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Lutador paulista aposta no 'tudo ou nada' para a dsputa de sábado, em São Paulo
Quem acompanha MMA há algum tempo sabe que Fabio Maldonado é um dos caras mais carismáticos do esporte.
Meio-pesado de atuações recheadas de superação, o lutador paulista aceitou subir para os pesados, substituir o lesionado Junior 'Cigano' dos Santos e enfrentar o norte-americano de origem croata Stipe Miocic, na atração principal do TUF Brasil Final, sábado, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Com tempo limitado para se preparar, Maldonado mais uma vez garante raça, sangue, suor e coração ao melhor estilo Rocky Balboa, ídolo de infância. Confira o papo do lutador com o site do UFC.
Você aceitou uma luta de cinco assaltos com apenas três semanas de preparo e fora da categoria que atuava. Coragem ou maluquice?
Os dois. Demorei dois segundos pra aceitar esse combate, vivo pra lutar e a derrota sempre é uma vergonha. Miocic é o sétimo do ranking peso pesado. Ou eu venço ou saio de maca do Ibirapuera. Se ganhar, acredito que fico entre os dez primeiros nos pesos pesados, aí depois vejo o que faço com a categoria de baixo.
Com esse tempo abreviado de treinos, resolver nos primeiros assaltos seria o ideal, mas isso pode não ser um bom negócio contra um pesado tão grande quanto o Miocic. Como será então?
É ele quem tem dois assaltos pra me vencer. Só aceitei este combate porque serão cinco rounds. O preparo foi bem ao estilo Rocky Balboa, focado na resistência e no sufoco. Não tinha o que fazer. Fiz 12 sessões de treinos, e a diferença do gás da primeira para o sexta já era absurda. O resto vou confiar no meu lastro de preparo.
As três últimas vitórias nas três últimas atuações são o fator motivacional ideal para esse desafio?
Pode ser levado em conta até certo ponto. Mas com o que demonstrei nas performances das minhas três últimas lutas eu não consigo vencer o Miocic. Preciso fazer mais do que isso.
Miocic tem muitas características de boxeador olímpico e você vai mais no estilo profissional. Como vê esse encontro de estilos?
Ele é grande e resistente. Vejo o boxe dele muito técnico e pode me surpreender, mas o wrestling é o diferencial. Já bati e apanhei de caras muito melhores que o Miocic. Sei como lidar com caras como ele.
Por não ter mais relevância de ranking como teria contra o Júnior Cigano, acha que o Miocic pode jogar de forma mais segura e travar mais o combate?
Não sei, luta não dá pra prever. É main event, e o MIocic vai querer mostrar uma boa performance. Acredito que tenho jiu-jitsu melhor que o dele. Só que um cara forte e seco como ele sempre pode surpreender com algum soco e chute. Ele é um grande lutador.
Você parece ter encontrado um estilo mais sólido depois da luta contra Glover. O que aprendeu com aquela derrota?
Muita coisa. A principal foi não começar a luta desligado. Recebi um soco forte demais e levei nockdown logo nos primeiros instantes. Fazia muitos anos que não sentia um soco. O último que me deixou 'grogue' foi em 2005, em um sparring de boxe. O que trouxe de negativo daquele 'pau' que levei foi que fiquei com dor de cabeça muito tempo. Então percebi que era hora de me cuidar um pouco mais nos treinos e deixar pra apanhar na hora da luta mesmo. Tem o lado bom também, que é o de você provar que consegue lidar com situações ruins dentro do octógono. Mas preciso me preservar mais, quero chegar aos 40 anos (Maldonado tem 34) inteiro.
E vai ter homenagem para o filho recém-nascido?
Com certeza. Chegou aí o Daniel Maldonado. Penso em uma homenagem no estilo 'Bebeto e Romário' (comemoração com movimentos de ninar feita pela dupla na Copa de 1994). Mas tenho de vencer primeiro, não é (risos)? Senão não tem graça.