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Treinadores e parceiros de equipe avaliam ascensão do peso-galo no UFC
“Acho que o Marlon Moraes, nos próximos anos, vai se tornar um cara como o Anderson Silva, como o Vitor Belfort foi para o Brasil, um expoente no MMA, por todo o trabalho que ele tem feito".
Esta é a expectativa do treinador de jiu-jítsu do peso-galo brasileiro, Ricardo Almeida, sobre o lutador de 30 anos, que tem feito barulho em uma das divisões mais repletas de talentos do Ultimate desde sua chegada à organização, em 2017.
E a opinião de Ricardo é compartilhada entre todos os que acompanham o trabalho do carioca diariamente na RA BJJ/ Iron Army em Nova Jersey, nos Estados Unidos, às quais Marlon representa desde 2012, quando foi levado por um outro atleta brasileiro de destaque no Ultimate.
Edson Barboza e Marlon Moraes são amigos de infância e deram seus primeiros passos no muay thai juntos há cerca de 20 anos. Quando Edson foi convocado pelos treinadores Ricardo e Mark Henry para auxiliar na preparação de Frankie Edgar para a revanche contra Benson Henderson pelo cinturão peso-leve do UFC, ele levou consigo o parceiro de treinos, e seu sucesso foi instantâneo.
"O legal do Marlon é que eu só o apresentei, nunca precisei fazer nenhuma propaganda dele, porque eu sabia que quando ele estivesse em um lugar, ele iria falar por si mesmo”, contou Edson, “Quando vim para os Estados Unidos, foi isso que aconteceu. O moleque tem um brilho próprio".
“Eu fiquei chocado”, disse o treinador de boxe, Mark Henry, “Ele fez um sparring com Frankie (Edgar) e uns dois dias depois, eu o levei para Filadélfia, que é um lugar ótimo para fazer sparring de boxe, para ver como ele se sairia. Eu o coloquei contra alguns boxeadores profissionais e ele foi incrível”.
Na época, Marlon tinha um cartel profissional no MMA de 7 vitórias, 4 derrotas e um empate, algo que intrigou seus instrutores, que viam nele potencial para fazer muito mais.
“O Marlon estava vindo de uma derrota e pensando até em parar de lutar”, contou Ricardo, “Eu e o Mark ficamos muito impressionados com ele, falávamos 'Esse menino é um talento incrível, por que ninguém está em cima dele, por que ninguém está acreditando nele?'”.
“Um dos últimos times dele havia dito que talvez o que ele devia fazer da vida era apenas segurar manoplas”, acrescentou Henry, “Pensei, ‘Alguém está fazendo algo errado com ele’. Ele definitivamente tinha potencial para ser campeão. Ele foi o primeiro cara que eu vi e pensei que já deveria estar no UFC. Geralmente eu penso que as pessoas precisam de mais tempo, mas ele já estava pronto desde o primeiro dia".
Mas a chegada ao Ultimate ainda demoraria cerca de cinco anos, período no qual o brasileiro competiu no World Series of Fighting, onde venceu todas suas 11 lutas (sete delas por nocaute ou finalização), conquistou o cinturão peso-galo e defendeu o título em cinco ocasiões.
Nesta campanha, Marlon estreitou seus laços com o ex-campeão peso-leve e ex-desafiante ao cinturão dos penas do UFC, Frankie Edgar, a quem atribui boa parcela de méritos em seu desenvolvimento.
“Se eu tivesse que eleger um principal parceiro de treinos, seria o Marlon”, disse Edgar, “Treino com ele todo dia então conheço suas habilidades. Ele é um lutador completo. Todos o vêem como um striker pelos dois últimos nocautes, mas ele é um artista marcial misto. Ele é um grande wrestler, ótimo no jiu-jítsu, ele é bom em tudo".
“Agora ele anda o tempo todo com Frankie, fazem todos os treinos juntos e são muito próximos”, acrescentou Mark Henry, “Aprender com alguém que tem hábitos como os do Frankie, saber o quanto treinar, como treinar, isso faz diferença”.
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Uma publicação compartilhada por arlon oraes (@mmarlonmoraes) em 27 de Jul, 2018 às 4:19 PDT
Logo em sua primeira aparição no Octógono, no entanto, o friburguense viu sua longa sequência invicta ser interrompida em um equilibrado duelo contra Raphael Assunção, vencido pelo pernambucano por decisão dividida no UFC 212, em junho de 2017.
O que se viu a seguir foi um ressurgimento avassalador e três triunfos consecutivos sobre competição de primeira linha na categoria até 61kg: vitória por decisão contra John Dodson e nocautes fulminantes sobre Aljamain Sterling e Jimmie Rivera, que colocaram Marlon como um dos favoritos na corrida pelo title-shot da divisão.
"Sabíamos desde o início que ele era um dos melhores do mundo, ele só precisava chegar ao UFC para provar isso”, comentou outro parceiro de equipe do brasileiro, o atual sexto colocado no ranking dos meio-pesados do Ultimate, Corey Anderson, “Agora que chegou, está fazendo exatamente isso".
O consenso, então, é de que Marlon poderá se tornar a próxima grande estrela brasileira do MMA?
"Acho que ele já é”, disse Frankie Edgar, “Eu já vejo há muito tempo o que o resto do mundo está prestes a descobrir”.
"O Marlon não é mais uma esperança, é uma realidade. Ele é um dos maiores nomes do MMA brasileiro hoje em dia”, completou Edson Barboza, “O apelido dele fala por si, ele é um mágico, e sempre foi assim”.