentar. Uma treinadora alertou que as chances seriam maiores no MMA, e aconselhou Glorinha a fazer a transição.
E foi Ronda Rousey que mais uma vez inspirou a mudança na carreira da atleta.
“Como eu queria viver da luta, a minha treinadora me falou que era melhor migrar para o MMA. Daí teve um UFC no Rio que foi Ronda Rousey contra a Bethe Correia, e eu fui assistir. Lá foi uma energia incrível, e foi o que me fez decidir mudar para o MMA mesmo. Decidi o que queria para a minha vida, e foi aí que eu fiz a transição para o MMA”.
Glória de PaulaLutar na frente do Dana só me serviu de motivação, só fiquei feliz de mostrar o meu trabalho

Pouco mais de dois anos e seis lutas depois, em fevereiro deste ano veio o convite tão esperado: lutar no Dana White’s Contender Series pela chance de fechar um contrato com o UFC. Mas de acordo com Glorinha, foram meses de espera e obstáculos até conseguir subir no Octógono.
Primeiro, a pandemia de Covid-19 colocou em cheque a realização de qualquer evento esportivo no começo de 2020. Depois, a volta à Ilha da Luta adiou um pouco mais o combate. E então, quando ia lutar na sexta semana do programa, Glorinha testou positivo para o novo coronavírus e foi impedida de competir.
Depois de duas semanas de quarentena no quarto de hotel em Las Vegas, junto da namorada e também lutadora do UFC Mayra Bueno, a brasileira finalmente se apresentou em frente aos matchmakers e Dana White. A vitória veio, e o contrato também.
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“Foi a melhor sensação da minha vida, eu nunca lutei tão feliz. Aproveitei todo o processo e vou te falar que não senti nenhuma pressão. Lutar na frente do Dana só me serviu de motivação, só fiquei feliz de mostrar o meu trabalho”, disse, revelando uma breve conversa com o patrão.
“Ele falou ‘foi um puta lutão, gostei muito’. Eu ainda estava na dúvida se eu seria contratada, mas depois disso eu falei ‘ah, o contrato vem’”.
E para quem ainda não teve a chance de ver Glorinha em ação, ela se apresenta: “Meu estilo é o estilo Chute Boxe. Eu sou agressiva, entro para dominar a luta e mostrar o meu melhor lá dentro. Vou sempre tentar nocautear ou finalizar. E é isso. Todo mundo pode esperar sempre o meu melhor lá dentro, independente do resultado”.