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Hélio Gracie: pai do vale-tudo, avô do MMA

Especial Dia dos Pais: homenagem ao patriarca dos combates reais



Hélio Gracie foi protagonista em uma época em que coragem, bravura e honra eram palavras de ordem e leis (quase) sem precedentes nos primórdios do mundo das lutas no Brasil. Pai do vale-tudo e avô do MMA, nasceu em 1913 e ainda adolescente começou no jiu-jitsu sob tutela do irmão Carlos, que é considerado a 'pedra fundamental' entre os brasileiros na arte suave.
 
Como Carlos se dedicou mais às aulas, Hélio se transformou em um modelo ideal para divulgar o jiu-jitsu dentro dos ringues e arenas. Por isso teve mais destaque na mídia. 

Franzino, aos poucos adaptou a arte suave ao biotipo com ajuda de alavancas e simplificações, desenhando um método de defesa pessoal direto e eficiente. O mais importante foi que colocou tudo à prova em combates sem regras, contra os caras mais cascudos da época. Saiu vitorioso na maioria das vezes.

A intenção de provar a eficiência do jiu-jitsu como a melhor arte marcial era obsessão. Incorporou uma alimentação específica criada por Carlos e baseada na combinação de alimentos para melhorar o rendimento nos treinamentos; Além disso, adotou marketing agressivo, colocando anúncios nos jornais da época com desafios aos praticantes de luta ou qualquer tipo de valentão disponível.

Em 1951, Hélio fez duas disputas - com regras esportivas - contra o judoca Kato, no Brasil. A primeira, no Rio de Janeiro, terminou empatada. Depois, em São Paulo, veio um triunfo inesquecível. Mesmo com 20 quilos a mais, o japonês foi pego em um estrangulamento e desmaiou.

A vitória sonora repercutiu pra valer e fez com que Kimura, o melhor judoca do mundo, viesse quatro anos mais tarde ao país, para encarar Hélio e ‘lavar a honra’ do aluno derrotado.

Desta vez no Rio de Janeiro, o brasileiro - novamente muito mais leve que o oponente - resistiu bastante, mas recebeu uma chave de braço. Hélio se recusou a bater em desistência e o irmão Carlos, que estava no córner, jogou a toalha para interromper o combate pouco antes de o braço quebrar.

Sem categorias de peso ou rounds, as disputas de Hélio no vale-tudo eram brutais e ao melhor estilo fraco x forte. Por isso ganhavam tom dramático e heroico acentuados. A mais famosa aconteceu quando tinha 44 anos,  e enfrentou o ex-aluno Waldemar Santana, de 25.
 
O desafio durou 3 horas e 45 minutos. Não houve nenhum intervalo. Sem o handicap de peso e de idade, Gracie acabou derrotado novamente, mas foi aclamado como ídolo dos ídolos por mais uma aula de senso de bravura.

Como este artigo visa honrar a figura dos pais, Hélio também foi um casca-grossa no assunto. Teve 21 filhos, de sete mães diferentes. Rorion, o primogênito, migrou aos Estados Unidos e fundou o UFC em 1993.
 
A intenção básica era promover em escala mundial o que patriarca da família havia feito tantas vezes no Brasil: provar a eficiência do jiu-jitsu sobre as outras artes marciais. Royce Gracie, outro rebento de Hélio, venceu as edições 1, 2 e 4 do evento - o pai estava presente em todas -  e promoveu a maior transformação no universo das artes marciais da era moderna. O resto é história.
 
Hélio Gracie morreu no Rio de Janeiro, aos 95 anos, em 2009. Purista por natureza, certamente não aprovaria muitas das diretrizes usadas no MMA moderno, remodelado e regulamentado como esporte desde o começo dos anos 2000. Mas provavelmente teria orgulho de que a semente plantada há décadas com suas habilidades rende ainda tantos frutos no mundo das artes marciais.
 
Fica aqui esta pequena homenagem ao grande patriarca dos combates reais.