Entrevistas
Luana Pinheiro: “Quando vi Ronda Rousey, vi que era o que eu queria”
Conheça a faixa-preta de judô brasileira, contratada pelo Ultimate após vencer na 4ª temporada do Dana White’s Contender Series
Quatro atletas brasileiros foram contratados por Dana White na 4ª temporada do Contender Series, que chegou ao fim no último mês de novembro.
Entre eles está a paraibana Luana Pinheiro, peso-palha de 27 anos, que conquistou seu lugar na organização com triunfo por nocaute no 1º round sobre Stephanie Frausto no 9º episódio do programa.
Apesar de uma trajetória relativamente curta no MMA, com pouco mais de quatro anos lutando profissionalmente, Luana já tem vasta experiência no mundo das lutas, como contou em conversa com a reportagem do UFC Brasil.
"Eu comecei no judô com meu pai aos dois anos de idade, como todos meus irmãos. Tenho cinco irmãos e todos são faixa-preta”, explicou, “O judô era como se fosse a primeira disciplina da nossa vida. Antes mesmo de entrar na escola, a gente já ia para o judô, então é uma coisa que vem de família”.
“Na escola, meus amigos já comiam coxinha, salgadinho, e eu fazia dieta para lutar”, continuou, “No judô você tem muita competição, então você luta praticamente toda semana. Na minha infância, nem sei se tive dias em que quis brincar na rua, porque meu dia era muito corrido - além do judô, eu fazia ginástica olímpica, natação, handebol, futsal. Teve uma época que eu fui surfar também. Minha infância e adolescência sempre foram muito ativas em relação a esportes”.
Em 2015, a lutadora participou das seletivas para a seleção que representaria o judô brasileiro nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, mas acabou não conseguindo a vaga.
Desanimada por perder aquela que considerava sua última chance de participar dos Jogos Olímpicos, ela achou inspiração em uma outra judoca que, na época, estava escrevendo seu nome em uma modalidade diferente.
“Sempre fui movida a desafios. Se meus irmãos falassem 'duvido' para mim, eu me jogava até de um prédio. Foi aí que comecei a assistir a Ronda Rousey, porque ela era do judô e toda a galera comentava”, contou, “Eu nunca tinha tido o interesse em assistir MMA, porque minha vida inteira foi sempre focada no judô. Até meus amigos de treino me zoam, porque tem pessoas famosas do MMA que eu não conheço”.
“Com a Ronda, fui ver o que era MMA, o que eu poderia fazer no MMA com minha experiência do judô”, continuou, “Eu e meus amigos começamos a nos reunir em barzinhos e restaurantes para assistir às lutas dela, e eu via como todo mundo ficava empolgado; o restaurante inteiro, o bar inteiro parava para assistir a luta. Eu via a Ronda entrando, a galera vibrando, aquela loucura, e pensava: 'É isso que eu quero, quero curtir isso também. Quero ir lutar e estar todo mundo olhando para mim, torcendo para mim'”.
Luana então seguiu os passos da então campeã peso-galo e trocou o tatame pelos cages e o quimono por luvas de quatro onças. Em três anos, fez oito lutas e venceu sete - cinco por finalização e uma por nocaute - e conquistou a oportunidade de competir no Contender Series, valendo um contrato com a maior organização de artes marciais mistas do mundo.
No último dia 10 de novembro, a brasileira encarou Stephanie Frausto e antes mesmo de tentar aplicar sua primeira queda, aplicou um knockdown e venceu a norte-americana por nocaute técnico no 1º round, arrancando aplausos de Dana White, que assistiu a performance à beira do Octógono.
“Na hora em que o árbitro me empurrou, quando eu nocauteei, olhei para o Dana White e ele fez um 'legal' para mim, e eu sabia que o contrato já estava na mão”, disse, “Eu tinha prometido para mim mesma que, se ganhasse, não iria sair gritando que nem uma maluca, porque estava todo mundo calado, era um silêncio. Só que na hora, eu mesma me surpreendi, porque não esperava que seria da maneira que foi, no 1º round”.
“Até porque ela é uma atleta bastante experiente, campeã mundial de muay thai. Eu nem sabia disso. O Matheus (Nicolau, treinador e namorado) me falou no final da luta: ‘Você nocauteou uma campeã mundial de muay thai!’, e eu respondi, ‘E você nem me avisou disso?!’. E ela é faixa-preta de jiu-jítsu, então eu esperava uma luta bem dura, por isso o que fiz me surpreendeu muito e não contive minhas emoções”.
De olho em uma estreia oficial no Octógono “em fevereiro ou março”, a brasileira encerrou o bate-papo fazendo uma breve apresentação àqueles que ainda não tiveram a oportunidade de vê-la em ação: "A Luana é aquela menina que vai para a luta, que deixa todo o coração lá dentro e nunca vou sair do Octógono sem dar 100% de mim".
