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Entrevistas

Jared Cannonier: respeito por Anderson não significa medo

Conversamos com o norte-americano que mede forças com o Spider no UFC 237, dia 11 de maio no Rio de Janeiro. Confira o bate-papo.

Se você ainda não está familiarizado com o nome de Jared Cannonier, adversário de Anderson Silva no UFC 237, que acontece em 11 de maio no Rio de Janeiro, aqui vai um breve resumo.

Norte-americano de 35 anos, o “Killa Gorilla” chegou ao Ultimate em 2015 para integrar a divisão dos peso-pesados. Após conquistar uma vitória e uma derrota na categoria, ele desceu para os meio-pesados, fazendo mais cinco lutas: foram duas vitórias e três derrotas, todas contra nomes bem ranqueados como Glover Teixeira, Jan Blachowicz e Dominick Reyes.

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Então, Cannonier decidiu descer mais uma vez, baixando mais nove quilos e passando a integrar a divisão dos médios. Por isso, minha primeira pergunta em conversa por telefone com o lutador foi: como um peso-pesado consegue descer para o peso-médio?

"Dieta, principalmente”, ele respondeu, “Também mudei de equipe, fui de uma pequena escola de jiu-jítsu a uma verdadeira equipe de MMA, a MMA Lab, onde temos um time muito dedicado. Duas vezes por dia, todos os dias, eles já têm um planejamento pronto, tudo o que eu preciso fazer é aparecer e fazer meu trabalho da melhor forma possível. Isso, somado à minha experiência na luta e como meu corpo reage contribuíram para a descida de peso".

LAS VEGAS, NV - JULY 07:  Jared Cannonier celebrates after his knockout victory over Nick Roehrick in their light heavyweight bout during The Ultimate Fighter Finale at T-Mobile Arena on July 7, 2017 in Las Vegas, Nevada.  (Photo by Brandon Magnus/Zuffa L

LAS VEGAS, NV - JULY 07: Jared Cannonier celebrates after his knockout victory over Nick Roehrick in their light heavyweight bout during The Ultimate Fighter Finale at T-Mobile Arena on July 7, 2017 in Las Vegas, Nevada. (Photo by Brandon Magnus/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images)


Seja como for, o fato é que a mudança parece ter sido a decisão correta para Jared, que, em sua primeira luta nos 84kgs, nocauteou o Top 15 David Branch, conquistando ainda um bônus de Performance da Noite no UFC 230, em novembro.

Como foi, então a experiência de enfrentar “o adversário mais leve” de sua carreira?

"Definitivamente há uma grande diferença”, disse, “Os caras não são tão grandes, é uma diferença de mais de 10 quilos, o que é muita coisa. Tendo dito isso, eu me sinto o mesmo em todas as minhas lutas. O que muda é que eu tenho mais vantagens, e os caras não têm mais a vantagem de peso e altura. Mas acho mais perigoso, porque os caras são mais completos. São mais precisos, mais móveis. Eu nunca fui um peso-pesado natural, nem um meio-pesado natural, acho que esse é o meu peso natural. Sinto que chegando a essa categoria, tenho mais vantagens".

Nesse contexto, Cannonier recebeu o convite para enfrentar ninguém menos que o ex-campeão e um dos maiores nomes da história do esporte, Anderson Silva, em pleno Rio de Janeiro, no UFC 237.


E apesar de esta ser uma missão um tanto quanto intimidadora, o norte-americano prefere olhar apenas para os aspectos positivos do desafio.

"Achei que foi perfeito (o casamento da luta). Esse é um nome gigante, especialmente no Brasil, mas um nome gigante no mundo das artes marciais mistas como um todo. Lutar com um cara desse calibre pode apenas elevar a mim e à minha carreira. Caso eu vença, fará ainda mais, dez vezes mais. Quando me ligaram e me ofereceram Anderson, eu concordei na hora. Eu fiquei feliz, e estou honrado por dividir o Octógono com um cara como Anderson. Ele fez muito pelo esporte, foi um grande campeão, um grande pioneiro. Não vai haver rivalidade, nem nada. Ele leva o esporte a sério, assim como eu, então estou ansioso para apertar sua mão e lutar".

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"Com certeza é a maior luta da minha carreira, mas não penso muito nisso, no fim das contas é só mais luta”, continuou, “Se eu colocasse mais peso nessa luta do que em qualquer outra, significaria que eu não estava levando minhas outras lutas a sério, o que não é verdade. Essencialmente, a próxima luta é sempre a mais importante da minha carreira. Só estou tentando continuar a vencer".

E para continuar a vencer, além de encarar Anderson Silva dentro do Octógono, Jared terá que enfrentar uma Jeunesse Arena lotada apoiando um dos maiores ídolos do esporte local. Novamente, ele compreende a pressão, mas trata com naturalidade.

"O público certamente apoiará o Anderson, mas espero que respeitem o que estou tentando fazer, podem esperar uma luta empolgante”, disse, “Nós conhecemos os famosos gritos da torcida brasileira, mas não vou deixar isso me afetar. Aliás, vou tirar energia disso e usar ao meu favor. Aconteça o que acontecer, estou pronto".

Toda a demonstração de respeito por Anderson, pela torcida, e a empolgação para o duelo, no entanto, tem um limite. Cannonier tem uma estratégia definida, e sabe exatamente o que esperar do brasileiro, e o que precisa fazer para ter o braço erguido no dia 11 de maio.

"Não posso ser agressivo demais com ele, apesar de precisar ditar o ritmo e pressioná-lo, preciso levar a luta à ele”, disse, “Anderson é muito bom em se movimentar, esquivar, ele é muito comprido, tem uma grande envergadura. E ele é um bom contragolpeador. Sem contar que se ele colocar você de costas na grade, ele tem alguns ataques brutais. Tendo dito isso, só quero garantir que eu não deixe nenhuma brecha para ele explorar e quero tocar nele. Se eu encostar nele, sei que vou machucá-lo. Se eu machucá-lo, darei um passo rumo à vitória. Quero ser muito inteligente na minha abordagem dessa luta, quero fazer as coisas no meu tempo. Para ser sincero, quero fazer o Anderson parecer que não está no meu nível".

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