Pular para o conteúdo principal
/themes/custom/ufc/assets/img/default-hero.jpg

Leitura de luta: Hunt + upper = nocaute

Como Mark Hunt se tornou o primeiro a nocautear Roy Nelson no octógono

 
Atração principal do Fight Night Japão, Roy Nelson x Mark Hunt não foi um primor de técnicas apuradas. Mas a reciprocidade no quesito ‘mãos pesadas’, e o sensor de nocaute ligado no talo em cada ação proporcionaram bons atrativos.

O neozelandês aproveitou melhor as deixas e venceu por nocaute, após encaixar um uppercut no segundo assalto. Foi a segunda vez que Nelson perdeu pela via rápida na carreira (a primeira foi para Andrei Arlovski, quando ainda lutavam por outra organização).

Bombas e mais bombas
Hunt e Nelson são típicos golpeadores de carga. Traduzindo: quase nada de jabs e golpes dinâmicos. Preferem encurtar e soltar pedradas. Nesse sentido, o norte-americano não esconde de ninguém que o overhand de direita é o principal recurso, e fatalmente o repetirá sem a menor vergonha durante todo o combate.

A receita é sempre a mesma:

1 - Chegar a uma distância confortável, angular para a esquerda e espera que o adversário esboce uma saída para o lado oposto. Ou seja, de encontro ao golpe de direita que virá.

2 - Manda o overhand, que junta a força do golpe com a saída (de encontro) do adversário. Colisão pura.

Hunt fez bom trabalho defensivo nesse sentido. Mesmo de forma arriscada – com a guarda baixa e o queixo exposto – antecipou e se esquivou das três tentativas que o norte-americano fez na primeira etapa.

Debaixo para cima
Nas adaptações do striking para o MMA, golpes como uppercuts e joelhadas ganham importância dobrada pela eficácia em atingir os adversários de encontro, sobretudo por serem simples se utilizados com timing certo nos momentos em que os adversários abaixam a cabeça ou se projetam para frente para agarrar as pernas ou a cintura, entrando com tudo no raio de ação da média para a curta distância.

Nos primeiros cinco minutos, ficou claro que Hunt havia afiado o upper como o principal antídoto caso Nelson tentasse evitar as trocas mais francas de golpes ou buscasse desenhar clinches para levar ao solo.

Foi o que aconteceu algumas vezes. O neozelandês se desvencilhou bem das tentativas do norte-americano, mas não achou o timing correto para mandar o socão debaixo para cima em contragolpe.

Acuado
Quem acompanha Nelson há algum tempo sabe que o gordinho tem a capacidade de aceitar castigo pesado de qualquer jeito, mesmo acuado contra as grades do octógono.

Os casos mais clássicos foram os combates contra Júnior Cigano e Fabricio Werdum. Em ambos, absorveu um calhamaço de pancadas e vendeu caro as derrotas.

No segundo assalto contra Hunt, o norte-americano voltou ofegante e visivelmente cansado. Parou de circular e cortar o octógono e começou a ser encurralado nas grades. Parecia que a receita de 'foi-se a técnica, resta o instinto' seria repetida.

Mas umas das características mais marcantes do neozelandês sempre foi apostar na pressão constante para encurralar adversários, esperar alguma reação nesta situação para disparar golpes (reveja o combate contra Stefan Struve, por exemplo). Assim, aproveitou uma brecha na guarda em um momento de recuo para executar o uppercut fatal, que mandou Nelson de cara na lona e liquidou a fatura. Simples e eficiente.