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Leitura de luta: Barão e o beabá da 'Paraibagem'

Saiba mais sobre as virtudes técnicas do campeão dos galos do UFC



Renan Barão tentará retomar o posto de campeão dos galos no UFC 177, contra o norte-americano TJ Dillashaw, dia 30 (sábado), em Sacramento, Estados Unidos.

Lutador de marcas registradas bem definidas, o potiguar tem jogo de características regulares. Bons jabs, bons overhands, bons low kicks, bons chutes giratórios, bom padrão de chão. Detalhes minimalistas que diminuem margens de erro, mas como todos os outros também são passíveis de falhas. Barão sempre brinca com as características soltas do próprio estilo, que o categoriza como 'Paraibagem'.

Setor por setor, analisado.

Movimentação e guarda
As dimensões grandes do octógono criam e recriam possibilidades de entradas e saídas dos raios de ação de ataque e defesa. A linha interpretativa entre 'escapar' e 'fugir' dos momentos mais francos de pancadaria é sempre bastante discutível.

Barão traz um set up de movimentação linear. Como nas últimas atuações tem se mostrado confortável nos contragolpes, mesmo que isso configure algo arriscado, por exemplo, contra wrestlers que alternam tentativas de quedas com socos - ou strikers mais experientes que esperam recuos para colocar golpes potentes -, em muitos momentos não se importa em recuar dois ou mais passos para se desvencilhar do ímpeto dos oponentes.

Foi exatamente aí que TJ Dillashaw aproveitou a brecha para aplicar o overhand que ocasionou o knockdown fatídico ainda no primeiro round da disputa entre ambos, na edição 173.

Da mesma forma que boa parte dos atletas da Nova União, Barão tem um 'cacoete', no qual estica o braço esquerdo (para atrapalhar o avanço do adversário) e protege a lateral direita da cabeça com a mão direita (bloqueio de qualquer ataque mais forte), saindo do raio de ação lateralmente, o que garante proteção extra.

Socos
Barão é um dos grandes jabeadores da divisão, e usa o fundamento do boxe da maneira clássica: para condicionar reações e explorar contragolpes.

Os overhands de direita são os socos de potência mais intensos, mesmo que muitas vezes disparados à esmo. O que também chama atenção neste sentido é que consegue muitas vezes golpear em pleno recuo, um recurso técnico complexo e pouco usado por strikers experientes.

As contrapartidas vêm nos momentos que exigem volume maior nas trocas de ataques. Uma das principais falhas do campeão é não movimentar constantemente o tronco durante as trocas mais extensas. A cabeça imóvel e a postura ereta demais o torna um alvo mais previsível.

Chutes
Por contar e confiar em defesas de queda confiáveis, Barão é um chutador inventivo e fluido. Distribui low kicks, chutes altos, giratórios e joelhadas voadoras de acordo com cada ocasião ou distância alcançada.

Mesmo com algumas sequências de mãos e pés bem treinadas, o potiguar prefere mandar pernadas isoladas e muitas vezes sem qualquer set up ou fintas com as mãos, como recurso para enganar ou 'cegar' momentaneamente o adversário e abrir espaços na guarda.

OUtra marca registrada que tem sido frequente é a de, quando acuado, soltar um chute giratório 180º no plexo ou rosto dos oponentes. O costume já garantiu um plástico nocaute, contra Eddie Wineland, no UFC 165.

Clinches, quedas e chão
Como dito, é comum na cartilha dos levinhos da Nova União os lutadores serem exímios na parte defensiva de quedas e não as desenvolver com mais frequência como base ofensiva. Barão não foge à regra.

'Ensaboado' nos clinches, a maior carência nos momentos de curta distância estão nas transições.O combate mais recente no qual o campeão arriscou alguns botes para tentar levar ao solo foi contra Michael McDonald, no UFC On Fuel 7. Mas telegrafou demais as investidas e foi bloqueado na maioria das vezes. 

No solo, por cima, Barão pesa bem o quadril para segurar a meia-guarda e trabalhar ataques. O potiguar também tem bom feeling para visualizar brechas e grudar como uma ventosa para trabalhar finalizações. Nas atuações pelo UFC, a única vez em que o grappling teve de ser usado realmente como tática principal veio no mesmo desafio contra McDonald, quando Barão venceu por finalização no quarto assalto, com um katagatame (estrangulamento que pressiona braço e pescoço simultaneamente).